segunda-feira, 18 de abril de 2016

AVIÕES E VIAGENS AÉREAS

Desde menino que fico extasiado diante de um avião. Seja ele de turismo, comercial ou militar. Talvez que esse fascínio inspirado pelas máquinas voadoras tenha a ver com as visitas dominicais que -na companhia dos meus pais e de meu irmão- eu fazia (como tantas outras crianças de Lisboa e dos arrabaldes da capital) ao Aeroporto da Portela; para ver as movimentações dos 'Dakotas', dos 'Viscounts' ou dos 'Constellations', que dali descolavam para longínquos destinos ou aterravam provenientes de países inacessíveis à classe social à qual eu pertencia. E ainda pertenço. Só que depois, já na era dos jactos (que substituíram vantajosamente os aviões com motores a pistão), as viagens aéreas democratizaram-se e as pessoas de fracos recursos começaram, também elas, a frequentar os aeroportos e a demandar destinos que, na minha meninice, eram tão distantes quanto exóticos e que só cabiam na imaginação da generalidade das pessoas. Hoje, por uns míseros 40/50 euros, temos praticamente todas as capitais da Europa ao nosso alcance e isso muito graças ao aparecimento das companhias aéreas 'low cost'; que preferem relaxar os preços a andarem de um lado para o outro com aviões vazios. É verdade que, para ganhar isso, foi necessário renunciar aos luxuosos serviços de bordo que, em tempos que já lá vão, compreendiam, por exemplo, refeições gastronómicas regadas com vinhos de mesa afamados e até com champanhe. Mas a verdade é que a maioria das pessoas ficou a ganhar com a mudança. Eu comecei a voar muito tarde, já com quase 30 anos feitos. Mas, nos 40 anos seguintes já tive a oportunidade de voar mais de 120 vezes e, algumas delas, para destinos longínquos, que implicaram uma permanência de 14 horas fechado na fuselagem de um Boeing 747, de um Airbus A-340 ou de um qualquer outro avião de grande porte. O que é pouco, se comparado ao 'palmarès' dos privilegiados do nosso tempo, entre os quais figuram os homens de negócios e os nossos deputados europeus. Que 'apanham' o avião como quem, em Lisbos, se enfia no eléctrico que segue para o Arco do Cego. A propósito, estou a lembrar-me da minha primeira viagem aérea, que ocorreu nos idos dos 70 (do século passado, obviamente) e que me levou do velho aeroporto de Le Bourget (Paris) a Oslo, com uma demorada escala em Copenhague. O avião desse meu baptismo de voo foi um Douglas DC-9 da companhia escandinava S.A.S.; que, nesse dia, voou com apenas meia dúzia de passageiros até à principal cidade do reino da Dinamarca e que, dali, voou lotado até ao já extinto aeroporto de Fornebu, que servia a capital do bonito 'País dos Fiordes'. Ainda a propósito de Paris (de onde descolei pela primeira vez), não deixa de ser curioso o facto de eu já ter utilizado todos os aeroportos internacionais que servem, ou serviram, essa grande metrópole europeia : o já referido e histórico aeroporto de Le Bourget (onde, em 21 de Maio de 1927, Charles Lindbergh aterrou o «Spirit of St. Louis», aquando da 1ª viagem transatlântica sem escalas jamais realizada); o aeroporto de Orly (inaugurado em 1909, modernizado ao longo dos tempos, até se tornar a primeira plataforma aérea da capital francesa, antes de ser suplantada pelo aeroporto de Roissy-Charles De Gaulle); o atrás referido aeroporto de Roissy, que é um dos maiores aeroportos da Europa; e o novo aeroporto de Paris Beauvais-Tilly, que se situa a noroeste da 'Cidade-Luz' e é de grande utilidade para os habitantes das regiões da Picardia e da Alta Normandia, entre outras, que assim evitam o bulício e a densa circulação da capital. Sim, gosto de viajar de avião. Pena é que -velho e cansado- já não tenha apetência para sair de casa. Nem dinheiro para esbanjar nos destinos que a nova aviação comercial agora nos oferece ao preço (passe a expressão) da uva mijona.

Imagens : 1) placa do aeroporto de Le Bourget aquando de um dos Salões da Aeronáutica de Paris, realizado nos anos 70. Esta estrutura serve, actualmente, para receber aviões-cargueiros, aviões de negócios e para a realização, periódica, de eventos como o acima referido.
2) vista geral do terminal do novo aeroporto internacional de Paris-Beauvais, onde chegam e de onde partem voos para toda a Europa, inclusivamente de e para Portugal.

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