«Entre um governo que pratica o mal e o povo que o consente, há uma certa e vergonhosa cumplicidade».
** dixit Victor Hugo (1802-1885), escriror francês, autor de «Os Miseráveis» **
quarta-feira, 30 de abril de 2014
REALÍSSIMO !!!
Contrariamente às expectativas, que previam um jogo dificílimo para os 'merengues' em Munique, o Real Madrid foi ontem esmagar o Bayern, no seu reduto, por 4-0. Esse choque de titãs nem chegou a ser emocionante, tal foi a superioridade demonstrada pelos espanhóis. A final de Lisboa (a disputar no estádio da Luz) ganha, assim, o seu primeiro participante. Que não terá a vida facilitada, seja qual for o 'team' apurado no confronto de hoje, entre o Chelsea e o Atletico de Madrid. De qualquer modo, tão curioso e excitante será assistir a uma final entre os dois maiores clubes da capital espanhola, como entre as equipas onde imperam Mourinho e Cristiano Ronaldo. A ver vamos... Entretanto, e com mais dois tentos marcados contra o Bayern de Munique, o fenómeno do Funchal bateu ontem mais um recorde : o de melhor marcador de sempre na 'Champions'. Com 16 golos numa só temporada !
terça-feira, 29 de abril de 2014
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (3)
Estes dois senhores oficiais da Armada Portuguesa fizeram carreira na aviação naval. O da esquerda chamou-se Artur Sacadura Cabral e foi piloto emérito dessa instituição militar. O da direita é Carlos Viegas Gago Coutinho, navegador, matemático, geógrafo, inventor e historiador. Ambos realizaram, em 1922, uma viagem aérea transatlântica -de Lisboa ao Rio de Janeiro- que lhes granjeou celebridade internacional e o reconhecimento dos seus compatriotas. O primeiro deles morreu relativamente jovem, em 1924, quando o avião que trazia do estrangeiro para Portugal se despenhou acidentalmente no Mar do Norte. Gago Coutinho teve vida longa, pois faleceu em 1959 com a bonita idade de 90 anos e no posto de almirante. Figuras muito populares da nossa História contemporâneo, Sacadura Cabral e Gago Coutinho ocupam lugares de relêvo na galeria dos heróis modernos deste país de marinheiros. Que, 'quando a marinha tinha asas', também sabiam voar...
UMA CIDADE FLUTUANTE
Impressionante fotografia aérea do USS «Dwight D. Eisenhower», gigantesco porta-aviões nuclear da armada dos Estados Unidos. Este navio (da classe 'Nimitz') é um dos mais poderosos da frota norte-americana. Desloca 104 000 toneladas (em plena carga) e mede 333 metros de comprimento por 40 metros de boca, na linha de água. O seu calado é de 11 metros. Pode navegar à velocidade máxima de 30 nós, o que equivale a 56 km/hora. Este gigante dos mares -que tem uma guarnição de 5 600 oficiais, sargentos e praças- pode transportar 90 aeronaves (aviões e helicópteros de vários tipos e valências). Na sua vastíssima pista podem observar-se, entre outras aeronaves, caças-bombardeiros F-14 e interceptores F-18. Escusado será dizer que uma unidade deste tipo custa rios de dinheiros aos contribuintes dos Estados Unidos. Mas esse é o preço a pagar para que o país de Tio Sam continue a gozar do título de «nação mais poderosa do mundo». (Clique para ampliar a imagem anexada).
SAUDADES DA MOCIDADE PERDIDA
Esta fotografia mostra o bloguista -em Bruxelas- há 47 anos. Como eram belos esses tempos da minha juventude, fora do Portugal salazarento. Tenho saudades dessa época de sonhos e... do meu esqueleto; que carregava, nessa altura, menos 30 quilitos... O que é obra !
QUE BOM SERIA...
O nome deste vinho e a ilustração do rótulo (a caudal de um cetáceo) indicam, claramente, a sua origem. Trata-se de um tinto dos Açores. A Natureza, na sua infinita generosidade, prendou este nosso país com terras e climas propícios ao plantio da vinha. O saber dos homens fez o resto. Do Minho ao Algarve, da longa raia com Espanha até ao litoral e nas ilhas atlânticas, Portugal produz alguns dos melhores néctares do mundo. Que se matrimoniam muito bem com a nossa gastronomia, também ela muito variada e rica; e que os estrangeiros que nos visitam começam agora a descobrir e a apreciar. Ah ! Se Portugal tivesse tido a sorte de ser dirigido por gente competente e honesta, como seria bom viver aqui...
segunda-feira, 28 de abril de 2014
CARAMELOS E CROMOS
Quando eu era menino, coleccionava cromos como estes que a fotografia (acima) documenta. Eram em papel fino, pois envolviam rebuçados, que se compravam -por 1 mísero tostão a unidade- nas mercearias e tabernas do tempo. Depois, os cromos eram estendidos e colados numa caderneta apropriada, que se adquiria nos mesmos locais. Quem conseguisse a proeza de completar a colecção, ganhava um verdadeira bola de futebol. O que era muito difícil de realizar, visto um dos cromos ser editado uma única vez. Chamavamos-lhe «o mais custoso», por razões que facilmente se entendem. Na fota anexada, pode observar-se a capa da referida caderneta (esta datada de 1948) e a página destinada a receber os cromos da equipa do Sporting Clube de Portugal. Com um pouco de atenção, pode ver-se a famosa linha dianteira dos leões desse tempo : os temíveis «5 violinos»; que era constituída por Vasques, Travassos, Jesus Correia, Peyroteo e Albano. O guarda-redes Azevedo (atleta barreirense, tal como Vasques) foi, também ele, uma das grandes glórias desta formação e da selecção nacional. Quanto a Canário, igualmente aqui representado, era natural da cidade alentejana de Portalegre, capital do meu distrito de origem. (Clique na imagem para a ampliar).
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
......... poema de combate
indecente rimar, uma criança
a esbugalhar os olhos de pavor.
uma cidade a arder. a governança
do mundo a esquivar-se: a sua dança
rima obscenamente com timor.
indecente rimar. lua assassina.
uma rajada e outra. um estertor.
um uivo, um corpo, um morto em cada esquina.
honra do mundo que se contamina
no arame farpado de timor.
indecente rimar sândalo e vândalo.
sacode a noite apenas o tambor
das sombras acossadas. tens o escândalo
que te invadiu a alma, mas comanda-lo?
onde te leva o grito por timor?
indecente rimar pois também rimam
temor, tremor, terror e invasor
por mais hipocrisias que se exprimam
enquanto de hora a hora se dizimam
os restos do que resta de timor.
indecente rimar: mas nas florestas
nunca rimaram tanta raiva e dor
a às vezes são precisas rimas destas,
bumerangue de sangue com arestas
da própria carne viva de timor.
* Vasco Graça Moura, poeta português (1942-2014) *
Vasco Graça Moura foi um dos grandes poetas (mas também prosador, tradutor e jornalista) lusos das últimas décadas. Faleceu ontem com 72 anos de idade. Aqui deixo a minha sentida homenagem.
indecente rimar, uma criança
a esbugalhar os olhos de pavor.
uma cidade a arder. a governança
do mundo a esquivar-se: a sua dança
rima obscenamente com timor.
indecente rimar. lua assassina.
uma rajada e outra. um estertor.
um uivo, um corpo, um morto em cada esquina.
honra do mundo que se contamina
no arame farpado de timor.
indecente rimar sândalo e vândalo.
sacode a noite apenas o tambor
das sombras acossadas. tens o escândalo
que te invadiu a alma, mas comanda-lo?
onde te leva o grito por timor?
indecente rimar pois também rimam
temor, tremor, terror e invasor
por mais hipocrisias que se exprimam
enquanto de hora a hora se dizimam
os restos do que resta de timor.
indecente rimar: mas nas florestas
nunca rimaram tanta raiva e dor
a às vezes são precisas rimas destas,
bumerangue de sangue com arestas
da própria carne viva de timor.
* Vasco Graça Moura, poeta português (1942-2014) *
Vasco Graça Moura foi um dos grandes poetas (mas também prosador, tradutor e jornalista) lusos das últimas décadas. Faleceu ontem com 72 anos de idade. Aqui deixo a minha sentida homenagem.
PAÍS DE EXCESSOS
Portugal é o país do tudo ou nada. E isso ficou demonstrado ontem, sem margem para dúvidas. Durante todo o dia e toda a noite, os canais informativos do cabo/satélite -SIC Notícias, RTP Informação, TVI 24 e CMTV- só se interessaram por um jogo de bola disputado entre o F. C. Porto e o S. L. Benfica. Nada mais os motivou durante horas e horas de emissão. E eu acho que esta bebedeira de futebol frisa o escândalo. -Que respeito há pelas pessoas que não ligam patavina ao chamado desporto-rei e que também pagam (como toda a gente) esses canais de televisão ? -Não merecem o respeito de ninguém ? O que se pede aos senhores programadores é (tão somente e apenas) um pouco de bom senso; porque já não andamos longe da paranóia. Bolas ! Isto assemelha-se muito a uma campanha de embrutecimento de massas, a uma campanha de alienação generalizada. Esta subordinação exclusiva ao futebol (espectáculo que eu até aprecio) é indigno de um povo com miolos. E de uma televisão responsável. Eu estou farto de debates e mais debates, onde adeptos dos grandes clubes se atiram uns aos outros por causa de um penalty que talvez não tenha sido, de um hipotético fora-de-jogo e de uma bola que terá ou não ultrapassdo o risco de baliza. Que espectáculo degradante, o oferecido por canais que, a meu ver, também deveriam preocupar-se com a promoção da cultura. Que o nosso povo não tem, muito por causa das televisões que por cá operam. E que, francamente, são do pior que eu tenho visto. Ontem morreu Vasco Graça Moura -grande nome das letras portuguesas do século XX e de início desta centúria- mas o poeta só teve direito, enquanto durou o farrabodó futebolístico, a umas linhas apressadamente inseridas em roda-pé. Mas que tristeza...
sexta-feira, 25 de abril de 2014
OS NOVOS HORTELÃOS
A miséria provocada pelo desemprego e pelos cortes abusivos de ordenados e pensões, tem levado alguns dos nossos compatriotas das cidades a participar numa verdadeira corrida à terra; candidatando-se a lotes de terreno cultiváveis propostos (em regime de empréstimo) por certas câmaras municipais das áreas urbanas de Lisboa e do Porto. Entre outras. Segundo informações da imprensa, há listas de espera que poderão levar anos a satisfazer. Tal como ocorre nos nossos hospitais em relação a certas intervenções cirúrgicas. Esta actividade de agricultor amador está, ao que parece, a dar bons resultados no que respeita o equilíbrio psíquico dos beneficiários dos tais talhões; que têm, na sua nova actividade, uma boa terapia para ultrapassar o 'stress' e que ainda conseguem tirar alguns benefícios de ordem económica, fornecendo o seu próprio lar com batatas, couves, tomates e outros comestíveis. Aprovo a ideia. Só espero é que os abutres não apareçam agora para lhes aplicar taxas e outras sanções fiscais. Que os penalizem duplamente. Com gente como os 'democratas', 'socialistas', 'cristãos' e outros que tais que temos no (des)governo, eu nem ficaria minimamente admirado que isso acontecesse...
O PENDÃO INVENCÍVEL DA LIBERDADE
............. Hoje é dia de cravos vermelhos,
E tempo de reavivar esperanças.
A luta continua e, enquanto durar a injustiça,
Haverá sempre alguém para levantar, bem alto,
O pendão invencível da Liberdade.
25 de Abril sempre !
E tempo de reavivar esperanças.
A luta continua e, enquanto durar a injustiça,
Haverá sempre alguém para levantar, bem alto,
O pendão invencível da Liberdade.
25 de Abril sempre !
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (2)
Fins da década de 50 do passado século : Alfredo Di Stéfano -um dos melhores futebolistas de sempre- posa aqui diante das cinco taças de Campeão Europeu conquistadas até então pelo mítico Real Madrid; troféus que ele próprio ajudou a ganhar, com a sua ciência inata do jogo. O tempo passou e os 'merengues' correm, hoje, atrás do seu 10º título continental. As vedetas da mais prestigiosa agremiação desportiva da capital espanhola são agora os portugueses Cristiano Ronaldo, Pepe e Coentrão, para além, naturalmente, de Casillas, de Di Maria, de Benzema, de Bale e de outros mais. Mas don Alfredo (como é carinhosamente chamado em Espanha) continua vivo e a sua sombra protectora paira ainda sobre os destinos do Real; que é (que me perdoem os seus valorosos rivais) o maior clube do planeta Terra. Alfred Di Stéfano nasceu em Buenos Aires no ano de 1926 e, devido à sua velocidade em campo, rapidamente recebeu a alcunha de 'Saeta Rubia'. Durante a sua longa carreira como futebolista, representou oficialmente 6 clubes argentinos, 1 colombiano e 6 espanhóis. Vestiu as cores de 3 selecções nacionais, a saber : a da Argentina, a da Colômbia e a de Espanha. Marcou centenas de golos. E foi treinador (depois de ter arrumado as chuteiras) de 11 clubes, de entre os quais destaco (por óbvias razões) o Sporting Clube de Portugal, que ele orientou na época de 1974-1975. Mas o seu clube de coração foi (e é) indubitavelmente o Real Madrid, onde ele conquistou os maiores sucessos e os mais prestigiosos dos seus títulos. A sua classe (e o medo que Di Stéfano provocava aos guarda-redes adversos) está resumida no estribilho de uma canção que lhe foi dedicada pelos adeptos argentinos e que dizia o seguinte : «Socorro, socorro, ahí viene la Saeta con su propulsión a chorro» («Socorro, socorro, aí vem a Seta com a sua propulsão a jacto»). Alfredo Di Stéfano festejará no próximo dia 4 de Julho a bonita idade de 88 anos. Mas já há muito tempo que, nos meios do futebol (mas não só), este deus dos estádios é considerado uma lenda viva.
QUE O ESPÍRITO DO 25 DE ABRIL...
.............. Que o espírito do 25 de Abril -focado na conquista de melhores dias para os Portugueses- presida a esta jornada de esperança. E de luta pela paz e pela justiça para todos. Que o povo desta terra seja iluminado pelo bom-senso e pelo discernimento. Viva o 25 de Abril !!!
quarta-feira, 23 de abril de 2014
O TEMPO...
.............. «O tempo não pára ! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...».
** Mário Quintana, poeta e jornalista brasileiro (1906-1994 **)
** Mário Quintana, poeta e jornalista brasileiro (1906-1994 **)
UM BLOGUE DE COISAS E LOISAS
Às vezes ponho-me a pensar que este blogue é, como dizia um famoso humorista brasileiro recentemente falecido, «um absurdo, pois, tal como a minhoca, não tem pés nem cabeça». Na realidade, serve para me entreter a escrever coisas (e loisas) que me interessam mais ou menos. Coisas tão díspares como a História, o futebol, a poesia, o turismo, a política, a culinária, o cinema, a ecologia, o dia a dia, etc, etc. Por isso, não leve a mal quem me lê (com a necessária pachorra) e pensa, muito provavelmente, que o autor destes despretensiosos textos está maluco e não tem cura. Não. Isto é, apenas, o passatempo de um velho de 70 anos, que tenta usar algum do seu tempo livre para dizer alguma coisa. Mesmo que não seja ouvido. E já agora peço desculpa a todos aqueles que discordam do que aqui é dito. Porque não há o intuito de contrariar ou de ofender quem quer que seja. Salvo os malandros que me (que nos) envenenam a vida.
O TRISTE FIM DO COURAÇADO «ROMA»
O «Roma» era um poderoso vaso de guerra italiano, pertencente à classe 'Littorio'. Autêntica fortaleza flutuante, eriçada de canhões, o couraçado «Roma» deslocava mais de 50 000 toneladas (em plena carga), media 240 metros de comprimento por 33 metros de boca (largura máxima) e estava armado com uma centena de peças de artilharia; que iam de 9 canhões de 381 mm até dezenas de peças antiaéreas de calibre muito mais modesto. Do seu equipamento faziam, igualmente, parte 3 hidroaviões de reconhecimento e de regulação de tiro. A sua guarnição era composta por 1 920 homens : oficiais, sargentos e praças. Lançado à água em 1940, este navio participou, sem grande êxito, na guerra travada, no Mediterrâneo, entre as forças navais da Itália fascista e a 'Royal Navy'. Em 9 de Setembro de 1943, depois do golpe de estado político-militar que depôs Benito Mussoulin e ditou a sua prisão, este navio (como muitos outros da frota italiana) fugiu de Itália para se render aos britânicas. Presume-se que se dirigia para Gibraltar ou para a ilha de Malta, quando foi surpreendido, ao largo da costa ocidental da Córsega, por aviões da 'Luftwaffe' (a aviação hitleriana) e alvejado. Bastaram duas inovadoras bombas radioguiadas do tipo FX-1400 para rebentar com o gigantesco navio. Os referidos engenhos (contendo 300 kg de explosivos), lançados por um bombardeiro Do.217E, atingiram a casa das máquinas, situada a meia-nau, e um paiol de munições localizado à proa do navio. As explosões causadas foram tão violentas, que, depois de se virar, o couraçado italiano soçobrou em menos de 10 minutos. No desastre morreram 1 253 marinheiros ! E também se fez a prova da vulnerabilidade destes navios de grande porte, que, no pós-guerra, acabaram por ser substituídos (quase todos eles) por porta-aviões, os novos reis dos mares. (A ilustração -de autor que eu desconheço e que pode ser ampliada com um simples clique do rato- mostra o momento em que a primeira bomba alemã é lançada sobre o «Roma»).
O MUSEU DO SABÃO, EM BELVER
Tive a oportunidade de visitar em Belver, há somente alguns dias, um espaço museológico, que lembra a todos aqueles que o visitam, que essa bonita vila do concelho de Gavião já teve uma indústria de saboaria importante. Inclusivamente uma Real Fábrica de Sabão, que funcionou em regime de monopólio até 1858. E que recorda, igualmente, que depois da quebra desse privilégio ali se instalaram várias empresas artesanais (as chamadas Casas do Sabão), que deram trabalho a muita gente da terra e que contribuiram, de maneira significativa, para o desenvolvimento de Belver. Achei este pequeno museu bonito, ditáctico, bem concebido e com pessoal simpático e conhecedor da matéria que se quer transmitir aos visitantes. Achei o Museu do Sabão um espaço digno e merecedor da visita de toda a gente da região e de todos os turistas que queiram passar férias tranquilas num lugar tão aprazível como este recanto do Alto Alentejo. E, já agora, uma sugestão às autoridades locais, mas não só : Belver tem um magnífico castelo medieval (com uma bonita vista para o Tejo), fundado por D. Sancho I em inícios do século XIII. Porque não criar no interior das suas muralhas um novo espaço museológico, desta vez consagrado à presença, em Portugal, dos cavaleiros da Ordem dos Hospitalários e ao seu contributo na reconquista do território nacional ? Seria qualquer coisa de inédito neste país e motivo para atrair à nossa região (com decorrentes benefícios económicos) ainda mais visitantes do exterior. Sobretudo gente que se interessa pela nossa História. Sei que isto pode parecer -em tempos de crise- utópico. Mas a verdade é que se não houver ideias e algum dinheiro investido utilmente (e com esperanças de retorno) não vamos a lado nenhum...
ENTENDIMENTO INTER-RACIAL EFÉMERO
América do norte, século XVI : Os primeiros europeus que visitaram a costa leste dos actuais Canadá e Estados Unidos, encetaram relações amistosas com os autóctones, que se mostraram hospitaleiros e cordiais. Mas essa idílica situação durou pouco tempo; só até ao dia em que os brancos, dominados pela fome de terras e de riquezas pertencentes colectivamente às nações pele-vermelhas, chocassem frontalmente com os interesses das populações locais. A guerra impiedosa que se seguiu -e que durou três longos séculos- terminou a favor dos europeus e dos seus descendentes e com o extermínio (quase total) dos indígenas da América setentrional. Acabando também com o seu singular modo de vida, baseado no respeito pela Natureza, que lhes garantia a sobrevivência e que inspirava a sua espiritualidade.
PARIS BY NIGHT. LINDA !
Envolvida pela noite e por uma profusão de luzes, eis Paris em todo o seu explendor ! Neste magnífico postal, destacam-se os jardins do famoso 'Champ de Mars', a Torre Eiffel (o monumento mais visitado da Cidade-Luz e quiçá de França), o Trocadero e, ao fundo, os arranha-céus da Défense, já fora de portas. À direita, a gigantesca (e, quanto a mim, inestética) torre Montparnasse. Tenho algumas saudades desta metrópole, onde, durante uma quinzena de anos, trabalhei e ganhei o pão... (Clicar para ampliar a fotografia anexada).
segunda-feira, 21 de abril de 2014
AVIAÇÃO EXÓTICA
Estes aparelhos são bimotores (turbohélices) 'Dash-8 200' da companhia Air Greenland. São de construção canadiana (Bombardier Aerospace) e estão equipados com propulsores Pratt & Whitney Pw 100, que lhes permitem voar à velocidade maxima de 537 km/h. O modelo 200 substituiu o modelo 100 a partir de 2005. Tem características STOL, o que quer dizer que pode descolar e aterrar em pistas relativamente curtas. O modelo 200 pode transportar um máximo de 39 passageiros em viagens de alcance médio. As cores vivas utilizadas pela supracitada companhia gronelandesa são típicas das regiões frias, frequentemente cobertas de neve. A firma Bombardier também fabricou aviões 'Dash' de maior capacidade : os modelos 300, para 50 passageiros, e o 400, para 78 viajantes. Até aos dias de hoje, mais de 1 100 aviões dos 4 modelos citados foram construídos pela firma canadiana Bombardier; aeronaves que foram vendidas no mundo inteiro. Tanto a companhias de transporte comercial, a serviços de protecção civil e de guarda-costas, como a diferentes ramos da aviação militar.
BENFICA CAMPEÃO 2013-2014
Simpatizante (sem fanatismo) do Benfica, não posso deixar de assinalar aqui a conquista antecipada do seu 33º título de campeão nacional de futebol. Vitória alcançada com muito mérito, apesar das mordidelas venenosas de alguns dos seus despeitados adversários ! Espero que o S.L.B. siga por bom caminho e que consiga alcançar mais alguns dos títulos em disputa; e que estão perfeitamente ao alcance do seu valor actual. Tenho dito.
sábado, 19 de abril de 2014
ESCAPAR À DOENÇA, PARA MORRER DA CURA...
Diz-se por aí (mas isso ainda não foi provado) que a economia portuguesa está melhor. Em contrapartida os Portugueses estão, cada dia, mais pobres. De tal modo que, não fora a solidariedade interna -praticada por cada um de nós ou por entidades como o Banco Alimentar, a Cáritas e similares- muita gente deste país já teria morrido de fome. O que não deixa de ser extraordinário em pleno século XXI, num país da Europa com recursos, mas que tem sido, desgraçadamente, gerido por notórios incompetentes e por desprezíveis carreiristas; por gente que fez da política o seu exclusivo ganha-pão. Pergunto-me : quantas décadas serão necessárias para superar esta crise que nos foi imposta pela finança internacional e pelos politiqueiros domésticos ? -Responda quem souber. Outra coisa que me preocupa é ver partir os nossos compatriotas, aos milhares, para o estrangeiro. E notar que, entre eles, vão aqueles jovens em que o país apostou (dando-lhes formação académica) para que, com o seu saber profissional e humano, a nação portuguesa evoluísse e se colocasse ao nível dos países que os vão receber e aproveitar-se dos seus conhecimentos. Conhecimentos pagos por todos nós. Penso que, considerando as condições de trabalho que lhes vão oferecer e as remunerações que vão auferir, podemos dizer adeus a quase todos esses moços e moças, aos quais, por cá, foi negado o futuro. Tanto mais que, para os que se dirigiram (e dirigem para a Europa evoluída), é agora muito fácil vir matar saudades da terra e da família. Com apenas 200 euros por viagem de ida e volta, qualquer companhia 'low cost' os põe em Lisboa ou no Porto enquanto o diabo esfrega um olho. Que tragédia esta, que sob o pretexto falacioso de nos fazerem escapar à doença, nos condenam a morrer da cura.
SABOROSA E RECONFORTANTE 'BRANDADE DE MORUE'
A França não é um país onde se apreciem especialmente os pratos confeccionados com bacalhau seco. Mas tem no seu receituário um deles que me dá um grande prazer degustar; que é a chamada 'Brandade de Morue'. Diz-se que este prato é originário do litoral provençal, mas eu não garanto tal procedência. Aqui deixo, no entanto e com muito gosto, uma das receitas (porque há várias) dessa comida tão sápida quanto consistente. Que, por esta última razão, deve ser acompanhada por uma salada verde. E já agora, por um vinho ligeiro. Um rosé fresquinho, por exemplo. Nota : a receita anexada é para 4 pessoas.
Ingredientes a utilizar
1/2 kg de bacalhau demolhado;
750 gr de batatas;
15 cl de leite;
3 ou 4 colheres de sopa de azeite;
3 ou 4 dentes de alho;
1 ramo de salsa;
sal e pimenta a gosto;
Azeitonas pretas.
Como proceder
Cozer as batatas e esmagá-las com um garfo;
Cozer o bacalhau, retirar peles e espinhas e desfiá-lo;
Misturar bem com o leite, o azeite, a salsa e o alho (finamente cortados) e salgar e apimentar a gosto;
Colocar num recipiente de ir ao forno e deixar 20 minutos. Há quem polvilhe com pão ralado e que, depois da cozedura, leve ao 'grill' para dourar. Decorar com as azeitonas.
Sirva quente e Bom apetite !
Ingredientes a utilizar
1/2 kg de bacalhau demolhado;
750 gr de batatas;
15 cl de leite;
3 ou 4 colheres de sopa de azeite;
3 ou 4 dentes de alho;
1 ramo de salsa;
sal e pimenta a gosto;
Azeitonas pretas.
Como proceder
Cozer as batatas e esmagá-las com um garfo;
Cozer o bacalhau, retirar peles e espinhas e desfiá-lo;
Misturar bem com o leite, o azeite, a salsa e o alho (finamente cortados) e salgar e apimentar a gosto;
Colocar num recipiente de ir ao forno e deixar 20 minutos. Há quem polvilhe com pão ralado e que, depois da cozedura, leve ao 'grill' para dourar. Decorar com as azeitonas.
Sirva quente e Bom apetite !
FUTEBOL DE OUTROS TEMPOS
Esta é a selecção francesa de futebol que, em 1958, disputou o Campeonato do Mundo da modalidade na Suécia. Para memória, vou citar o nome dos jogadores aqui retratados, que são (de pé e da esquerda para a direita) : Kaelbel, Penverne, Jonquet, Marcel, Remetter e Lerond. Agachados (e pela mesma ordem) estão : Wisnieski, Fontaine, Kopa, Piantoni e Vincent. Note-se que a formação gaulesa conquistou um honroso 3º lugar, depois de ter batido (por 6-3) a outra equipa semifinalista, que foi a da Alemanha Federal. O Mundial 58 foi, como se sabe, ganho pelo Brasil do jovem Pelé, atleta que perfez 17 anos de idade durante o evento. A selecção de França distinguiu-se ainda pelo facto de um dos seus dianteiros -Just Fontaine- ter sido o melhor marcador desse Campeonato do Mundo, com 13 golos. Nesse tempo, eu tinha 13 anos de idade...
NO PASSAMENTO DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
O mundo das letras está de luto. Deixou-nos, agora, um dos maiores génios de sempre da literatura de língua espanhola : o colombiano, galardoado com o Prémio Nobel, Gabriel García Márquez. Para eterna consolação de quem gosta de ler e de se emocionar, ficou o espólio de dezenas de obras de um homem que escrevia com a cabeça e com o coração. «Cem Anos de Solidão», «O General no Seu Labirinto», «Crónica de uma Morte Anunciada» e tantos outros dos seus livros asseguram-lhe a posteridade. Até sempre Gabo !...
sexta-feira, 18 de abril de 2014
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (1)
Espanha em conflito : uma formação da aviação franquista bombardeia uma posição dos republicanos. Estava-se em plena guerra civil (1936-1939) e os insurrectos ganhavam terreno às forças armadas que apoiavam o governo legítimamente eleito e internacionalmente reconhecido. Salvo pelos nazis de Hitler e pelos fascistas de Mussoulini, que decidiram oferecer aos generais rebeldes uma ajuda militar que se revelaria determinante. O Portugal de Salazar também contribuíu (com os 'Viriatos', mas não só) a fortalecer as hostes do caudilho. Na foto, pode observar-se um bombardeiro Savoia-Marchetti SM-81 com a sua escolta de caças Fiat CR-32; aeroplanos de origem italiana. A vitória dos franquistas mergulhou o país vizinho numa ditadura feroz, que durou 36 longos anos. E que muito fortaleceu o regime que por cá vigorava sob a férrea autoridade de Oliveira Salazar e sob vigilância da sua polícia política.
domingo, 13 de abril de 2014
ASSIM VAI O MUNDO...
Segundo um recentíssimo estudo do UNODC (departamento da ONU sobre drogas e crime) o Brasil registou, em 2012, mais de 50 100 homicídios. Ou seja 10% do total mundial ! Esta taxa assustadora de assassínios tem vindo a crescer nos últimos anos, apesar de, durante os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, as condições económicas dos brasileiros terem registado uma sensível melhoria. Isto, ao que dizem as estatísticas. O que leva alguns peritos a afirmar que crime e pobreza não estão forçosamente associados. A verdade é que, no Brasil, tal como em outros países das Américas (EUA incluídos), existe uma cultura da violência, que toca gente de todas as camadas sociais, até mesmo aquelas pessoas a quem o dinheiro e o bem-estar não faltam. A taxa brasileira de homicidios ascendeu, no ano em causa, a 25,2 pessoas por 100 000 habitantes, o que é deveras assustador. E que preocupa todos aqueles turistas que encaram a possibilidade de visitar o País do Carnaval aquando dos próximos grandes eventos desportivos a realizar em terras de Vera Cruz : o Campeonato do Mundo de Futebol (que começará em Junho deste ano) e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, programados para 2016. Mas, pensando bem, a tradição mantém-se, pois já nos anos 30 do passado século -no tempo em que, na América do Norte, imperavam a Lei Seca, as metralhadoras Thompson e os capangas de Al Capone- morria mais gente assassinada nas ruas da antiga capital do Brasil do que nas da cidade de Chicago. Que lástima !
Esta semana, pela primeira vez na minha vida, estive na bonita cidade de Viana do Castelo. E, subindo ao miradouro de Santa Luzia, não resisti à tentação de, dali, deitar uma perturbante olhadela aos estaleiros da E.N.V.C.; que os (des)governos deste país acharam por bem ambandonar. Isso, enquanto os políticos da situação, incluindo o senhor presidente da República, cuntinuam a fazer lindos discursos sobre a nossa vocação marítima e sobre as vantagens oferecidas pela nossa Z.E.E., que é uma das mais vastas e ricas da Europa... A propósito, estou-me agora a lembrar de ter lido nos jornais desta semana, que um empresário do norte do país prometeu a recuperação do estaleiro, graças à futura encomenda de 4 barcos de cruzeiros fluviais para o Reno e para o Danúbio, cujo valor ascenderia a 100 milhões de euros. Que venha o contrato de construção desss barcos ! Acontece, por outro lado, que o presidente do município vianense, José Maria Costa, tem vindo a manifestar a sua preocupação perante a preparação da venda (em leilão) de certos equipamentos do estaleiro -nomeadamente gruas e material similar- que são indispensáveis ao bom funcionamento futuro daquela unidade industrial. Afinal, em que ficamos ? -A actividade dos estaleiros é mesmo para relançar, ou isso são tretas e o bota-abaixo definitivo é para levar até às últimas consequências ?
Também há poucos dias, por ocasião do seu 83º aniversário, o comendador Rui Nabeiro -o homem dos cafés Delta e maior empregador de todo o Alentejo- inaugurou em Campo Maior o Centro de Ciência do Café; que é um espaço (com uma superfície de 3 426 m2) onde se pretende transmitir conhecimentos científicos, tecnológicos e sociais sobre uma das bebidas mais consumidas no mundo. Esse espaço inovador, único na Europa, representou um investimento de 3 milhões de euros e é mais um trunfo para o turismo do Alto Alentejo. Com três pisos, onde funcionam cinco secções diferenciadas, o C.C.C. propõe-se -através de cenografias, imagens e recursos interactivos adequados- explicar tudo sobre o café : 1- Da Planta ao Grão; 2- A Palavra Café; 3- História do Café; 4- A Transformação do Café; 5- O Consumo do Café. Para além destas secções, funciona, no Centro de Ciência do Café, um pequeno museu, onde ficam expostos inúmeros objectos, oriundos (quase todos eles) da colecção particular da família Nabeiro; peças que vão das simples chávenas até às embalagens comerciais do produto e de moinhos e máquinas de café até ao primeiro veículo automóvel utilizado pelo fundador da Delta no seu negócio. Para os amadores de café, mas também para todos os curiosos, uma visita ao C.C.C. (que estará aberto ao público de 3ª feira a sábado) impõe-se, aquando de uma passagem pelo distrito de Portalegre. Onde, como sempre, todos serão bem-vindos !
sábado, 12 de abril de 2014
AS MINHAS CANÇÕES PREFERIDAS
.......... «CAMINO DE SAHARA»
Inmensa región arenosa,
Hermana de Egipto y Arabia,
Infierno de sol y espejismo,
Sahara eres tú...
Sahara, aquí vá mi caravana,
Estéril tierra africana,
Cuna en que reposa el sol.
Allá el sol comienza a morir,
Y vá esta oración para ti.
Y la luna parece un turbante de plata perdido de Alá...
Sahara, harén de luna y estrellas,
Jardin de Alá, flor de arena,
La favorita del sol.
Sahara, templo de la diosa amada,
Flor del desierto, quemada,
Sacerdotisa de amor...
La favorita del sol,
Del sol.
Los Tamara era um grupo galego (os seus membros eram originários da província da Corunha) que começou a sua actividade artística em inícios dos anos 60. O seu sucesso foi imediato e imenso, nomeadamente no nosso país, onde Los Tamara angariaram muitos admiradores. Também cantavam em língua galega. «Camino de Sahara» (em castelhano) foi um dos maiores sucessos deste inolvidável grupo musical. Eu fui fã. E ainda sou. (Podem ser ouvidos no You Tube e os seus discos ainda figuram no catálogo de certas casas como a Amazon).
Inmensa región arenosa,
Hermana de Egipto y Arabia,
Infierno de sol y espejismo,
Sahara eres tú...
Sahara, aquí vá mi caravana,
Estéril tierra africana,
Cuna en que reposa el sol.
Allá el sol comienza a morir,
Y vá esta oración para ti.
Y la luna parece un turbante de plata perdido de Alá...
Sahara, harén de luna y estrellas,
Jardin de Alá, flor de arena,
La favorita del sol.
Sahara, templo de la diosa amada,
Flor del desierto, quemada,
Sacerdotisa de amor...
La favorita del sol,
Del sol.
Los Tamara era um grupo galego (os seus membros eram originários da província da Corunha) que começou a sua actividade artística em inícios dos anos 60. O seu sucesso foi imediato e imenso, nomeadamente no nosso país, onde Los Tamara angariaram muitos admiradores. Também cantavam em língua galega. «Camino de Sahara» (em castelhano) foi um dos maiores sucessos deste inolvidável grupo musical. Eu fui fã. E ainda sou. (Podem ser ouvidos no You Tube e os seus discos ainda figuram no catálogo de certas casas como a Amazon).
sexta-feira, 11 de abril de 2014
BALEIAS, HERANÇA DE UM MUNDO DESAPARECIDO
Relíquia de tempos pré-históricos, a baleia é um património vivo que deve ser protegido contra tudo e contra todos. Felizmente, já poucos homens a caçam. Façamos que esse pequeno número de caçadores de cetáceos se extinga completamente e que esses gigantes de mares e oceanos possam sobreviver a práticas de outras eras. Para harmonia da mãe Natureza...
QUANDO HOLLYWOOD VEIO A LISBOA
Contrariamente àquilo que, hoje, muita gente pensa, a Lisboa de meados dos anos 50 era uma cidadezita sem grande projecção internacional. O turismo era incipiente e o regime que então vigorava no país -ditatorial e retrógrado- colocava a capital portuguesa fora dos acontecimentos mundanos, que faziam as notícias da imprensa internacional. Em 1955, um acontecimento veio, porém, agitar o quotidiano da velha e bela cidade de Ulisses : a chegada de gente em proveniência de Hollywood; que aparecia com a intenção de por cá rodar uma película. Essa gente (técnicos e actores) era encabeçada por Ray Milland, um dos nomes sonantes da chamada Meca do Cinema; que, após uma longa e profícua carreira de actor, fora encarregado pelos estúdios Republic Pictures, de rodar em Lisboa uma película que haveria de tomar por título o nome da maior cidade de Portugal. Devido, em parte, ao provincianismo vigente, esse acontecimento teve repercussões até então nunca vistas. Sobretudo nos meios ligados ao espectáculo. Por Lisboa passaram, por causa do filme, vedetas importantes do mundo do cinema, tais como o já referido actor-realizador Ray Milland, mas igualmente Maureen O'Hara, Claude Rains, Yvonne Furneaux e outros. Que se fizeram retratar pelos fotógrafos dos jornais locais e concederam entrevistas à imprensa. O filme «Lisboa» («Lisbon») não trouxe nada de novo ou de especial ao cinema norte-americano ou mundial, mas teve o condão de levar o nome da Princesa do Tejo aos mais recônditos lugares da Terra. O que se podia considerar como uma promoção da cidade e do país. A história contada inseria-se no ambiente tenso da Guerra Fria (então no seu auge) e tinha, simultaneamente, ares de 'thriller' político-policial. Para recordação dessa fita e do tempo em que Lisboa se encheu de gente vinda dos estúdios mais famosos do mundo, aqui deixo algumas images alusivas à obra de Milland; que para além de ter assumido a realização do filme, também reservou para si o principal papel masculino da película em questão.
PROFISSÕES DE ANTANHO
Pescador de bacalhau. Talvez a mais dura de todas as profissões exercidas pelos portugueses do século XX. Sozinho no seu frágil bote (um dóri), o homem passava os dias de campanha -nos frígidos e perigosos mares da Terra Nova e da Gronelândia- a fisgar o apreciado peixe e a carregar a sua frágil embarcação. À tarde, regressava ao lugre à força dos remos accionados pelas suas mãos calosas. Isso, quando o pescador não se perdia nas traiçoeiras brumas das regiões boreais... Recebia, em troca do seu labor titanesco, um salário de miséria; que mal dava para encher a barriga da mulher e dos filhos, que ansiosamente o esperavam, após meses e meses de campanha, num dos portos da nossa costa atlântica.
Barbeiro. Era ao seu estabelecimento que se ia para desbastar a cabeleira e/ou para fazer a barba. Mas, também por lá se passava simplesmente para ler «A Bola» ou o «Record», comentar as façanhas do áses do futebol e inteirar-se dos mexericos do bairro. O barbeiro era, igualmente, um confidente a quem se contavam os problemas do dia a dia. Na sua casa falava-se de tudo e de nada. À excepção, porém, de uma coisa : de política. A não ser que o fígaro fosse de total confiança e a barbearia estivesse momentaneamente deserta...
Lavrador. Se, no Alentejo, este termo significava 'latifundiário, proprietário rural abastado', já no resto do país, muito especialmente no norte, lavrador era mesmo o homem que, esforçadamente, trabalhava a terra. Com a ajuda de um arado e, geralmente, de uma junta de bois ou de outros possantes animais domésticos. Do seu esforço e do seu saber dependia, quase sempre, a economia do lar; que vivia ou sofria consoante o resultado das colheitas de cereais, de batatas e de outros produtos comestíveis que o lavrador semeava. O trabalho do lavrador era, também ele, de uma grande rudeza e sacrifício. O aparecimento (tardio, em Portugal) dos engenhos mecânicos -sobretudo dos tractores- mudou, radicalmente, a maneira de trabalhar a terra e acabou, porventura, com uma 'raça' de homens, cuja força e robustez eram desterminantes para o exercício de tarefa tão ingrata.
Barbeiro. Era ao seu estabelecimento que se ia para desbastar a cabeleira e/ou para fazer a barba. Mas, também por lá se passava simplesmente para ler «A Bola» ou o «Record», comentar as façanhas do áses do futebol e inteirar-se dos mexericos do bairro. O barbeiro era, igualmente, um confidente a quem se contavam os problemas do dia a dia. Na sua casa falava-se de tudo e de nada. À excepção, porém, de uma coisa : de política. A não ser que o fígaro fosse de total confiança e a barbearia estivesse momentaneamente deserta...
Lavrador. Se, no Alentejo, este termo significava 'latifundiário, proprietário rural abastado', já no resto do país, muito especialmente no norte, lavrador era mesmo o homem que, esforçadamente, trabalhava a terra. Com a ajuda de um arado e, geralmente, de uma junta de bois ou de outros possantes animais domésticos. Do seu esforço e do seu saber dependia, quase sempre, a economia do lar; que vivia ou sofria consoante o resultado das colheitas de cereais, de batatas e de outros produtos comestíveis que o lavrador semeava. O trabalho do lavrador era, também ele, de uma grande rudeza e sacrifício. O aparecimento (tardio, em Portugal) dos engenhos mecânicos -sobretudo dos tractores- mudou, radicalmente, a maneira de trabalhar a terra e acabou, porventura, com uma 'raça' de homens, cuja força e robustez eram desterminantes para o exercício de tarefa tão ingrata.
VIVA ZAPATA !!!
Foi há precisamente 95 anos -a 10 de Abril de 1919- que morreu o revolucionário Emiliano Zapata Salazar, herói nacional do México. Nesse fatídico dia, Zapata foi atraído a uma emboscada e assassinado, cobardemente, a tiros de revólver -disparados à queima roupa- por um general afecto ao ditador Porfirio Díaz. Assim desapareceu fisicamente (aos 40 anos de idade) um homem que lutou toda a sua vida pela emancipação dos 'campesinos' mexicanos, aos quais ele propôs o seu famoso Plano de Ayala; que preconizava uma reforma agrária, baseada no princípio «a terra a quem a trabalha». Que viva Zapata !!!
quarta-feira, 9 de abril de 2014
AZEITES DE PORTUGAL
Com a plantação maciça de olivais nas regiões irrigadas pela barragem do Alqueva -no Alentejo- Portugal pode tornar-se, a breve termo, o primeiro produtor mundial de azeite. Há, pois, que valorizar esse óleo vegetal de excepção junto dos mercados estrangeiros, para que se tirem proventos consequentes dessa maravilha oferecida pela natureza e, também, pelo trabalho esforçado dos nossos olivicultores. Nada de vender esse óleo benfazejo -nos mercados externos- ao preço da uva mijona. Estejam atentos e vejam que valores pedem os italianos (entre outros concorrentes dos nossos produtores de azeite) pelos seus 'oleos di oliva'. Alguns deles atingem preços verdadeiramente escandalosos em Berlim, em Londres, em Nova Iorque ou em Estocolmo. Sobretudo aqueles que aparecem nos mercados dos países ricos com a etiqueta de «azeite biológico». Valorizemos lá fora o que é nosso ! Talvez isso permita descer os preços no mercado interno...
AINDA A PROPÓSITO DO 'AUMENTO' DO SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL
Trabalhar por 500 euros (brutos) mensais é, simplesmente, um roubo. Daí a pertinência da mensagem deste cartaz, cuja tradução é a seguinte : «O crime não compensa. O trabalho também não».
LEMBRAR O 9 DE ABRIL (DE 1918)
Embora tenha caído no esquecimento da maioria dos nossos compatriotas, a verdade é que se comemora, hoje, uma das datas mais tristes do Portugal contemporâneo : a dos 96 anos da batalha de La Lys, durante a qual o Corpo Expedicionário Português perdeu 7 500 homens, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros. Travada na Flandres (no sector de Ypres), este confronto entre as tropas anglo-lusas e tudescas durou 4 horas e terminou com uma vitória arrasadora do exército imperial alemão. Exército que, no entanto, acabaria por perder a guerra (a mais devastadora e mortífera da História da Humanidade até então) a favor das nações aliadas. A Grande Guerra -com intervenção portuguesa na Europa e em África- deixou tristes recordações na nossa terra, com mortos em todas as regiões do país.
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
ACORDAI !
Acordai!
Acordai, homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
Das almas viris,
Arrancar a flor
Que dorme na raíz!
Acordai!
Acordai, raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras e o mar,
O mundo e os corações...
Acordai!
Acendei, de almas e de sóis,
Este mar sem cais,
Nem luz de faróis!
E acordai, depois
Das lutas finais,
Os nossos heróis
Que dormem nos covais.
ACORDAI!
**José Gomes Ferreira (1900-1985), prosador e poeta português**
COISAS BOAS
Fatiar um salmão fumado requer a mesma ciência que se exige àqueles que procedem ao corte de um presunto 'pata negra' ou de um 'San Daniele'. Todos estes produtos são preciosos e o seu trato requer os serviços de um profissional competente e bem equipado. Muito bom apetite !