sábado, 19 de abril de 2014

ESCAPAR À DOENÇA, PARA MORRER DA CURA...

Diz-se por aí (mas isso ainda não foi provado) que a economia portuguesa está melhor. Em contrapartida os Portugueses estão, cada dia, mais pobres. De tal modo que, não fora a solidariedade interna -praticada por cada um de nós ou por entidades como o Banco Alimentar, a Cáritas e similares- muita gente deste país já teria morrido de fome. O que não deixa de ser extraordinário em pleno século XXI, num país da Europa com recursos, mas que tem sido, desgraçadamente, gerido por notórios incompetentes e por desprezíveis carreiristas; por gente que fez da política o seu exclusivo ganha-pão. Pergunto-me : quantas décadas serão necessárias para  superar esta crise que nos foi imposta pela finança internacional e pelos politiqueiros domésticos ? -Responda quem souber. Outra coisa que me preocupa é ver partir os nossos compatriotas, aos milhares, para o estrangeiro. E notar que, entre eles, vão aqueles jovens em que o país apostou (dando-lhes formação académica) para que, com o seu saber profissional e humano, a nação portuguesa evoluísse e se colocasse ao nível dos países que os vão receber e aproveitar-se dos seus conhecimentos. Conhecimentos pagos por todos nós. Penso que, considerando as condições de trabalho que lhes vão oferecer e as remunerações que vão auferir, podemos dizer adeus a quase todos esses moços e moças, aos quais, por cá, foi negado o futuro. Tanto mais que, para os que se dirigiram (e dirigem para a Europa evoluída), é agora muito fácil vir matar saudades da terra e da família. Com apenas 200 euros por viagem de ida e volta, qualquer companhia 'low cost' os põe em Lisboa ou no Porto enquanto o diabo esfrega um olho. Que tragédia esta, que sob o pretexto falacioso de nos fazerem escapar à doença, nos condenam a morrer da cura.

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