Pescador de bacalhau. Talvez a mais dura de todas as profissões exercidas pelos portugueses do século XX. Sozinho no seu frágil bote (um dóri), o homem passava os dias de campanha -nos frígidos e perigosos mares da Terra Nova e da Gronelândia- a fisgar o apreciado peixe e a carregar a sua frágil embarcação. À tarde, regressava ao lugre à força dos remos accionados pelas suas mãos calosas. Isso, quando o pescador não se perdia nas traiçoeiras brumas das regiões boreais... Recebia, em troca do seu labor titanesco, um salário de miséria; que mal dava para encher a barriga da mulher e dos filhos, que ansiosamente o esperavam, após meses e meses de campanha, num dos portos da nossa costa atlântica.
Barbeiro. Era ao seu estabelecimento que se ia para desbastar a cabeleira e/ou para fazer a barba. Mas, também por lá se passava simplesmente para ler «A Bola» ou o «Record», comentar as façanhas do áses do futebol e inteirar-se dos mexericos do bairro. O barbeiro era, igualmente, um confidente a quem se contavam os problemas do dia a dia. Na sua casa falava-se de tudo e de nada. À excepção, porém, de uma coisa : de política. A não ser que o fígaro fosse de total confiança e a barbearia estivesse momentaneamente deserta...
Lavrador. Se, no Alentejo, este termo significava 'latifundiário, proprietário rural abastado', já no resto do país, muito especialmente no norte, lavrador era mesmo o homem que, esforçadamente, trabalhava a terra. Com a ajuda de um arado e, geralmente, de uma junta de bois ou de outros possantes animais domésticos. Do seu esforço e do seu saber dependia, quase sempre, a economia do lar; que vivia ou sofria consoante o resultado das colheitas de cereais, de batatas e de outros produtos comestíveis que o lavrador semeava. O trabalho do lavrador era, também ele, de uma grande rudeza e sacrifício. O aparecimento (tardio, em Portugal) dos engenhos mecânicos -sobretudo dos tractores- mudou, radicalmente, a maneira de trabalhar a terra e acabou, porventura, com uma 'raça' de homens, cuja força e robustez eram desterminantes para o exercício de tarefa tão ingrata.
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