segunda-feira, 11 de abril de 2016

CINE-NOSTALGIA (44)


«O SALÁRIO DO MEDO» («Le Salaire de la Peur») é uma coprodução franco-italiana com realização de Henri-Georges Clouzot. Estreado em 1953, contou com o trabalho e o talento de uma equipa de actores, de entre os quais se devem destacar Yves Montand, Charles Vanel, Vera Clouzot, Folco Lulli, Peter Van Eyck, William Tubbs e Mario Moreno. Filmado a preto e branco e com uma duração de 156 minutos, esta película (distribuída pela Cinedis) centra a sua acção num não-identificado país da América central, onde vegeta (literalmente) um grupo de aventureiros oriundos da Europa. Aventureiros que, na incapacidade de ali fazer fortuna, desejam agora que um golpe da sorte lhes permita arranjar dinheiro para adquirir um bilhete de regresso aos respectivos países. Essa ocasião vai apresentar-se a quatro desses párias sob a forma de um desafio letal : que consiste em conduzir -através de uma estrada perigosa- dois camiões carregados de nitroglicerina, destinados às equipas que tentam extinguir o incêndio que se declarou num poço de petróleo. Só um deles consegue, porém, vencer a aposta feita contra as ratoeiras do percurso, contra a fatalidade. Mas, de regresso, ao ponto de partida, já com o salário do medo e da liberdade no bolso, Mário, o sobrevivente, é, por sua vez, vítima daquela estrada da morte, caindo numa profunda e mortífera ravina... Esta obra de Clouzot (inspirada num conhecido e apreciado romance de Georges Arnaud e galardoada em Cannes), é, para além de um palpitante filme de aventuras, uma pintura acerba da condição humana. De assinalar é também a esplêndida fotografia desta fita, que se deve a um competente técnico de imagem chamado Armand Thirard. Revi recentemente este filme (graças a uma cópia DVD) e posso afirmar -sem receio de ser desmentido- que «O SALÁRIO DO MEDO» não envelheceu, continuando a ser um fantástico momento de cinema; onde os momentos de 'suspense' e as reviravoltas dramáticas continuam a provocar-nos arrepios.

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