sexta-feira, 29 de maio de 2015
BEM LEMBRADO
Algures no estrangeiro...A decoração de parques e jardins também pode ficar a dever muito à imaginação de quem deles trata e embeleza. Este singular 'monumento' é disso exemplo.
POSTAL ILUSTRADO
Vista (muito parcial) de Québec, no Canadá, que é uma das mais antigas cidades de toda a América do norte. O imponente edifício, à esquerda, é o famoso hotel Frontenac, que é o mais reputado e mais caro estabelecimento desse género de todo o Canadá. Foi fundado em 1893 e tem 650 quartos e 'suites'. Nos anos 40 do passado século, os seus salões receberam Churchill, Roosevelt e Mackenzie, que ali mantiveram discussões sobre a evolução da guerra. Já visitei este hotel, mas nunca lá pernoitei; por motivos óbvios : a falta de carcanhol para luxos...
quinta-feira, 28 de maio de 2015
A PROPÓSITO DE UMA COPLA DE QUE EU MUITO GOSTO
«La Niña de Punta Umbria», que tem música de 'paso-doble', foi uma das canções, de sabor andaluz, mais bonitas e escutadas em Espanha neste último meio século. É obra do famosíssimo trio de autores de coplas formado por Ochaíta (letra), Solano (música) e Valerio (cenografia), que nós, aqui tão perto, ignoramos, mas que é conhecido e apreciado por todos os nossos vizinhos espanhóis. «La Niña de Punta Umbría» conta-nos (quase à maneira de um choradinho fado) o amor trágico de uma mariscadora e de Manuel, um pescador que pereceu no mar; onde ganhava o pão quotidiano com o seu 'falucho'. Drama que provocou tanto choro e tanta 'soledad', que até fez desmaiar as cores das faces da marisqueira, outrora como papoilas e, agora, mais pálidas do que uma açucena. Enfim, é o que (em parte) diz a letra... Esta canção data de 1965 e foi cantada -pela primeira vez- no Teatro de San Fernando, de Sevilha, por Gracia Montes, integrada num espectáculo intitulado «La Rosa de las Marismas». O sucesso foi imediato e perdura. Aqui vos remeto para um vídeo do 'You tube', onde poderão ouvi-la na voz da sua criadora, a supracitada Gracia Montes, um dos grandes nomes femininos da 'Copla' :
https://www.youtube.com/watch?v=6CwkSNawBRQ
Já agora, quero dizer que Punta Umbría é uma cidadezinha andaluza (com cerca de 15 000 habitantes) da província de Huelva. Outrora porto piscatório de nomeada, é, agora, essencialmente, um importante centro turístico do golfo de Cádiz.
Aqui fica também, para os curiosos, a letra de
«LA NIÑA DE PUNTA UMBRÍA»
Ella, Cinta del Conquero,
con el primor de un coral.
Él, Manuel, el marinero,
moreno de yodo y sal.
Se vieron en Punta Umbría,
entre la ría y el mar,
una tarde que él salía,
con su falucho a pescar.
¿Me quieres? ¿me quieres mucho?
¡Dime, dímelo, Manuel!
Lo juro, por mi falucho,
que te quiero más que a él.
Y así un día y otro día,
los novios de Punta Umbría.
Qué bonita, qué bonita,
la novia del marinero.
Que bonita, qué bonita,
tiene el aire su carita
de la Virgen del Conquero,
cuando sale de la ermita.
Cuando despide a su amor,
entre la mar y la ría,
es lo mismo que una flor,
la niña,
la niña de Punta Umbría.
Cinta viene hasta la ría,
por el recuerdo de él,
todo es luto en Punta Umbría,
porque no volvió Manuel.
Y está muerta por la pena,
y es un sollozo su voz:
¡Me lo ha robado una sirena
y me quedé sin su amor!
Dos fuentes de un salinero,
son su ojos al llorar.
Amores de marinero,
se los lleva siempre el mar.
Y así un día y otro día
la niña de Punta Umbría.
Triste, sola, triste y sola,
con su semblante de pena.
Triste, sola, triste y sola,
llorando al pie de las olas,
ya no es más que una azucena,
la que fuera una amapola.
A la orillita del mar,
mirando la lejanía,
no se cansa de esperar
la niña,
la niña de Punta Umbría.
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As fotos anexadas são de Punta Umbría (entre mar e ria) e dos autores da famosa canção : Ochaíta, Valerio e Solano (da esquerda para a direita).
BELOS VEÍCULOS DE OUTRORA
Esta magnífica viatura de combate aos incêndios urbanos foi utilizada -há 100 anos- pelos Bombeiros Voluntários Lisbonenses. Uma associação humanitária colocada ao serviço da população da capital portuguesa, que foi fundada no dia 12 de Dezembro de 1910. O veículo que ilustra esta linhas foi produzido pela então prestigiosa marca francesa Delahaye. (Amplie a imagem, para a ver mais detalhadamente, com um clique do rato).
quarta-feira, 27 de maio de 2015
SOBRE O OURO DO BRASIL
Este é o magnificente altar-mor da igreja de Santo António, da cidade de Lagos (Algarve). Foi neste e noutros templos da época que os magnânimos reis da 4ª dinastia -aqueles que cobravam o 'quinto' do ouro extraído das minas do Brasil- enterraram fortunas. Quase todas as riquezas cobradas por D. João V, o monarca mais perdulário de todos, foram parar a igrejas e conventos. De modo que só as entidades religiosas (do país e do Vaticano) beneficiaram do maná brasílico. O povo, esse e como sempre, ficou a chuchar no dedo...
CINE-SAUDOSISMO (14)
«A MULHER E O FANTOCHE» («La Femme et le Pantin») teve realização do cineasta francês Julien Duvivier e estreou em 1958. Brigitte Barbot (a vedeta da fita) estava, então, no auge da carreira e enchia o ecrã com a sua fulgurante e provocadora beleza. Os portugueses gostaram imenso desta fita por uma razão de peso : o galã foi o nosso António Vilar, um 'latin lover' que levava o seu machismo ao extremo de, na fita, esbofetear a celebérrima vénus parisiense. E isso encheu a malta de orgulho, pelo facto altamente demonstrativo de que 'cá com os machos da terra ninguém brinca'. Que importava, pois, que a história contada (aliás banalíssima) se desenrolasse em Espanha e que o supracitado 'partenaire' da Bardot encarnasse um 'hidalgo' andaluz ? O acesso às salas que por cá programaram «A MULHER E O FANTOCHE» foi proibido a menores de 18 anos, porque a nudez (na realidade uma meia nudez) não era coisa que o regime ditatorial tolerasse. Nem sequer nas praias, onde os cabos de mar multavam os homens sem camisolas interiores vestidas e as senhoras que se descuidavam com a estreiteza dos fatos de banho. Esta película impôs-se, pois e mais, pelo erotismo de certas sequências e pela irradiante beleza da 'star' contratada, do que propriamente pela qualidade intrínseca da obra. Houve aliás muitos críticos que, ao tempo, qualificaram este trabalho de Duvivier, como um filme algo «terno e aborrecido».
A VITÓRIA PÍRRICA DOS 'CASACAS VERMELHAS' EM BUNKER HILL
Esta tela ilustra o ataque frontal das tropas inglesas contra Bunker Hill no dia 17 de Junho de 1775. O objectivo das ditas tropas era desalojar uma força de 1 200 milicianos, que -sob o comando do coronel William Prescott- haviam ocupado e fortificado essa colina das cercanias de Boston. O exército britânico lançou-se destemidamente ao assalto e os combates duraram horas, até ao esgotamento das munições no campo dos 'insurgents'. Que acabaram por retirar. No campo de batalha e do lado inglês ficaram 226 mortos e mais de 800 feridos. Este triunfo pírrico dos 'casacas vermelhas' não teve consequências imediatas (nem futuras) nas campanhas da guerra contra o colonialismo de Londres, já que, no dia 4 de Julho do ano seguinte (1776), através da publicação da Declaração da Independência, as treze colónias americanas se instituíam como uma nação livre da tutela da coroa britânica. Os Estados Unidos da América foram, assim, o primeiro país a subtrair-se -na sequência de uma guerra revolucionária- ao domínio de uma potência europeia.
domingo, 24 de maio de 2015
FUTURO GIGANTE DOS MARES
Esta impressionante imagem mostra aquele que poderá vir a ser o novo porta-aviões da armada da República Popular da China : um gigantesco navio, equipado com duas longas pistas paralelas. Segundo certos peritos da área militar, o dito navio terá dimensões nunca vistas e poderá operar um número importante de aeronaves de todas as valências. Será que já estamos a assistir a uma nova corrida aos armamentos ou esta, muito simplesmente, nunca chegou a interromper-se ?
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (39)
Esta foto data de 1950 e mostra um avião Lockheed L-049/149 'Constellation' da frota da Panair do Brasil. Foi tirada no Rio de Janeiro, no velhinho aeroporto Santos Dumont. A Panair do Brasil foi fundada em 1929 com o primitivo nome de Nyrba do Brasil. No ano seguinte uniu-se comercialmente à Pan American Airways e passou a usar o nome que a celebrizou. Foi mercê dessa aliança com a poderosa Panam, que a companhia brasileira se tornou numa das primeiras utilizadoras do elegante 'Constellation', que foi um dos melhores aviões de passageiros de longo curso da época pré-jacto. A Panair do Brasil cessou a sua actividade em 1965, por obra e graça da ditadura militar; que, através de um 'decreto de falência' a encerrou, numa altura em que a companhia dava lucros. O principal beneficiário do encerramento da Panair foi um certo Ruben Berta, então proprietário da VARIG (Viação Aérea Rio Grandense), apoiante da ditadura e amigo pessoal de vários generais. Lembro que, de 1960 até ao seu desaparecimento, a Panair do Brasil promoveu -com a TAP- os famosos Voos da Amizade, que uniam Lisboa à cidade do Rio e vice-versa. A Panair do Brasil deixou saudades e até uma canção a recorda...
O ALENTEJO É BELO
Esta fotografia (de autor que eu desconheço) mostra um recanto de Santa Eulália, uma aldeia do concelho de Alcácer do Sal. A brancura do casario, com as suas barras azuis (ou, por vezes, amarelas), tão típicas do Alentejo, são o seu inconfundível cartão de visita.
NOVO LIVRO DO PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA
Acaba de sair do prelo e colocado à venda um novo livro do padre Mário de Oliveira. Obra intitulada «Fátima $. A.», que, ainda antes de ter sido lida, já tem -como é habitual- gente a insurgir-se encarniçadamente contra o ex-pároco da Lixa. Só porque sim ! Homem que nunca acreditou nas aparições de Fátima, que ele considera serem (depois de ter feito exaustivos estudos sobre o assunto) uma das maiores mistificações do século XX, o padre Mário põe uma vez mais o dedo na ferida. Já tive a oportunidade de ler vários livros do padre Mário de Oliveira e, sobre eles e sobre o seu autor já tenho (há muito tempo) ideia formada. E é, baseado nessa experiência, que posso afiançar que esta figura polémica está longe de ser um lunático ou de ser um aventureiro, ávido de protagonismo. E que os seus livros são, todos eles, muitíssimos interessantes, mesmo se se discordar das opiniões de quem os escreveu. Tem é que haver a coragem de os ler e tentar compreendê-los (o que é muito fácil), antes de se lançarem ataques cegos, virulentos, e muito pouco cristãos sobre o seu autor. Estou intimamente convencido de que o supracitado padre Mário é um verdadeiro crente, um autêntico cristão, que tem a coragem de dizer o que pensa sobre assuntos da Igreja que o preocupam, assim como preocupam muitos milhares de outros cristãos. É por todas essas razões que eu irei ler «Fátima $. A.» (como li «Fátima Nunca Mais», «E Deus Disse : Do que Eu Gosto é de Política, Não de Religião», etc.) e que eu convido todas as pessoas de bom senso e independentemente das suas crenças a ler este livro.
APRAZÍVEL FLOR DA ESTEVA
É magnífica a flor da esteva. Que, nesta altura do ano, empresta aos campos da minha terra um esplendor desusado. Pena é que não dure mais tempo... Dentro de poucas semanas, com os calores de Junho (e do Verão, que se aproxima), acabou por cá a festa da Primavera. E o sol recomeçará a dardejar-nos, impiedosamente -nesta região de extremos- com temperaturas que levarão o mercúrio dos termómetros a superar a marca dos 40º centígrados. O que, naturalmente, não é bom para todos. Felizmente, por cá nos vamos habituando... Mas lá que as estevas (e os tojos e as giestas e o rosmaninho e as urzes) eram lindas, lá isso eram.
LULAS, PARA QUE VOS QUERO
Não ! Não são balões para animar as futuras festas de Santo António. São mesmo ovos de lulas prontos para eclodir. Aliás, esses pequenos cefalópodes podem ver-se através do invólucro translúcido que os envolve. Muitas destas minúsculas lulas não escaparão aos predadores nas suas primeiras horas de vida. E as sobreviventes terão ainda muito que nadar antes de estarem em condições para aparecer nos nossos pratos, sob a forma de rodelas fritas e panadas (à sevilhana) ou guisadas (de caldeirada). Nestes últimos anos, têm-se confirmado as récitas de velhos marinheiros, que -desde tempos imemoriais- alertam para a presença de monstros marinhos com as características destes moluscos. Hoje, sabe-se que é verdade, pois já foram capturadas lulas com mais de 14 metros e adivinha-se que haverá (nas profundezas dos oceanos) exemplares muito maiores. Mas esses, para petisco parecem-me dispensáveis.
O URSO DE ODIVELAS
O município de Odivelas, criado recentemente, é um caso raro (senão único) na heráldica municipal portuguesa. Pelo facto de um dos principais elementos do seu brasão representar... um urso. A inclusão deste plantígrada no escudo do município em questão, tem a ver com uma lenda que está na origem da construção do mosteiro de São Dinis e São Bernardo; que é o mais valioso monumento de Odivelas. Mandado construir por el-rei D. Dinis no século XIV, esse convento abrigou uma comunidade de monges de Cister. Os arquitectos da obra foram os mestres Antão e Afonso Martins. É lá, nesse edifício medieval, que repousa o rei trovador. Mas, ainda a propósito do urso, não me vem à memória que este animal esteja representado noutros brasões municipais portugueses. Isto, partindo do princípio que aquele bicho que figura no escudo de Murça é mesmo uma porca e não um ursídeo. Símbolo de força, o urso é elemento comum dos emblemas de muitas cidades e vilas da Europa, como, por exemplo, Madrid, Berna, Berlim, etc. Em França, contam-se às dezenas. Assim como noutros países do norte da Europa. Penso que a ausência do urso da nossa heráldica comunal terá muito a ver com o facto desse animal feroz ter desaparecido precocemente das nossas florestas...
CUIDADO COM OS BANQUEIROS !
«Tratando-se das suas economias e daqueles que as guardam, nunca se descuide. A principal tarefa de um banco é tirar o máximo proveito de si» (C. Robson).
Que o digam e confirmem os lesados do BES. Aquelas pessoas excessivamente confiantes, que trocaram as economias de toda uma vida por papelada sem valor...
Que o digam e confirmem os lesados do BES. Aquelas pessoas excessivamente confiantes, que trocaram as economias de toda uma vida por papelada sem valor...
sábado, 23 de maio de 2015
BELDADE
Esta beldade chama-se, de seu nome completo, Leila Luliana da Costa Vieira Lopes. É natural de Benguela, cidade onde nasceu em 1986. Foi miss Angola em 1910 e, no ano seguinte, foi coroada miss Universo na metrópole brasileira de São Paulo. Estuda (ou estudou) gestão de empresas no Reino Unido. Porque não há incompatibilidade entre o facto de se ser bela e de ter miolos.
PAPA-LÉGUAS
O 'New Mexico Rail Runner Express' é um comboio suburbano que serve as áreas metropolitanas de Albuquerque e de Santa Fé, que são as duas mais importantes cidades do estado do Novo México. O seu curioso nome faz alusão ao Papa-Léguas ('Geococcyx californianus'), uma conhecida ave corredora da região sudoeste dos Estados Unidos. O grafismo das locomotivas do N.M.R.R.E. (e das respectivas carruagens) é inspirado pela figura principal de um desenho animado que todos nós conhecemos da televisão e que nos 'states' se chama popularmente 'Roadrunner'. Estes comboios atingem uma velocidade máxima de 127 km/h; marca que, proporcionalmente, me parece inferior à do referido e emblemático pássaro; que pode atingir,ele, pontas de 30 km horários. Em todo o terreno.
FEIRA DO LIVRO
Faltam apenas cinco dias para começar, em Nisa, a 35ª Feira do Livro. Que, embora não tenha grande dimensão (se comparada a eventos similares organizados nas nossas grandes cidades), nos trás sempre novidades. A 'LivroNisa' desenrola-se (presumo eu que no local habitual, frente à biblioteca) entre os dias 28 de Maio e 1º de Junho. Interessante, é também o facto de, em simultâneo, se desenrolarem outros acontecimentos de carácter cultural a não perder : exibição do filme «Os Maias» (no Cine-Teatro, com entrada gratuita), lançamento de um novos CD e de um novo livro, música, encontro de poesia, comemoração do Dia da Criança, etc. Programa aliciante. Venham todos.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
Quando o Amor Morrer Dentro de Ti
Quando o amor morrer dentro de ti,
Caminha para o alto onde haja espaço,
E com o silêncio outrora pressentido
Molda em duas colunas os teus braços.
Relembra a confusão dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido
Espalhou generoso aos quatro ventos.
Aos que passarem dá-lhes o abrigo
E o nocturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma o inventário
Do templo onde a vida ora de bruços
A Deus e aos sonhos que gelaram.
Ruy Cinatti, poeta português, in “Obra Poética”
Ruy Cinatti nasceu em Londres (G.B.) em 1915. Formou-se em Antropologia pela Universidade de Oxford e em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. No domínio literário, foi co-fundador (em 1940) d'«Os Cadernos de Poesia e deixou-nos vários livros editados. Faleceu na capital portuguesa em 1986. Em 1992 Ruy Cinatti foi agraciado -a título póstumo- com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. O retrato do poeta que ilustra este 'post' é da autoria da pintora Maluda.
Caminha para o alto onde haja espaço,
E com o silêncio outrora pressentido
Molda em duas colunas os teus braços.
Relembra a confusão dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido
Espalhou generoso aos quatro ventos.
Aos que passarem dá-lhes o abrigo
E o nocturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma o inventário
Do templo onde a vida ora de bruços
A Deus e aos sonhos que gelaram.
Ruy Cinatti, poeta português, in “Obra Poética”
Ruy Cinatti nasceu em Londres (G.B.) em 1915. Formou-se em Antropologia pela Universidade de Oxford e em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. No domínio literário, foi co-fundador (em 1940) d'«Os Cadernos de Poesia e deixou-nos vários livros editados. Faleceu na capital portuguesa em 1986. Em 1992 Ruy Cinatti foi agraciado -a título póstumo- com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. O retrato do poeta que ilustra este 'post' é da autoria da pintora Maluda.
A CULTURA DOS QUADRADINHOS
Este antigo número de «O Cavaleiro Andante» contava (já lá vão umas boas décadas) as peripécias ocorridas durante a primeira viagem de circum-navegação da Terra empreendida pelo nosso Fernão de Magalhães. Um dos mais insignes capitães de sempre. Foi, em parte, graças a publicações deste género (que combinavam, nos seus quadradinhos, saber e lazer) que os miúdos da minha geração puderam adquirir conhecimentos de História de Portugal e do mundo. E muito mais coisas que os cachopos manuseadores de teclados deste tempo nem podem sequer imaginar. Nem querem saber !...
«A PROMESSA DE UMA VIDA»
No passado sábado fui a Ponte de Sor ver «A Promessa de Uma Vida» («The Water Diviner»), um filme de Russell Crowe. Embora não tivesse saído do cinema extasiado com a fita em questão, também não posso dizer que desgostei desta película; que conta a história de um pai (australiano), que procura -na agitada Turquia de 1919- os despojos mortais dos seus filhos, caídos na sangrenta batalha de Gallipoli. As referências históricas estão correctas (embora possam parecer chocantes) e os actores (Crowe, Olga Kurylenko, Jal Courtney, etc) são bons. Assim sendo, que exigir de outro ?
VOAR NOS ALPES
Estas 6 flechas que aqui se exibem diante do monte Cervino (nos Alpes), são aviões de caça Northrop F-5 'Tiger' da Força Aérea helvética. Patrulha acrobática que, ao que sei, já foi extinta ou se encontra em vias de extinção. É muito provável que seja reconstituída com aparelhos de nova geração, já adquiridos pela aviação militar da Suíça.
Aqui, dois desses mesmos aviões voando num vale alpino, ao nível dos olhos dos espectadores. Verdadeiramente surpreendente e... magnífico !
É HOJE INAUGURADO (EM LISBOA) O NOVO MUSEU DOS COCHES
É hoje inaugurado, com pompa e circunstância, o novo Museu dos Coches. Que, tal como num passado recente, será um dos chamarizes turísticos da cidade de Lisboa. E com toda a propriedade, visto esta instituição presentear os seus visitantes com a maior e mais luxuosa colecção de carruagens que no mundo existe. Gostaria, numa das minhas próximas visitas à capital (onde já só vou três ou quatro vezes por ano), de poder admirar esse valioso tesouro. Que já não vejo há décadas...
COMO SALVAR PALMIRA ?
A turba armada que serve os desígnios do autodenominado Estado Islâmico (que já ocupa metade do território sírio) está às portas de Palmira -Património da Humanidade, classificado pela UNESCO- que ela se prepara para investir. Palmira é uma cidade da Antiguidade (com mais de 2 000 anos de existência), da qual subsiste um importantíssimo espólio arqueológico. Pela preservação do qual se teme, conhecendo-se o desrespeito com que os novos bárbaros têm tratado -nestes últimos meses- as obras de arte de que indevidamente se apoderam. E que eles destroem sistematicamente (sobretudo as peças de grande porte) e/ou roubam (as mais pequenas), com o intuito de as vender a traficantes internacionais e, assim, poderem alimentar a sua guerra sanguinária. Entretanto, as potências ocidentais que, com tanta ligeireza, com tanta irresponsabilidade, fomentaram o conflito na Síria, parecem indiferentes ao destino da 'Pérola do Deserto' e continuam a assobiar para o lado.
MURALHAS DE ÓBIDOS
Este imponente castelo (na realidade todo um dispositivo amuralhado que engloba a dita fortaleza) emerge da plácida paisagem norte-estremenha. A lembrar tempos de grande perturbação entre cristãos e agarenos; que aqui protagonizaram recontros sangrentos pelo domínio da terra. A praça de Óbidos terá sido tomada, definitivamente, aos Mouros no ano de 1148 pelas hostes do nosso primeiro monarca. E recebeu o seu primitivo foral em 1195, já no reinado de D. Sancho I.
A NOVA GUERRA FRIA
«Estamos a viver uma nova Guerra Fria, que vai durar muitos anos».
(Vaticínio de Anders Fogh Rasmussen, para os jornais desta semana).
Lembro que este senhor é um político ligado ao Venstre, partido da direita conservadora dinamarquesa, e autor do livro «Do Estado Social ao Estado Mínimo». Em 2002, Rasmussen foi um dos grande apoiantes da invasão do Iraque pelas tropas de George W. Bush, porque também foi um daqueles políticos que não teve dúvidas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição maciça. Foi essa sua 'clarividência', que, com toda a certeza, o levou a ser nomeado líder máximo da NATO; cargo que ele exerceu até Setembro do ano passado. Ainda a propósito da nova 'Guerra Fria' de que fala, ela já é facto. E os mercadores de canhões agradecem. Li aqui há dias (confesso que já não sei onde) um texto de um cidadão francês, que dizia, mais ou menos, isto : «A nossa pertença à NATO arrasta-nos, em prejuízo dos nossos interesses, para as guerras ilegítimas e ilegais desejadas por Washington». Palavras para meditar.
(Vaticínio de Anders Fogh Rasmussen, para os jornais desta semana).
Lembro que este senhor é um político ligado ao Venstre, partido da direita conservadora dinamarquesa, e autor do livro «Do Estado Social ao Estado Mínimo». Em 2002, Rasmussen foi um dos grande apoiantes da invasão do Iraque pelas tropas de George W. Bush, porque também foi um daqueles políticos que não teve dúvidas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição maciça. Foi essa sua 'clarividência', que, com toda a certeza, o levou a ser nomeado líder máximo da NATO; cargo que ele exerceu até Setembro do ano passado. Ainda a propósito da nova 'Guerra Fria' de que fala, ela já é facto. E os mercadores de canhões agradecem. Li aqui há dias (confesso que já não sei onde) um texto de um cidadão francês, que dizia, mais ou menos, isto : «A nossa pertença à NATO arrasta-nos, em prejuízo dos nossos interesses, para as guerras ilegítimas e ilegais desejadas por Washington». Palavras para meditar.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
QUEM NÃO GOSTA DE CONGRO... COME SAFIO
A receita é a da nossa caldeirada, mas com a batata cozida à parte. O peixe utilizado é o congro (também por cá chamado safio). A apresentação é moderna, mas o olor que exala é o de sempre. Fácil de preparar. Para acompanhar com um vinho branco (meio seco) da península de Setúbal.
BALEEIROS
Este baleeiro (aqui reproduzido num selo da ilha Norfolk) é o «California», um dos muitos navios que -no século XIX- foram armados no porto de New Bedford para a caça aos cetáceos. E que navegaram por todos os mares e oceanos do mundo para capturar as suas gigantescas presas. A propósito desses navios -que, por pouco, não dizimaram todos os cachalotes e baleias do planeta, quero lembrar que muitos deles tiveram portugueses nas suas tripulações. Sobretudo ilhéus da Madeira e dos Açores. Muitos desses nossos compatriotas acabaram por estabelecer-se em New Bedford, cidade onde, ainda hoje, vivem milhares dos seus descendentes; que fazem desse porto do Massachusetts uma das cidades 'mais portuguesas' da costa leste dos Estados Unidos. Outra curiosidade é o facto New Bedford ter sido o lugar onde Herman Melville iniciou a acção do seu famoso romance «Moby Dick».
SÓRDIDAS «CANTIGAS DE AMOR»
Numa aldeia serrana do norte de Portugal, dois músicos e cantadores ambulantes divertem 'o pagode', na esperança de lhe arrancar os tostões que possam dar continuidade à sua miserável existência. Esta tela do artista Carlos Reis data de 1929 e intitula-se «Cantigas de Amor». Constitui um claro testemunho da miséria que grassava, naquele tempo, por todo o nosso país, com pedintes de pé descalço -tal como os solicitados- a cantarolar o 'faduncho da ceguinha'. A revolução do 28 de Maio (de 1926), que instituiu o Estado Novo, não alterou substancialmente as condições de vida dos Portugueses; que continuaram, sobretudo nas zonas rurais, a viver na indigência. Eu, que nasci em 1945, ainda me lembro muito bem do quão difíceis foram os tempos do salazarismo, sobretudo os anos 50. Tempos de pata descalça, de roupa remendada, de casas sem um mínimo de condições de habitabilidade, de refeições frugais, das quais se saía com a barriga 'a dar horas'. A propósito do autor desta tela, Carlos Reis (1863-1940), quero lembrar que foi um notável pintor naturalista, que se especializou na execução de cenas da vida quotidiana do nosso povo e, curiosamente e até 1910, na pintura de retratos dos membros da nobreza. Exemplo acabado, é um famoso retrato do rei D. Carlos, exposto no palácio ducal de Vila Viçosa. Carlos Reis, que era natural de Torres Novas (cidade do Ribatejo onde funciona um museu com o seu nome), foi duas vezes galardoado com a Medalha de Honra da Sociedade Nacional de Belas Artes.
O ESTIGMA DA DERROTA...
Com o estigma da derrota estampado nos rostos, estes dois membros da Juventude Hitleriana -agarrados a armas antitanque- foram capturados (e poupados) pelas tropas aliadas, nas semanas que precederam o termo da 2ª Guerra Mundial em território europeu e o fim de uma aventura imperialista; que custou, só no nosso continente, dezenas de milhões de mortos e devastações sem nome. Este ano estamos a comemorar o 70º aniversário da vitória sobre o nefando nazi-fascismo, que quis subjugar o mundo. (clicar na foto para a ampliar).
PUBLICIDADE CURIOSA
Este cartaz publicitário, foi editado para promover a venda de máquinas de costura Singer na... Rússia soviética. O que não deixa de ser extraordinário e abonatório da qualidade (indiscutível) desse produto industrial norte-americano.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
CONQUISTAR A LUA...
«De nada serve ao homem conquistar a Lua, se acabar por perder a Terra». Dixit François Mauriac (1885-1970), escritor francês galardoado, em 1952, com o Prémio Nobel da Literatura.
A GUERRA DOS FUNCIONÁRIOS
Cega e brutal, a 'guerra do futuro' já está aí ! É feita por funcionários, que, confortavelmente sentados numa poltrona, diante do ecrã de um sofisticado computador, fazem levantar um drone de uma base próxima da zona de combate, visualizam um alvo potencial e disparam mísseis certeiros. Ás vezes, esses alvos são grupos de pessoas, que se reuniram para festejar (com tiros para o ar) uma boda ou o nascimento do filho varão de um amigo ou familiar. Minutos depois, os perniciosos drones passam e matam dezenas deles. Indiscrimidamente. Por volta do meio-dia (hora de Washington), o funcionário despega os olhos do computador, larga o 'stick' e come, tranquilamente, as sandes de perú com 'ketchup', preparadas pela sua dedicada esposa. Acompanhadas por uma refrescante Coca Cola. E, após 8 horas de labor, como qualquer banal trabalhador, o tal funcionário volta para casa na paz do Senhor. A muitos milhares de quilómetros do local onde ele desempenha, conscienciosamente, o seu trabalho, é o caos. Há cadáveres destroçados por todo o lado, feridos que sangram e gemem de dor e gente que levanta os punhos ao céu e clama pela vingança de Alá. Mas parece que é assim, desta ignominiosa forma, que vamos defender o Ocidente dos 'velhacos' dos muçulmanos. Safa !
SOB A LUZ DUM CANDEEIRO...
Fui de viela em viela,
Numa delas dei com ela
E quedei-me enfeitiçado,
Sob a luz dum candeeiro
Estava ali o fado inteiro,
Pois toda ela era fado...
terça-feira, 19 de maio de 2015
O BENFICA É (COM TODO O MÉRITO) BI-CAMPEÃO
Liderar o campeonato desde a 5ª jornada é a prova mais flagrante de que esta vitória do Benfica é merecidíssima. E tudo o resto é palavreado para entreter o pagode. A única coisa que me entristece foi a pilhagem -por gente sem vergonha- do espólio do Vitória de Guimarães e os incidentes que se verificaram à saída do estádio D. Afonso Henriques, com aquelas tristes cenas de brutalidade policial levada a extremo. Da qual saíram agredidas pessoas que não me pareceram (a mim e a muita gente) merecer aquele enxovalho público. Enfim, a P.S.P. (que não sai bem vista desta lamentável experiência) saberá o que tem a fazer; assim como os tribunais onde foram apresentadas queixas. Provas visuais não lhes faltam... Quanto ao incidentes em Lisboa, no Marquês, o que tenho a dizer é que gostaria que toda aquela gente que ali protestou contra a violência policial, manifestasse o mesmo ardor (sem as garrafadas, obviamente) quando o governo pilha os seus ordenados, pensões, etc. e/ou os condena a longos períodos de desemprego e de desesperança. Tenho dito !
A DERROTA DE UMA ARMADA PRETENSAMENSE INVENCÍVEL
Foi há 427 anos, precisamente, que zarpou de Lisboa uma das mais poderosas frotas que o mundo vira até então. Foi, com efeito, no dia 19 de Maio de 1588, que Filipe II de Espanha (primeiro do nome em Portugal) deu ordem de largada à chamada 'Invencível Armada'; com a qual ele pretendia conquistar a Inglaterra e restaurar, ali, o catolicismo. Só que, na sua megalomania, o rei de todas as Espanhas não contou com a eventualidade de rebentar um temporal, susceptível de desgarrar os navios da sua gigantesca frota (o que efectivamente aconteceu), nem com o saber e com o valor dos capitães e marinheiros da rainha Isabel II; que suplantavam os conhecimentos e a garra de um Don Juan Manuel Pérez de Guzmán, 8º duque de Medina-Sidónia (um marinheiro de água doce), nomeado para os levar de vencida. Segundo 'sir' Winston Churchill, num dos seus escritos, o soberano dos dois reinos ibéricos ficou a dever muito aos conhecimentos náuticos dos capitães portugueses, que puderam preservar muitos dos navios e muitos dos combatentes implicados nessa desastrosa aventura, trazendo-os de volta à península.
sábado, 16 de maio de 2015
O DVD DE «OS VERDES ANOS» JÁ ESTÁ NAS BANCAS
Com a sua edição de hoje, o jornal «Público» lançou um DVD com cópia da película «Os Verdes Anos», de Paulo Rocha (1935-2012). Filme que foi estreado em 1963 e que marcou o início do chamado Cinema Novo doméstico. A cópia agora à venda (por apenas 5 euros !) é -ao que diz a publicidade- uma excelente versão digital; que, em boa hora, foi restaurada pela Cinemateca, sob a supervisão do cineasta Pedro Costa. Este filme de referência da nossa cinematografia tem, para além da sua reconhecida qualidade, um outro atractivo de peso : a música original, que é da autoria do consagrado e saudoso Carlos Paredes. A compra deste DVD impõe-se, desde logo, a todos os cinéfilos e colecionadores deste país. Mas não só...