quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
HELLO CONNIE FRANCIS !
Nascida no estado de Nova Jérsia, no seio de uma família de origem italiana, Concetta Rosemarie Franconero revelou-se nos anos 60 (do século passado, obviamente) uma das grandes vozes da canção norte-americana. Tendo adoptado o nome artístico de Connie Francis, os seus sucessos discográficos -que foram muitos- correram o mundo. Mas, de todas as suas canções, as que eu mais aprecio são aquelas que ela gravou em homenagem à terra dos seus antepassados. Aqui há tempos comprei -para oferecer à minha companheira, que é uma incondicional da artista- o primeiro CD da 'The Italian Collection', que contém êxitos como «Mama», «Chitarra Romana», «Ciao, Ciao Bambino», «Arrivederci Roma», «Al di Là», «Io Che Non Vivo Senza Te» e muitos mais. Uma maravilha !
OS CARGUEIROS DO TIPO 'LIBERTY SHIP'
Os estaleiros navais norte-americanos construiram -entre 1941 e 1945- cerca de 2 600 cargueiros deste tipo. O 'Liberty ship' era um navio de 7 200 toneladas de deslocamento, cuja propulsão era assegurada por uma máquina a vapor de 2 500 cv; engenho que imprimia ao navio uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 10 nós. O seu casco de aço era soldado por trabalhadores formados à pressa, já que a maior parte dos operários especializados da época havia sido mobilizada e se batia nas diferentes frentes de combate da Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, a sua construção desenrolou-se a um ritmo acelerado (entre 2 e 3 meses por cada unidade), resultando daí algumas fraquezas estruturais. Apesar de tudo, os 'Libertys' deram um enorme contributo para a vitória final dos Aliados contra o nazismo. No imediato pós-guerra, os cargueiros deste tipo passaram a integrar todas as frotas mercantes do mundo e (em 1946/47) representavam 28% da tonelagem mundial de navios em serviço.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
YMA SUMAC
Quem, na Europa, se lembra ainda desta cantora peruana, que assombrou o mundo nos anos 40/50 do século passado, com a sua voz de 'mezzo soprano' ? -Provavelmente (e infelizmente) muito pouca gente. Yma Sumac (1922-2008) foi, no entanto, uma estrela internacional, que triunfou nos palcos do mundo inteiro graças ao seu excepcional registo (de 5 oitavas), que fazia da sua voz uma das mais belas de todos os tempos. Mas a glória é assim, injusta e efémera.
Nascida (ao que parece) numa região montanhosa do Perú, Zoila Augusta Emperatriz Chávarri del Castillo -seu verdadeiro nome- era uma descendente reconhecida de Atahualpa, o último imperador Inca, assassinado pelos conquistadores espanhóis em 1533. Yma começou a cantar em público muito jovem e explicava assim a sua aprendizagem : «Os sons estranhos que ouvi na montanha não são os mesmos da selva peruana. A Amazónia está repleta de sons exóticos, que podem ser terríficos e, ao mesmo tempo, fonte de inspiração. E foi aí que eu estudei, tentando imitar o canto dos pássaros, dizendo : eis o meu público !».
NOUTROS TEMPOS, PASSEANDO PELA EUROPA
Dizia o velho marechal Philippe Pétain (herói e traidor - vencedor da batalha de Verdun, durante a Grande Guerra, e colaborador da Alemanha nazi, durante o segundo conflito global) que «as viagens formam a juventude». Nada mais verdadeiro; e eu agora tenho saudades dos tempos -já distantes- em que podia deambular por onde me apetecesse, porque trabalhava, recebia um salário que assegurava à minha família um razoável poder de compra e o mundo era mais seguro. Enfim ! Belos tempos...
Paris (França), fins da década de 60 : o bloguista (à direita) visitando a torre Eiffel com um grupo de familiares
Oslo (Noruega), 1976 : o bloguista retratado diante de uma das estátuas de Gustav Vigeland, no parque consagrado a este artista
Etna (Sicília, Itália), 1990 : o blogueiro a cerca de 3 300 m de altitude, com um casal amigo, junto à cratera principal do maior vulcão activo da Europa
Palma de Maiorca (Espanha), 1991 : com a esposa diante da famosa baía. Não ! O iate que se vê em segundo plano não é nosso...
Castelo de Vide (Portugal), em 1992 : com a companheira na antiga fonte pública de uma das mais belas localidades do Alentejo
Atenas (Grécia), 1993 : o bloguista na colina da Acrópole, diante do Pártenon. Não, não; eu nada tenho a ver com a degradação do edifício
Brighton (Inglaterra), 1994 : passeando nas ruas do centro histórico. A hora mais difícil por estas bandas é a do almoço; quando se serve o tradicional (e execrand) prato 'fish and chips'
Paris (França), fins da década de 60 : o bloguista (à direita) visitando a torre Eiffel com um grupo de familiares
Oslo (Noruega), 1976 : o bloguista retratado diante de uma das estátuas de Gustav Vigeland, no parque consagrado a este artista
Etna (Sicília, Itália), 1990 : o blogueiro a cerca de 3 300 m de altitude, com um casal amigo, junto à cratera principal do maior vulcão activo da Europa
Palma de Maiorca (Espanha), 1991 : com a esposa diante da famosa baía. Não ! O iate que se vê em segundo plano não é nosso...
Castelo de Vide (Portugal), em 1992 : com a companheira na antiga fonte pública de uma das mais belas localidades do Alentejo
Atenas (Grécia), 1993 : o bloguista na colina da Acrópole, diante do Pártenon. Não, não; eu nada tenho a ver com a degradação do edifício
Brighton (Inglaterra), 1994 : passeando nas ruas do centro histórico. A hora mais difícil por estas bandas é a do almoço; quando se serve o tradicional (e execrand) prato 'fish and chips'
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
AMNESTY INTERNATIONAL
Era com o auxílio de cartazes desta natureza que, nos anos 70 do século passado, a secção francesa da 'Amnesty International' solicitava o auxílio financeiro, que lhe permitia agir a favor dos detidos por delito de opinião, em muitos países do mundo. As ditaduras desse tempo não se limitavam a prender os homens e as mulheres que não partilhavam da opinião imposta pelos governos vigentes. Torturavam-nos e, por vezes, até os assassinavam. Embora a situação já não seja a mesma, a verdade é que ainda hoje subsistem bolsas de intolerância, onde os direitos humanos são sistematicamente violados. Algumas delas até perduram em países ditos democráticos...
«A NOITE DO MEU BEM»
A NOITE DO MEU BEM
Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver
Quero a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje, eu quero paz de criança dormindo
Quero o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero a alegria de um barco voltando
Quero ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje, eu quero o amor, o amor mais profundo
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem
Mas, como esse bem demorou a chegar
Eu já não sei se terei no olhar
Toda a ternura que eu quero lhe dar
De todas as canções românticas brasileiras que eu conheço, esta é, sem dúvida, uma das minhas preferidas. É da autoria (letra e música) de Adiléa da Silva Rocha, que foi, com o pseudónimo de Dolores Duran, também quem melhor a cantou. Esta autora-compositora-intérprete brasileira nasceu no Rio de Janeiro em 1930 e teve uma carreira efémera, apesar de se ter iniciado muito cedo na rádio e nos palcos. Senhora de uma voz bonita e calorosa, Dolores Duran faleceu a 23 de Outubro de 1959, quando contava apenas 29 anos de idade e já era uma estrela. O samba-canção cuja letra aqui vos deixo foi, porventura, o seu maior êxito; mas outras melodias agradáveis e de sucesso -como «Fim de Caso», «Estrada do Sol», «Quem sou Eu», «Solidão», «Por Causa de Você», «Escurinho», «Conversa de Botequim», «Conceição», etc- constituem a herança que ela deixou à chamada música ligeira do Brasil.
Dolores Duran actuando numa 'boite' do Rio de Janeiro, sua cidade-natal
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
NOS MARES GÉLIDOS
Este bonito e sugestivo quadro de Jeff Weaver mostra dois pescadores de bacalhsu norte-americanos nas águas dos Grandes Bancos. O barco que utilizam é um dóri, que no fim de um dia de árdua labuta deve regressar ao navio-mãe -que se avista ao longe- com o peixe capturado. Nada, pois, de bem diferente do que fizeram os seus colegas portugueses. A não ser isto : os nossos pescadores trabalhavam sozinhos, aplicando a política de «um barco, um homem». Esta tela foi intitulada pelo seu autor «Approaching snow squall», o que significa na nossa língua 'Aproxima-se uma tempestade de neve'.
SHANGAI BY NIGHT
Semelhante a qualquer outra urbe de um mundo cada vez mais pequeno, Xangai podia muito bem confundir-se, hoje, com qualquer grande cidade do Ocidente. Mas, os neons que enfeitam os seus arranha-céus continuam a 'falar' nas línguas de uma China eterna, que avança, que avança...
O VOSSO TANQUE, GENERAL
O VOSSO TANQUE, GENERAL
O vosso tanque, general
É um carro forte
Derruba uma floresta
Esmaga cem homens
Mas tem um defeito :
Precisa de um motorista.
O vosso bombardeiro, general
É poderoso
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito :
Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil
Sabe voar e sabe matar
Mas tem um defeito :
Sabe pensar.
(Bertold Brecht)
«Derruba uma floresta...»
«Voa mais depressa que a tempestade...»
...mas precisam de um homem. E o homem (por vezes) pensa e ajuiza
domingo, 3 de janeiro de 2010
O CHARME DO WESTERN DE SÉRIE B
Todo o charme do western de série B está patente neste cartaz belga do filme «A Day of Fury», realizado em 1956 por Harmon Jones. Esta fita chamou-se por cá «Dia de Fúria», título muito parecido com o original; o que, diga-se de passagem, nem sempre acontecia...
MANIPULAÇÕES
Quando o homem se põe a manipular a natureza chega-se a aberrações como esta. Ou a laranjas e tomates do tamanho de berlindes, a pimentos cor-de-laranja fluorescente, a suínos com mais duas costeletas, etc, etc. Cabe-nos perguntar : para quando é que nos arranjam uma pescadinha de rabo na boca de uma sapateira ou umas cerejas azuis com a forma de garrafinhas de pirolito ? -Seria tão divertido...
O AMARELO DA CARRIS
O amarelo dos carros eléctricos de Lisboa é uma mancha alegre e móvel no quotidiano da cidade, da qual eles são, incontestavelmente, um dos emblemas. Foi esse símbolo oficioso da capital que inspirou a José Carlos Ary dos Santos um dos seus inesquecíveis poemas. Que nos fala do sucessor do Chora e do Americano, mas também da gente que ele leva «de Alfama à Mouraria», «da Baixa ao Bairro Alto» e da Graça até outros recantos da bela cidade de Ulisses.
«O Amarelo da Carris»
O amarelo da Carris
vai de Alfama à Mouraria,
quem diria.
Vai da Baixa ao Bairro Alto,
trepa a Graça em sobressalto,
sem saber geografia.
O amarelo da Carris
já teve um avô outrora,
que era o Chora.
Teve um pai americano,
foi inglês por muito ano,
só é português agora.
Entram magalas, costureiras;
descem senhoras petulantes.
Entre a verdade, os beliscos e as peneiras,
fica tudo como dantes.
'Quero um de quinze p'rá Pampulha'.
Já é mais caro este transporte.
E qualquer dia,
mudo a agulha, porque a vida
está pela hora da morte
O amarelo da Carris
tem miséria à socapa
que ele tapa.
Tinha bancos de palhinha,
hoje tem cabelos brancos,
e os bancos são de napa.
No amarelo da Carris
já não há 'pode seguir'
para se ouvir.
Hoje o pó que o faz andar
É o pó do Lavalar
com que ele se foi cobrir.
Quando um rapaz empurra um velho,
ou se machuca uma criança,
então a gente vê ao espelho o atropelo
e a ganância que nos cansa.
E quando a malta fica à espera,
é que percebe como é :
passa à pendura
um pendura que não paga
e não quer andar a pé.
Entram magalas, costureiras;
descem senhoras petulantes.
Entre a verdade, os beliscos e as peneiras,
fica tudo como dantes.
'Quero um de quinze p'rá Pampulha'.
Já é mais caro este transporte.
E qualquer dia,
mudo a agulha, porque a vida
está pela hora da morte.
Este poema de Ary foi musicado por José Luís Tinoco e encontrou na voz inigualável de Carlos do Carmo o seu mais famoso e caloroso divulgador
«POULET DE DIEPPE»
O arenque fumado (hareng saur) foi um dos petiscos preferidos das gentes da orla marítima normanda. Sobretudo das pessoas das classes populares do litoral do Sena-Marítimo, departamento que se estende do Tréport (ao norte) até ao Havre, cidades ribeirinhas do mar da Mancha. A carne deste peixe era (fumada e não só) tão apreciada, que os normandos chamavam, ao arenque, o 'frango de Dieppe'. Por alusão ao porto que mais pesca esta espécie em todo o canal que separa a França de Inglaterra. Dieppe até tem o seu festival do arenque, evento no qual comparecem largos milhares de pessoas da região, mas também vindas de Paris e de outras cidades do interior...
RECORDANDO O VELHO FOUGA MAGISTER
Fui, na minha juventude, um frequentador assíduo de festivais aéreos e de manifestações afins; e lembro-me, ainda muito bem, de ter visto a 'Patrouille de France' (formação acrobática da força aérea gaulesa) operar aviões iguais aos representados na imagem : aparelhos Fouga Magister. Estes vistosos aviões eram destinados à formação de pilotos, mas também existiam em versões de combate, designadas pelos nomes de 'Zéphyr' -uma vertente naval- e de CM 175. Esta última foi exportada pelo constructor Potez Air-Fouga para inúmeros países, entre os quais se contaram a Bélgica, a R.F.A., a Áustria, a Finlândia, os Países-Baixos e Israel. Os aparelhos deste tipo utilizados pela 'Patrouille de France' foram substituídos, no seio dessa unidade de elite, por aeronaves 'Alpha-Jet'.