Faleceu ontem, com 71 anos de idade, a actriz italiana Rosanna Schiaffino. Esta bela mulher do cinema transalpino dos anos 50 e 60 do século passado não era uma comediante excepcional, do nível das suas compatriotas Anna Magnani ou Giulietta Massina, por exemplo. Mas constituíu -ao lado de Sofia Loren, de Gina Lollobrigida, de Silvana Mangano e de Rossana Podestà- um dos grandes atractivos das telas portuguesas de meados da centúria transacta. Os seus filmes (e agora estou a referir-me às cinco beldades supracitadas) eram um fantástico chamariz para os machos lusitanos, simultaneamente frustrados e lúbricos, que acudiam às salas de cinema dos seus bairros de cada vez que os cartazes as anunciavam nas fitas ali em exibição. Essas películas até podiam não ter grande qualidade cinematográfica, as beldades até podiam ser inábeis no desempenho dos seus papéis, mas o importantes, para gáudio da malta e muita inveja das flausinas locais, era exibirem as suas carinhas larocas e, se a censura se distraísse, desvendarem para as plateias portuguesas uma parte dos seus opulentos seios e das suas pernas bem torneadas. É que se estava num tempo e num lugar (é conveniente lembrar) em que essas coisas, hoje banalíssimas, não se desvendavam nem sequer nas praias; onde as senhoras deviam assumir o decoro imposto pela moral salazarista, vestindo austeros fatos-de-banho, e onde até os homens usavam ridículos calções de alças. Nada, pois, a ver com as praias do nosso tempo, onde imperam os ‘strings’ e onde a prática do monokini também já não é coisa rara.
Para ilustrar o que aqui escrevo, quero dizer que me lembro de um amigo, assíduo frequentador do modesto cinema do meu bairro, fazer uma obsessão (que perdura) em relação aos filmes «Arroz Amargo» («Riso Amaro», realizado em 1949 por Giuseppe de Santis) e «A Rapariga do Rio Pó» («La Donna del Fiume», dirigido em 1954 por Mario Soldati). É que as vedetas destas quase esquecidas fitas -de qualidade desigual- eram, respectivamente, Silvana Mangano, no papel de uma provocante mondadeira de arroz, e Sofia Loren, que encarnava a graciosa e sofrida figura de uma cortadora de canas do delta do Pó. E que ambas, por dever de ofício, usavam uns calções suficientemente curtos para lhes deixar as belíssimas pernas ao léu. O que, naturalmente, fascinava o tal companheiro de adolescência.
Enfim, belos tempos esses em que o cinema era vector de sonhos impossíveis, suscitados, muitas vezes, pela presença nas telas dos nossos cinemas de algumas das mais belas e desejadas mulheres do mundo : as estrelas das produções italianas de há meio século atrás...
(As reproduções de cartazes são dos filmes : «A Provocação», com Rosanna Schiaffino; «Helena de Tróia», com Rossana Podestà; «Arroz Amargo», com Silvana Mangano; «Nossa Senhora de Paris», com Gina Lollobrigida; e «Que Pena Seres Vigarista», com Sofia Loren).
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sabe quem são os joviais retratados da nossa foto-enigma ?
-Não ? ! ! !
A título de ajuda, saiba que o homem foi um pioneiro, protagonista de uma das mais extraordinárias aventuras científicas do século XX. Este oficial-aviador da força aérea da U.R.S.S. (de origem rural) foi escolhido em 1961 para realizar –a bordo da nave espacial Vostok 1- a primeira viagem orbital. Missão que ele cumpriu no dia 12 de Abril desse mesmo ano, realizando uma volta completa à Terra em 1 h 48. Depois dessa inédita proeza, cuja preparação fora mantida em segredo, o fotografado passou a ser o homem mais famoso do planeta. A sua paixão pelo voo (afinal, a sua profissão) está na origem da morte desta pessoa simples e sempre bem disposta. O primeiro de todos os cosmonautas morreu em 1968, em consequência da queda acidental do aparelho que pilotava –um MiG-21- durante um voo de rotina.
Quando à senhora, refira-se que conquistou a celebridade pelas mesmíssimas razões. Antiga operária têxtil, também ela vinda de famílias humildes, alistou-se na aviação soviética, onde ascendeu a um posto de oficial superior. E em 1963, foi a primeira mulher a viajar no espaço sideral, a bordo da nave Vostok 6, com a qual realizou várias revoluções do nosso planeta. Por um extraordinário acaso, eu tive o imenso prazer de lhe ser apresentado em 1975 (ou 1976 ?) e posso garantir que, por essa altura, ela era uma mulher muito bonita e de uma simpatia irradiante.
-Então ? -Já se recordam, agora, dos nomes destes dois autênticos heróis da conquista do espaço ? – É muito fácil, pois trata-se, obviamente, de Yuri Gagarine e de Valentina Terechkova.
-Não ? ! ! !
A título de ajuda, saiba que o homem foi um pioneiro, protagonista de uma das mais extraordinárias aventuras científicas do século XX. Este oficial-aviador da força aérea da U.R.S.S. (de origem rural) foi escolhido em 1961 para realizar –a bordo da nave espacial Vostok 1- a primeira viagem orbital. Missão que ele cumpriu no dia 12 de Abril desse mesmo ano, realizando uma volta completa à Terra em 1 h 48. Depois dessa inédita proeza, cuja preparação fora mantida em segredo, o fotografado passou a ser o homem mais famoso do planeta. A sua paixão pelo voo (afinal, a sua profissão) está na origem da morte desta pessoa simples e sempre bem disposta. O primeiro de todos os cosmonautas morreu em 1968, em consequência da queda acidental do aparelho que pilotava –um MiG-21- durante um voo de rotina.
Quando à senhora, refira-se que conquistou a celebridade pelas mesmíssimas razões. Antiga operária têxtil, também ela vinda de famílias humildes, alistou-se na aviação soviética, onde ascendeu a um posto de oficial superior. E em 1963, foi a primeira mulher a viajar no espaço sideral, a bordo da nave Vostok 6, com a qual realizou várias revoluções do nosso planeta. Por um extraordinário acaso, eu tive o imenso prazer de lhe ser apresentado em 1975 (ou 1976 ?) e posso garantir que, por essa altura, ela era uma mulher muito bonita e de uma simpatia irradiante.
-Então ? -Já se recordam, agora, dos nomes destes dois autênticos heróis da conquista do espaço ? – É muito fácil, pois trata-se, obviamente, de Yuri Gagarine e de Valentina Terechkova.
VERÍDICO ! ! !
Abraão Lincoln -que foi presidente dos Estados Unidos da América entre 1860 e 1865- era, segundo o testemunho deixado pelos seus contemporâneos, um homem fisicamente desgracioso e feiíssimo. Certo dia, durante um comício, um dos seus adversários políticos chamou-lhe «homem de duas caras». Insulto que suscitou ao ofendido a seguinte pergunta :
-O senhor acha que se eu tivesse duas caras saía com esta à rua ?
-O senhor acha que se eu tivesse duas caras saía com esta à rua ?
CARAVELA DE PANO LATINO (MAIS DO QUE UM NAVIO : UM SÍMBOLO)
CARAVELA DE PANO LATINO
(MAIS DO QUE UM NAVIO : UM SÍMBOLO)
A caravela de pano latino é, sem dúvida, o símbolo perfeito das Grandes Descobertas, essa odisseia náutica na qual os Portugueses desempenharam um papel verdadeiramente preponderante. Essencial ! Único !
Descrever, no entanto (mesmo de maneira sucinta), esse explêndido navio que foi a caravela portuguesa dos séculos XV e XVI não é tarefa fácil. Porque, afinal, e apesar desse veleiro ter sido o protagonista de algumas das páginas mais gloriosas da nossa História, pouca coisa se sabe sobre ele. E isso, devido à política de rigoroso sigilo observada pelos nossos antepassados –sobretudo durante os reinados de D. Afonso V e de D. João II- sobre tudo o que dizia respeito às viagens oceânicas. Secretismo que, como era de esperar, também se reportava ao material utilizado (navios, instrumentos, cartas, etc) pelos navegadores lusos dessa época de franca expansão ultramarina. Mas também de grande rivalidade internacional.
Apesar dos pesquizadores terem encontrado escassa documentação para poderem satisfazer a sua e nossa curiosidade sobre tão prestimoso navio, sabe-se, hoje, que a caravala portuguesa da segunda metade do século XV e dos primeiros anos da centúria seguinte era uma embarcação de dimensão e porte modestos, que deslocava, geralmente, entre 50 e 150 tonéis; sabe-se, por outro lado, que esse navio envergava, exclusivamente, pano latino, suspenso das longas vergas distribuídas por dois ou três mastros; e sabe-se ainda que a caravela era um navio extremamente ágil e fácil de manobrar.
A adopção do velame triangular pelas caravelas desse tempo, constituíu uma autêntica revolução na navegação atlântica, já que possibilitou a estes navios de bolinar, quer dizer de navegar com uma certa facilidade contra o vento. Coisa que, de modo algum, era permitida aos seus predecessores na gesta dos descobrimentos –barcas e barinéis- navios mais pesados e equipados com velas de pendão, herdadas da marinha medieval.
Embora existam documentos datados de meados do século XIII que fazem referência a caravelas, a verdade é que essas embarcações da Idade Média nada tiveram a ver com o navio ao qual aqui se alude. A caravela quatrocentista era um navio completamente novo –e inovador- cuja invenção se pode, sem favor, atribuir aos Portugueses da escola do Infante de Sagres. E isso, apesar dos seus criadores se terem inspirado, ao que tudo indica, na hidrodinâmica do casco de uma barca pescareza algarvia e no aparelho motor (as velas, entenda-se) de um veloz navio mouro que cruzava o Mediterrâneo. O termo caravela parece derivar de ‘cáravo’, nome de uma embarcação, em certos pontos similar, utilizada pelos muçulmanos do norte de África.
As caravelas portuguesas, que no dizer do veneziano Cadamosto eram «os melhores navios de vela que andavam sobre o mar (...) podendo navegar para toda a parte», arvoravam, como já se referiu, dois ou três mastros. Geralmente, o maior desses paus estava implantado a meia nau e envergava, como é natural, a vela de maiores dimensões. Para que os marinheiros pudessem manobrar esse grande pano triangular sem dificuldade, a caravela dispensava o castelo de proa. Assim, a sua tripulação –constituída por um mínimo de 10/12 homens- abrigava-se, quando isso era necessário, na superestrutura de ré, que tinha a particularidade de ser mais baixa e mais longa do que os castelos de popa existentes nos navios medievos. Quando a necessidade se fez sentir, as caravelas foram armadas com algumas peças de artilharia ligeira.
As caravelas de pano latino substituiram definitivamente na nossa marinha das Descobertas as toscas barcas e os obsoletos barinéis no segundo quartel do século XV; depois de Gil Eanes ter dobrado em 1434 (numa barca) o mítico cabo Bojador e de ter, assim, posto um ponto final na primeira etapa da grande aventura marítima do nosso povo. A partir desse feito, os nossos navegantes libertos dos medos inspirados pelo mar Tenebroso e dispondo de um novo e excepcional tipo de navio, puderam prosseguir mais facilmente na sua exploração metódica das costas africanas. Tarefa morosa, mas indispensável à realização da fase seguinte da sua gesta naval, que haveria de os conduzir à descoberta do caminho marítimo para a Índia e à exploração das mais distantes e mais recônditas regiões do sonhado Oriente.
A época das caravelas marcou a glória de Nuno Tristão, de Diogo Gomes, de Pedro de Sintra, de Diogo Cão, de Bartolomeu Dias e de tantos outros navegadores lusíadas, que escreveram com a sua ciência, a sua audácia, as suas lágrimas e o seu sangue generoso algumas das mais belas e exaltantes páginas da História de Portugal e da Europa.
Em 1498, uma caravela latina –a «Bérrio»- colocada sob o comando de Nicolau Coelho e tendo Pero Escobar como piloto, acompanhou Vasco da Gama na primeira das nossas viagens marítimas à Índia. No início do século XVI, caravelas deste tipo ainda integraram várias armadas demandando o Oriente e o Brasil. Mas essas viagens marcaram o fim de um ciclo. Doravante a caravela, esse gracioso e glorioso navio de velas latinas, inegável símbolo de uma epopeia que não teve paralelo na História da Humanidade, cedeu o lugar de primazia a embarcações de superior tonelagem, mais bem adaptadas às longas navegações transoceânicas e às novas exigências do comércio e da guerra.
Navio muito apreciado no seio das esquadras portuguesas, pela sua rapidez e facilidade de manobra, a caravela sobreviveu, no entanto, ainda alguns anos, enquanto navio de ligação. Durante o chamado Século de Ouro da expansão portuguesa, o seu nome perdurou num navio de maior porte e de velame misto : a apelidada caravela redonda. Embarcação que, naturalmente, já nada tinha a ver com o navio henriquino das origens.
Recorde-se, finalmente, que a caravela de pano latino é, e sempre será para muita gente (de dentro e fora de Portugal), o mais prestigioso emblema deste país quase milenar que é o nosso.
(M.M.S.)
(MAIS DO QUE UM NAVIO : UM SÍMBOLO)
A caravela de pano latino é, sem dúvida, o símbolo perfeito das Grandes Descobertas, essa odisseia náutica na qual os Portugueses desempenharam um papel verdadeiramente preponderante. Essencial ! Único !
Descrever, no entanto (mesmo de maneira sucinta), esse explêndido navio que foi a caravela portuguesa dos séculos XV e XVI não é tarefa fácil. Porque, afinal, e apesar desse veleiro ter sido o protagonista de algumas das páginas mais gloriosas da nossa História, pouca coisa se sabe sobre ele. E isso, devido à política de rigoroso sigilo observada pelos nossos antepassados –sobretudo durante os reinados de D. Afonso V e de D. João II- sobre tudo o que dizia respeito às viagens oceânicas. Secretismo que, como era de esperar, também se reportava ao material utilizado (navios, instrumentos, cartas, etc) pelos navegadores lusos dessa época de franca expansão ultramarina. Mas também de grande rivalidade internacional.
Apesar dos pesquizadores terem encontrado escassa documentação para poderem satisfazer a sua e nossa curiosidade sobre tão prestimoso navio, sabe-se, hoje, que a caravala portuguesa da segunda metade do século XV e dos primeiros anos da centúria seguinte era uma embarcação de dimensão e porte modestos, que deslocava, geralmente, entre 50 e 150 tonéis; sabe-se, por outro lado, que esse navio envergava, exclusivamente, pano latino, suspenso das longas vergas distribuídas por dois ou três mastros; e sabe-se ainda que a caravela era um navio extremamente ágil e fácil de manobrar.
A adopção do velame triangular pelas caravelas desse tempo, constituíu uma autêntica revolução na navegação atlântica, já que possibilitou a estes navios de bolinar, quer dizer de navegar com uma certa facilidade contra o vento. Coisa que, de modo algum, era permitida aos seus predecessores na gesta dos descobrimentos –barcas e barinéis- navios mais pesados e equipados com velas de pendão, herdadas da marinha medieval.
Embora existam documentos datados de meados do século XIII que fazem referência a caravelas, a verdade é que essas embarcações da Idade Média nada tiveram a ver com o navio ao qual aqui se alude. A caravela quatrocentista era um navio completamente novo –e inovador- cuja invenção se pode, sem favor, atribuir aos Portugueses da escola do Infante de Sagres. E isso, apesar dos seus criadores se terem inspirado, ao que tudo indica, na hidrodinâmica do casco de uma barca pescareza algarvia e no aparelho motor (as velas, entenda-se) de um veloz navio mouro que cruzava o Mediterrâneo. O termo caravela parece derivar de ‘cáravo’, nome de uma embarcação, em certos pontos similar, utilizada pelos muçulmanos do norte de África.
As caravelas portuguesas, que no dizer do veneziano Cadamosto eram «os melhores navios de vela que andavam sobre o mar (...) podendo navegar para toda a parte», arvoravam, como já se referiu, dois ou três mastros. Geralmente, o maior desses paus estava implantado a meia nau e envergava, como é natural, a vela de maiores dimensões. Para que os marinheiros pudessem manobrar esse grande pano triangular sem dificuldade, a caravela dispensava o castelo de proa. Assim, a sua tripulação –constituída por um mínimo de 10/12 homens- abrigava-se, quando isso era necessário, na superestrutura de ré, que tinha a particularidade de ser mais baixa e mais longa do que os castelos de popa existentes nos navios medievos. Quando a necessidade se fez sentir, as caravelas foram armadas com algumas peças de artilharia ligeira.
As caravelas de pano latino substituiram definitivamente na nossa marinha das Descobertas as toscas barcas e os obsoletos barinéis no segundo quartel do século XV; depois de Gil Eanes ter dobrado em 1434 (numa barca) o mítico cabo Bojador e de ter, assim, posto um ponto final na primeira etapa da grande aventura marítima do nosso povo. A partir desse feito, os nossos navegantes libertos dos medos inspirados pelo mar Tenebroso e dispondo de um novo e excepcional tipo de navio, puderam prosseguir mais facilmente na sua exploração metódica das costas africanas. Tarefa morosa, mas indispensável à realização da fase seguinte da sua gesta naval, que haveria de os conduzir à descoberta do caminho marítimo para a Índia e à exploração das mais distantes e mais recônditas regiões do sonhado Oriente.
A época das caravelas marcou a glória de Nuno Tristão, de Diogo Gomes, de Pedro de Sintra, de Diogo Cão, de Bartolomeu Dias e de tantos outros navegadores lusíadas, que escreveram com a sua ciência, a sua audácia, as suas lágrimas e o seu sangue generoso algumas das mais belas e exaltantes páginas da História de Portugal e da Europa.
Em 1498, uma caravela latina –a «Bérrio»- colocada sob o comando de Nicolau Coelho e tendo Pero Escobar como piloto, acompanhou Vasco da Gama na primeira das nossas viagens marítimas à Índia. No início do século XVI, caravelas deste tipo ainda integraram várias armadas demandando o Oriente e o Brasil. Mas essas viagens marcaram o fim de um ciclo. Doravante a caravela, esse gracioso e glorioso navio de velas latinas, inegável símbolo de uma epopeia que não teve paralelo na História da Humanidade, cedeu o lugar de primazia a embarcações de superior tonelagem, mais bem adaptadas às longas navegações transoceânicas e às novas exigências do comércio e da guerra.
Navio muito apreciado no seio das esquadras portuguesas, pela sua rapidez e facilidade de manobra, a caravela sobreviveu, no entanto, ainda alguns anos, enquanto navio de ligação. Durante o chamado Século de Ouro da expansão portuguesa, o seu nome perdurou num navio de maior porte e de velame misto : a apelidada caravela redonda. Embarcação que, naturalmente, já nada tinha a ver com o navio henriquino das origens.
Recorde-se, finalmente, que a caravela de pano latino é, e sempre será para muita gente (de dentro e fora de Portugal), o mais prestigioso emblema deste país quase milenar que é o nosso.
(M.M.S.)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
ANDANÇAS & FOTOS
Primeira foto : o bloguista em companhia do infante D. Henrique, personagem impropriamente alcunhada o Navegador. O histórico encontro teve lugar (há uns 35 anos) em Coimbra, num território conquistado pelo Dr. Bissaya Barreto : o Portugal dos Pequeninos. A não confundir com um sítio homónimo e, hoje, muito mais conhecido dos internautas do que este lugar -situado junto ao sussurrante rio Mondego- consagrado às bricadeiras da petizada. O príncipe apresentou-se-me -como podem ver- com o seu habitual disfarce : vestes amplas de cor escura e o chapeirão que sempre lhe conhecemos, do qual pende um cachecol ‘assorti’, muito útil para poder suportar as rijas ventanias que, no inverno, sopram do Atlântico e flagelam Vila do Bispo. A atestar a utilidade do trapinho está o facto da História de Portugal dizer muita coisa sobre este filho do rei da ‘Boa Memória’ e de uma matrona inglesa, mas nunca ter referido alguma constipação que tivesse atormentado o ilustre varão tripeiro.
Na segunda fotografia sou eu que navego. Aqui a bordo de um ‘vaporetto’ prestes a desembocar no Gran Canale, perto da bonita ponte do Rialto. A ponte -um dos monumentos mais emblemáticos da Cidade dos Doges- foi construída em finais do século XVI por um indivíduo que, antes desta sua obra, já se chamava Antonio da Ponte. Há gente assim, com nomes predestinados... A terceira fotografia (de início dos anos 90, se não estou em erro) mostra o escrevinhador na companhia de duas senhoras, aquando de um agradável e instrutivo passeio de gôndola. É que isto de ir a Veneza sem andar de gôndola, é quase como ir às festas da Moita e não comer uns coiratos com o respectivo e tradicional acompanhamento : uns copos de tinto do Cartaxo. Quanto à quarta foto, mostra a tal ponte do Rialto (e não dos Riachos, como lhe chamava um amigo meu de Torres Novas) pintada pelo excelso Canaletto. Trata-se do fragmento de uma das suas telas, que pertence às colecções do Museu do Louvre.
Na segunda fotografia sou eu que navego. Aqui a bordo de um ‘vaporetto’ prestes a desembocar no Gran Canale, perto da bonita ponte do Rialto. A ponte -um dos monumentos mais emblemáticos da Cidade dos Doges- foi construída em finais do século XVI por um indivíduo que, antes desta sua obra, já se chamava Antonio da Ponte. Há gente assim, com nomes predestinados... A terceira fotografia (de início dos anos 90, se não estou em erro) mostra o escrevinhador na companhia de duas senhoras, aquando de um agradável e instrutivo passeio de gôndola. É que isto de ir a Veneza sem andar de gôndola, é quase como ir às festas da Moita e não comer uns coiratos com o respectivo e tradicional acompanhamento : uns copos de tinto do Cartaxo. Quanto à quarta foto, mostra a tal ponte do Rialto (e não dos Riachos, como lhe chamava um amigo meu de Torres Novas) pintada pelo excelso Canaletto. Trata-se do fragmento de uma das suas telas, que pertence às colecções do Museu do Louvre.
HERÁLDICA MUNICIPAL (5)
O brasão que hoje seleccionámos é o de Grand Quevilly, uma cidadezinha francesa de vinte e sete mil habitantes (27 000), situada na área urbana de Ruão, na Alta Normandia. A dita tem para mim um valor especial, pelo facto de eu lá ter residido mais de 40 anos. Grand Quevilly vive da indústria pesada (que já não é o que foi, depois do fecho da sua siderurgia, dos seus estaleiros navais e de outras grandes unidades fabris, que deram emprego a muitos milhares de pessoas), do comércio de detalhe e dos serviços. O nome da cidade está muito ligado à personagem e ao nome de Laurent Fabius, antigo 1º Ministro e titular das pastas das Finanças e da Saúde de François Mitterrand. Esta figura pública, que muito contribuíu para o desenvolvimento e modernização da localidade, foi presidente do município e ainda hoje faz parte do elenco camarário. O nome de Grand Quevilly (assim como o da cidade vizinha de Petit Quevilly) deriva de uma forma arcaica de cavilha, estaca. Essas estacas (materializadas no espaço inferior do escudo da cidade) serviram no tempo dos primeiros duques de Normandia a erigir as cercas que protegiam as suas reservas de caça. Em faixa aparece uma vieira ladeada por duas cruzes de Santiago, que atestam que a terra de Quevilly foi propriedade dos senhores de Becdelièvre, que as usavam no seu escudo familiar. Quanto ao leopardo, é um elemento histórico e tradicional do brasão de armas da Normandia, que comporta dois desses bicharocos. Cerca de 10% da população desta cidade é constituída por portugueses e respectiva descendência. A cidade é reputada pelos seus imensos espaços verdes e pela qualidade de vida que oferece aos munícipes.
OS MEUS WESTERNS FAVORITOS (2ª série)
1) «QUEM VENTOS SEMEIA...»
«The Wondeful Country» - Realizado por Robert Parrish em 1959,
com Robert Mitchum, Julie London e Pedro Armendariz.
/////////
Sinopse : Por ter vingado a morte de seu pai, um pistoleiro texano vê-se obrigado a refugiar-se no México, onde se coloca ao serviço da poderosa e desavinda família Castro. No decorrer de uma operação de contrabando de armas, o americano cai do cavalo e parte uma perna, facto que desagrada ao patrão, que lhe retira a sua confiança.
2) «O COMBOIO DAS 3 E 10»
«3.10 to Yuma» - Realizado por Delmer Daves em 1957,
com Glenn Ford, Van Heflin e Felicia Farr.
/////////
Sinopse : Um modesto fazendeiro do Arizona com problemas financeiros, aceita escoltar –em troca de um prémio monetário- um perigoso foragido até à prisão de Yuma. Uma estranha e perigosa empatia estabelece-se entre esses dois seres, que, em comum, apenas têm a sua teimosia e as suas convicções.
3) «CÉU ABERTO»
«The Big Sky» - Realizado por Howard Hawks em 1952,
com Kirk Douglas, Dewey Martin e Elizabeth Threatt.
/////////
Sinopse : Dois jovens do leste encontram na cidade de St. Louis o tio de um deles, que os recruta para participarem numa perigosa expedição até ao território dos belicosos Blackfeet; onde os brancos vão tentar negociar peles de castor com os índios. Isto à revelia da companhia que detém o monopólio desse rendoso comércio e que tudo fará para travar a marcha dos aventureiros.
4) «OS DOMINADORES»
«She Wore a Yellow Ribbon» - Realizado por John Ford em 1949,
com Kirk Douglas, William Campbell e Jeanne Crain.
/////////
Sinopse : Um velho capitão de cavalaria cumpre a sua última missão militar, participando numa operação contra os Apaches. Ao mesmo tempo que uma bonita moça (filha do comandante do regimento) interfere no trabalho dos jovens oficiais casadoiros da unidade. A campanha contra os pele-vermelhas acaba por chamá-los à realidade.
5) «O HOMEM QUE VEIO DE LONGE»
«The Man from Laramie» -Realizado por Anthony Mann em 1955,
com James Stewart, Arthur Kennedy e Donald Crisp.
/////////
Sinopse : Um oficial de Fort Laramie demora-se numa localidade do sudoeste dos Estados Unidos, onde o conduziu a pista dos contrabandistas de armas que assassinaram o seu jovem irmão. As suas investigações levam-no ao rancho do antipático Alec Waggonman, o mais poderoso ganadeiro da região.
6) «HOMENS VIOLENTOS»
«The Violent Men» - Realizado por Rudolph Mate em 1954,
com Glenn Ford, Barbara Stanwyck e Edward G. Robinson.
/////////
Sinopse : As terras de um jovem rancheiro são cobiçadas por um seu vizinho, homem poderoso e irascível. Tendo falhado nas suas tentativas para obter a propriedade desejada por meios legais, o ganancioso ganadeiro lança-se em operações de intimidação, que acabam por descambar em guerra aberta.
7) «AS BRANCAS MONTANHAS DA MORTE»
«Jeremiah Johnson» - Realizado por Sydney Pollack em 1972,
com Robert Redford, Will Geer e Stephan Gierasch.
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Sinopse : Um ex-soldado farto da vida que levava, refugia-se nas montanhas Rochosas. Onde, nesse quadro majestoso, procura encontrar a paz de espírito e viver daquilo que a natureza lhe possa proporcionar. Mas a transição não é fácil, nem imediata; Jeremiah Johnson tem muito que aprender para poder sobreviver aos invernos rigorosos e aos pele-vermelhas, pouco dispostos a tolerar a presença de intrusos nos seus ancestrais territórios de caça.
8) «O PASSADO NÃO PERDOA»
«The Unforgiven» - Realizado por John Huston em 1960,
com Burt Lancaster, Audrey Hepburn e Lillian Gish.
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Sinopse : Um casal de pioneiros entra em guerra aberta com os seus vizinhos brancos racistas e com uma tribo pele-vermelha, pelo facto de ter guardado o segredo da adopção de uma criança índia. Atitude que acabará até por dividir os próprios membros da família Zachary.
9) «A VELHA RAPOSA»
«True Grit» - Realizado por Henry Hathaway em 1969,
com John Wayne, Kim Darby e Robert Duvall.
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Sinopse : Um agente da polícia territorial de Oklahoma aceita 100 dólares de uma adolescente, para a ajudar a encontrar e capturar o assassino de seu pai. Um ‘ranger’ do Texas junta-se aos dois, na esperança de deitar mão ao mesmo homem, autor de um outro crime de sangue na sua área de jurisdição.
10) «SANGUE, SUOR E PÓLVORA»
«The Culppeper Cattle Cº» -Realizado por Dick Richards em 1972,
com Gary Grimes, Billy Bush e Luke Askew.
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Sinopse : Iniciação de um adolescente no mundo viril e, por vezes cruel, dos vaqueiros do Faroeste. A condução de uma manada de bovinos através de territórios infestados de bandoleiros sem lei e de belicosos pele-vermelhas, assim como a vivência quotidiana com os seus brutais companheiros de condição, acabam por ditar o destino do jovem. Que realizará o seu sonho de ser cowboy : a mais livre, mas também a mais rude de todas as profissões.
«The Wondeful Country» - Realizado por Robert Parrish em 1959,
com Robert Mitchum, Julie London e Pedro Armendariz.
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Sinopse : Por ter vingado a morte de seu pai, um pistoleiro texano vê-se obrigado a refugiar-se no México, onde se coloca ao serviço da poderosa e desavinda família Castro. No decorrer de uma operação de contrabando de armas, o americano cai do cavalo e parte uma perna, facto que desagrada ao patrão, que lhe retira a sua confiança.
2) «O COMBOIO DAS 3 E 10»
«3.10 to Yuma» - Realizado por Delmer Daves em 1957,
com Glenn Ford, Van Heflin e Felicia Farr.
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Sinopse : Um modesto fazendeiro do Arizona com problemas financeiros, aceita escoltar –em troca de um prémio monetário- um perigoso foragido até à prisão de Yuma. Uma estranha e perigosa empatia estabelece-se entre esses dois seres, que, em comum, apenas têm a sua teimosia e as suas convicções.
3) «CÉU ABERTO»
«The Big Sky» - Realizado por Howard Hawks em 1952,
com Kirk Douglas, Dewey Martin e Elizabeth Threatt.
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Sinopse : Dois jovens do leste encontram na cidade de St. Louis o tio de um deles, que os recruta para participarem numa perigosa expedição até ao território dos belicosos Blackfeet; onde os brancos vão tentar negociar peles de castor com os índios. Isto à revelia da companhia que detém o monopólio desse rendoso comércio e que tudo fará para travar a marcha dos aventureiros.
4) «OS DOMINADORES»
«She Wore a Yellow Ribbon» - Realizado por John Ford em 1949,
com Kirk Douglas, William Campbell e Jeanne Crain.
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Sinopse : Um velho capitão de cavalaria cumpre a sua última missão militar, participando numa operação contra os Apaches. Ao mesmo tempo que uma bonita moça (filha do comandante do regimento) interfere no trabalho dos jovens oficiais casadoiros da unidade. A campanha contra os pele-vermelhas acaba por chamá-los à realidade.
5) «O HOMEM QUE VEIO DE LONGE»
«The Man from Laramie» -Realizado por Anthony Mann em 1955,
com James Stewart, Arthur Kennedy e Donald Crisp.
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Sinopse : Um oficial de Fort Laramie demora-se numa localidade do sudoeste dos Estados Unidos, onde o conduziu a pista dos contrabandistas de armas que assassinaram o seu jovem irmão. As suas investigações levam-no ao rancho do antipático Alec Waggonman, o mais poderoso ganadeiro da região.
6) «HOMENS VIOLENTOS»
«The Violent Men» - Realizado por Rudolph Mate em 1954,
com Glenn Ford, Barbara Stanwyck e Edward G. Robinson.
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Sinopse : As terras de um jovem rancheiro são cobiçadas por um seu vizinho, homem poderoso e irascível. Tendo falhado nas suas tentativas para obter a propriedade desejada por meios legais, o ganancioso ganadeiro lança-se em operações de intimidação, que acabam por descambar em guerra aberta.
7) «AS BRANCAS MONTANHAS DA MORTE»
«Jeremiah Johnson» - Realizado por Sydney Pollack em 1972,
com Robert Redford, Will Geer e Stephan Gierasch.
/////////
Sinopse : Um ex-soldado farto da vida que levava, refugia-se nas montanhas Rochosas. Onde, nesse quadro majestoso, procura encontrar a paz de espírito e viver daquilo que a natureza lhe possa proporcionar. Mas a transição não é fácil, nem imediata; Jeremiah Johnson tem muito que aprender para poder sobreviver aos invernos rigorosos e aos pele-vermelhas, pouco dispostos a tolerar a presença de intrusos nos seus ancestrais territórios de caça.
8) «O PASSADO NÃO PERDOA»
«The Unforgiven» - Realizado por John Huston em 1960,
com Burt Lancaster, Audrey Hepburn e Lillian Gish.
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Sinopse : Um casal de pioneiros entra em guerra aberta com os seus vizinhos brancos racistas e com uma tribo pele-vermelha, pelo facto de ter guardado o segredo da adopção de uma criança índia. Atitude que acabará até por dividir os próprios membros da família Zachary.
9) «A VELHA RAPOSA»
«True Grit» - Realizado por Henry Hathaway em 1969,
com John Wayne, Kim Darby e Robert Duvall.
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Sinopse : Um agente da polícia territorial de Oklahoma aceita 100 dólares de uma adolescente, para a ajudar a encontrar e capturar o assassino de seu pai. Um ‘ranger’ do Texas junta-se aos dois, na esperança de deitar mão ao mesmo homem, autor de um outro crime de sangue na sua área de jurisdição.
10) «SANGUE, SUOR E PÓLVORA»
«The Culppeper Cattle Cº» -Realizado por Dick Richards em 1972,
com Gary Grimes, Billy Bush e Luke Askew.
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Sinopse : Iniciação de um adolescente no mundo viril e, por vezes cruel, dos vaqueiros do Faroeste. A condução de uma manada de bovinos através de territórios infestados de bandoleiros sem lei e de belicosos pele-vermelhas, assim como a vivência quotidiana com os seus brutais companheiros de condição, acabam por ditar o destino do jovem. Que realizará o seu sonho de ser cowboy : a mais livre, mas também a mais rude de todas as profissões.
sábado, 10 de outubro de 2009
ANDANÇAS & FOTOS
A primeira foto apresentada -um postal- reproduz o minúsculo porto de Strömstad, uma cidadezinha do condado de Västra Götaland, na Suécia. O bloguista trabalhou nessa região em meados dos anos 70 (do séc. XX) e era, sobretudo, ali -e na vizinha cidade norueguesa de Halden- que ele passava parte dos seus tempos livres. O porto estava bloqueado pelo gelo até Abril e a animação só começava, verdadeiramente, por essa altura. Falando agora na primeira pessoa, quero dizer que guardo uma excelente recordação da gente de Strömstad, embora as dificuldades linguísticas moderassem, obviamente, a comunicação. Mas recordo-me que eram pessoas calmas e educadas, como o são os nórdicos em geral. As águas que se vêem na foto são as do Skagerrak, um dos dois principais estreitos que ligam o Báltico ao mar do Norte. A cidade pareceu-me, nessa época, mais pequena do que era na realidade, isto devido à dispersão da malha urbana. Segundo informação oficial, Strömstad tem, actualmente, mais de 6 000 habitantes. Tenho saudades da Suécia, que é um país cuidado e, ao que me foi dado ver durante 4 meses de estadia, uma terra lindíssima.
A segunda fotografia (da autoria da nossa amiga Zeca) retrata o bloguista e a esposa em 2003, diante do casino de Bagnoles-de-l’Orne, uma bonita e aprazível cidade termal e turística da Baixa Normandia. Esta terra está ligada à lenda arturiana, já que se pretende que o famoso Lancelote do Lago, cavaleiro da Távola Redonda, ali tenha nascido. Isto, partindo do princípio que esse leal e audaz companheiro do rei Artur tenha mesmo existido... A terceira e última foto (de autor desconhecido) mostra o palácio Goupil, um vistoso edifício do século XIX rodeado de jardins, onde funciona a Câmara Municipal de Bagnoles-de-l’Orne.
A segunda fotografia (da autoria da nossa amiga Zeca) retrata o bloguista e a esposa em 2003, diante do casino de Bagnoles-de-l’Orne, uma bonita e aprazível cidade termal e turística da Baixa Normandia. Esta terra está ligada à lenda arturiana, já que se pretende que o famoso Lancelote do Lago, cavaleiro da Távola Redonda, ali tenha nascido. Isto, partindo do princípio que esse leal e audaz companheiro do rei Artur tenha mesmo existido... A terceira e última foto (de autor desconhecido) mostra o palácio Goupil, um vistoso edifício do século XIX rodeado de jardins, onde funciona a Câmara Municipal de Bagnoles-de-l’Orne.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
«MA NORMANDIE»
O bonito e conhecido cântico «Ma Normandie» foi inspirado ao seu autor e compositor -Frédéric Bérat- durante uma viagem que o famoso ‘chansonnier’ fez em 1836, no barco que o transportou de Ruão (sua cidade natal) até Sainte Adresse, então uma modesta localidade dos subúrbios do Havre. Vista do Sena, a paisagem normanda é, realmente, deslumbrante e convida à meditação. E, não tenho dúvidas, também inspira e apela à criação poética todos aqueles que têm veia de trovador. O que não é, infelizmente, o meu caso. Mas sei-o, por ter ter olhos de ver e por ter feito essa inolvidável experiência, aquando de um cruzeiro fluvial, realizado em 2003 a bordo do navio-escola «Sagres»; e não no ano de 2002, como escrevi neste blog, por lamentável erro, num texto que intitulei «Mas que garboso embaixador !...».
Sem querer enfadar os meus hipotéticos leitores com mais comentários, tenho, no entanto, que aqui deixar as seguintes notas, antes de expor o poema de Bérat à sua apreciação : «Ma Normandie» é o hino (oficioso) da província que os seus versos cantam e, igualmente, o de Jersey. A propósito desta derradeira informação, quero dizer que os habitantes desta ilha do canal da Mancha, outrora, ligada política e culturalmente ao ducado da Normandia, entoam -eles que, a par do inglês, ainda falam um antigo dialecto normando- este hino, aquando de manifestações desportivas e de outros eventos susceptíveis de os identificar e distinguir. Isto, com manifesto desagrado do governo de Londres, que tem tentado, sem sucesso, dissuadi-los dessa sua demonstração de apreço pelas suas raízes francesas.
«Ma Normandie»
Quand tout renait à l’espérance,
Et que l’hiver fuit loin de nous,
Sous le beau ciel de notre France,
Quand le soleil revient plus doux,
Quand la nature est reverdie,
Quand l’hirondelle est de retour,
J’aime à revoir ma Normandie,
C’est le pays qui m’a donné le jour.
J’ai vu les champs de l’Helvétie,
Et ses chalets et ses glaciers,
J’ai vu le ciel de l’Italie,
Et Venise et ses gondoliers.
En saluant chaque patrie,
Je me disais : aucun séjour
N’est plus beau que ma Normandie,
C’est le pays qui m’a donné le jour.
Il est un âge dans la vie,
Où chaque rêve doit finir,
Un âge où l’âme recueillie
A besoin de se souvenir.
Lorsque ma muse refroidie
Vers le passé fera retour,
J’irai revoir ma Normandie,
C’est le pays qui m’a donné le jour.
Sem querer enfadar os meus hipotéticos leitores com mais comentários, tenho, no entanto, que aqui deixar as seguintes notas, antes de expor o poema de Bérat à sua apreciação : «Ma Normandie» é o hino (oficioso) da província que os seus versos cantam e, igualmente, o de Jersey. A propósito desta derradeira informação, quero dizer que os habitantes desta ilha do canal da Mancha, outrora, ligada política e culturalmente ao ducado da Normandia, entoam -eles que, a par do inglês, ainda falam um antigo dialecto normando- este hino, aquando de manifestações desportivas e de outros eventos susceptíveis de os identificar e distinguir. Isto, com manifesto desagrado do governo de Londres, que tem tentado, sem sucesso, dissuadi-los dessa sua demonstração de apreço pelas suas raízes francesas.
«Ma Normandie»
Quand tout renait à l’espérance,
Et que l’hiver fuit loin de nous,
Sous le beau ciel de notre France,
Quand le soleil revient plus doux,
Quand la nature est reverdie,
Quand l’hirondelle est de retour,
J’aime à revoir ma Normandie,
C’est le pays qui m’a donné le jour.
J’ai vu les champs de l’Helvétie,
Et ses chalets et ses glaciers,
J’ai vu le ciel de l’Italie,
Et Venise et ses gondoliers.
En saluant chaque patrie,
Je me disais : aucun séjour
N’est plus beau que ma Normandie,
C’est le pays qui m’a donné le jour.
Il est un âge dans la vie,
Où chaque rêve doit finir,
Un âge où l’âme recueillie
A besoin de se souvenir.
Lorsque ma muse refroidie
Vers le passé fera retour,
J’irai revoir ma Normandie,
C’est le pays qui m’a donné le jour.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
A VISITA QUE A CHUVA (QUASE) ESTRAGOU
Ando há meses para fazer uma viagem a Ílhavo e à Gafanha da Nazaré por várias razões : visitar a exposição patente (até dia 15 de Outubro) no Museu Marítimo da primeira dessas cidades, que se intitula «Frota de Paz nos Mares em Guerra», conhecer um pouco melhor a zona da ria de Aveiro e tirar uns ‘retratos’ ao «Árgus», o lugre bacalhoeiro resgatado de um porto das Caraíbas –pela firma Pascoal & Filhos- e prometido a um restauro que lhe devolva a silhueta e a aura do velho bacalhoeiro da Parceria Geral de Pescarias. Um navio que me é familiar desde a minha tenra idade, por eu ter residido, durante muitos anos, nas proximidades da Azinheira Velha (Telha, Barreiro) e que eu conheci, como é óbvio, ao mesmo tempo que os seus parceiros de fundeadouro (no rio Coina) «Creoula», «Gazela 1º» e «Hortense».
Fiz essa viagem ontem e, confesso, que regressei ao Alto Alentejo, região onde nasci e agora resido, bastante frustrado. Primeiramente, porque o dia, demasiado chuvoso e desagradável, me roubou a possibilidade de trazer as fotografias que eu havia planeado tirar naquela bonita região da ria de Aveiro; depois, porque nessas circunstâncias, nem sequer tive a ocasião de avistar o supracitado navio; isto, por ter sido literalmente corrido da Gafanha da Nazaré por um inoportuno e persistente aguaceiro. De modo que me sinto defraudado.
Aproveitei (e bem) a visita ao supracitado espaço museológico, que eu visitara há alguns anos, antes da completa remodelação que, entretanto, sofreu. Para melhor, muito melhor. A exposição, acima referida, é muito interessante e só peca pelo facto de não dispor de um catálogo, que permita ao visitante guardar uma recordação material da dita. E já que falo disso, é também uma pena, na minha modesta opinião, que nenhum intelectual, interessado pelo rico e humano tema da pesca do bacalhau, tenha pesquizado sobre o assunto e transposto para livro os dramas impostos aos nossos navios bacalhoeiros, tripulações e respectivas famílias durante as duas guerras mundiais. Mas, talvez um dia, isso possa aconteçer. –Quem sabe ?
Seria injusto se eu não ressalvasse o facto de, durante esse molhado giro, me ter sido dada a oportunidade de almoçar no mais reputado restaurante da Mealhada, especializado, naturalmente, no leitão à moda da terra. E que é uma delícia !
Fiz essa viagem ontem e, confesso, que regressei ao Alto Alentejo, região onde nasci e agora resido, bastante frustrado. Primeiramente, porque o dia, demasiado chuvoso e desagradável, me roubou a possibilidade de trazer as fotografias que eu havia planeado tirar naquela bonita região da ria de Aveiro; depois, porque nessas circunstâncias, nem sequer tive a ocasião de avistar o supracitado navio; isto, por ter sido literalmente corrido da Gafanha da Nazaré por um inoportuno e persistente aguaceiro. De modo que me sinto defraudado.
Aproveitei (e bem) a visita ao supracitado espaço museológico, que eu visitara há alguns anos, antes da completa remodelação que, entretanto, sofreu. Para melhor, muito melhor. A exposição, acima referida, é muito interessante e só peca pelo facto de não dispor de um catálogo, que permita ao visitante guardar uma recordação material da dita. E já que falo disso, é também uma pena, na minha modesta opinião, que nenhum intelectual, interessado pelo rico e humano tema da pesca do bacalhau, tenha pesquizado sobre o assunto e transposto para livro os dramas impostos aos nossos navios bacalhoeiros, tripulações e respectivas famílias durante as duas guerras mundiais. Mas, talvez um dia, isso possa aconteçer. –Quem sabe ?
Seria injusto se eu não ressalvasse o facto de, durante esse molhado giro, me ter sido dada a oportunidade de almoçar no mais reputado restaurante da Mealhada, especializado, naturalmente, no leitão à moda da terra. E que é uma delícia !
3 DE OUTUBRO DE 1910 : O DR. MIGUEL BOMBARDA É ASSASSINADO A TIRO POR UM DESIQUILIBRADO MENTAL
(Páginas esquecidas da nossa História – 2)
O Dr. Miguel Bombarda (que nasceu no Rio de Janeiro de 1851) foi um dos mais notáveis alienistas portugueses de sempre. Fez tese sobre «O delírio das perseguições» em 1877, distinguindo-se, posteriormente, como docente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e como Director do Hospital Psiquiátrico de Rilhafoles.
Tendo grangeado merecida fama além-fronteiras, o Dr. Miguel Bombarda valeu-se dessa sua notoriedade para realizar em 1906, em Lisboa, um Congresso Internacional de Medecina, a qual presidiu. A Miguel Bombarda se ficou, igualmente, a dever a criação da Liga Nacional contra a Tuberculose e a fundação da revista semanal «Medicina Contemporânea», da qual ele próprio foi Director e um dos principais redactores.
O Dr. Miguel Bombarda divulgou, através de numerosos e bem documentados escritos, os principais proplemas de natureza clínica que afligiram os Portugueses do seu tempo. O ilustre médico e divulgador realizou e publicou, além disso, estudos meritórios sobre distrofias por lesão nervosa, menopausa viril, delírio do ciúme, epilepsia, psiquiatria forense, assistência aos alienados e sobre muitos outros temas de índole cintífica-profissional.
Paralelamente à ciência, o Dr. Bombarda interessou-se apaixonadamente pela política, tendo-se destacado pelo ardor combativo que pôs na luta contra o obscurantismo clerical do seu tempo e contra o poder monárquico. Assim, ficou a dever-se a este distinto clínico a fundação da Junta Liberal, em 1901. Alguns anos mais tarde –em 1909- Miguel Bombarda revelou-se como um dos membros mais activos do Comitê Revolucionário Republicano, que exigiu a abdicação daquele que viria a ser o último soberano da dinastia de Bragança : D. Manuel II.
Como já acima deixei entender, o Dr. Miguel Bombarda -homem que «contribuiu poderosamente para o prestígio da medicina portuguesa no estrangeiro»- foi um polígrafo fecundo, visto a sua obra obra escrita compreender centenas de artigos (mais de 600 !) e uma vintena de livros. De entre estes últimos, e no domínio científico é de destacar «Os neurones e a vida psíquica», enquanto no campo político-doutrinário é importante referir «A consciência e o livre arbítrio». Esta última obra foi muito polémica, já que valeu ao insigne alienista e republicano convicto uma viva disputa com o padre M. Santana, que ripostou ao seu livro com a publicação de «O materialismo em face da ciência»; ao que o Dr. Bombarda opôs, por sua vez, novo livro intitulado «A ciência e o jesuitismo – réplica a um padre sábio».
No dia 3 de Outubro de 1910, quando se estava a escassas horas da eclosão da revolta que haveria de conduzir à queda definitiva da monarquia portuguesa, o Dr. Miguel Bombarda apresentou-se, como habitualmente o fazia, no hospital de Rilhafoles. Para este líder do golpe de estado que estava prestes a agitar a vida política nacional, esse dia era, do ponto de vista profissional, um dia de trabalho como os outros.
O ilustre psiquiatra encontrava-se, pois, sentado à secretária do seu gabinete hospitalar, quando a porta do dito foi franqueada por um seu antigo paciente, o tenente do exército Aparício Rebelo. Ao vê-lo, o Dr. Miguel Bombarda soergueu-se, esboçou um gesto amável para cumprimentar o inesperado visitante, quando este sacou, bruscamente, de uma pistola Browning e alvejou o médico com dois tiros, disparados à queima-roupa. Alertado pelos estampidos, um dos guardas do estabelecimento hospitalar acorreu rapidamente ao escritório do Director de Rilhafoles. Apercebendo-se imediatamente da gravidade da situação, o diligente e corajoso funcionário atirou-se ao agressor e desarmou-o. Mas o irremediável estava, contudo, consumado.
Perante a extrema gravidade dos ferimentos causados pelos tiros desfechados pelo tresloucado oficial, o Dr. Miguel Bombarda foi imediatamente conduzido ao banco do hospital de São José. Ali se manteve algum tempo, perfeitamente lúcido, chegando até a discutir com os seus colegas sobre as medidas a adoptar para o seu caso, aquando da operação cirúrgica a que deveria submeter-se sem mais delongas. Segundo uma testemunha ocular da patética cena, o famoso alienista ainda teve a presença de espírito suficiente para retirar de um dos seus bolsos um documento, que queimou. Presumiu-se, mais tarde, que se tratasse de uma lista de nomes de cidadãos de Lisboa implicados, como ele, no levantamento popular agendado para daí a poucas horas.
O notável clínico não conseguiu resistir, infelizmente, à gravidade dos ferimentos que lhe haviam sido infligidos pelo tenente Rebelo, apesar de todos os cuidados que lhe foram dispensados em São José. E acabou por falecer no hospital nesse mesmo dia 3 de Outubro de 1910, sem ter podido saborear a vitória da revolução republicana que ele havia apadrinhado. A sua trágica morte chegou a ser apresentada, por alguns dos seus correligionários, como um crime político, pelo facto do assassino do Dr. Miguel Bombarda estar ligado ao exército real. O mais provável, porém, é ter sido o acto do tresloucado militar, a acção isolada de um doente e nada ter tido a ver com as opiniões políticas perfilhadas pela sua vítima. Um homem cujo nome se inscreve na nossa História como uma das maiores glórias da medicina portuguesa de inícios do século XX. Coisa curiosa : o Dr. Miguel Bombarda foi a enterrar no dia 6 de Outubro de 1910, ao mesmo tempo que um outro grande paladino da República que se chamou Cândido dos Reis. (M. M. S.).
O Dr. Miguel Bombarda (que nasceu no Rio de Janeiro de 1851) foi um dos mais notáveis alienistas portugueses de sempre. Fez tese sobre «O delírio das perseguições» em 1877, distinguindo-se, posteriormente, como docente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e como Director do Hospital Psiquiátrico de Rilhafoles.
Tendo grangeado merecida fama além-fronteiras, o Dr. Miguel Bombarda valeu-se dessa sua notoriedade para realizar em 1906, em Lisboa, um Congresso Internacional de Medecina, a qual presidiu. A Miguel Bombarda se ficou, igualmente, a dever a criação da Liga Nacional contra a Tuberculose e a fundação da revista semanal «Medicina Contemporânea», da qual ele próprio foi Director e um dos principais redactores.
O Dr. Miguel Bombarda divulgou, através de numerosos e bem documentados escritos, os principais proplemas de natureza clínica que afligiram os Portugueses do seu tempo. O ilustre médico e divulgador realizou e publicou, além disso, estudos meritórios sobre distrofias por lesão nervosa, menopausa viril, delírio do ciúme, epilepsia, psiquiatria forense, assistência aos alienados e sobre muitos outros temas de índole cintífica-profissional.
Paralelamente à ciência, o Dr. Bombarda interessou-se apaixonadamente pela política, tendo-se destacado pelo ardor combativo que pôs na luta contra o obscurantismo clerical do seu tempo e contra o poder monárquico. Assim, ficou a dever-se a este distinto clínico a fundação da Junta Liberal, em 1901. Alguns anos mais tarde –em 1909- Miguel Bombarda revelou-se como um dos membros mais activos do Comitê Revolucionário Republicano, que exigiu a abdicação daquele que viria a ser o último soberano da dinastia de Bragança : D. Manuel II.
Como já acima deixei entender, o Dr. Miguel Bombarda -homem que «contribuiu poderosamente para o prestígio da medicina portuguesa no estrangeiro»- foi um polígrafo fecundo, visto a sua obra obra escrita compreender centenas de artigos (mais de 600 !) e uma vintena de livros. De entre estes últimos, e no domínio científico é de destacar «Os neurones e a vida psíquica», enquanto no campo político-doutrinário é importante referir «A consciência e o livre arbítrio». Esta última obra foi muito polémica, já que valeu ao insigne alienista e republicano convicto uma viva disputa com o padre M. Santana, que ripostou ao seu livro com a publicação de «O materialismo em face da ciência»; ao que o Dr. Bombarda opôs, por sua vez, novo livro intitulado «A ciência e o jesuitismo – réplica a um padre sábio».
No dia 3 de Outubro de 1910, quando se estava a escassas horas da eclosão da revolta que haveria de conduzir à queda definitiva da monarquia portuguesa, o Dr. Miguel Bombarda apresentou-se, como habitualmente o fazia, no hospital de Rilhafoles. Para este líder do golpe de estado que estava prestes a agitar a vida política nacional, esse dia era, do ponto de vista profissional, um dia de trabalho como os outros.
O ilustre psiquiatra encontrava-se, pois, sentado à secretária do seu gabinete hospitalar, quando a porta do dito foi franqueada por um seu antigo paciente, o tenente do exército Aparício Rebelo. Ao vê-lo, o Dr. Miguel Bombarda soergueu-se, esboçou um gesto amável para cumprimentar o inesperado visitante, quando este sacou, bruscamente, de uma pistola Browning e alvejou o médico com dois tiros, disparados à queima-roupa. Alertado pelos estampidos, um dos guardas do estabelecimento hospitalar acorreu rapidamente ao escritório do Director de Rilhafoles. Apercebendo-se imediatamente da gravidade da situação, o diligente e corajoso funcionário atirou-se ao agressor e desarmou-o. Mas o irremediável estava, contudo, consumado.
Perante a extrema gravidade dos ferimentos causados pelos tiros desfechados pelo tresloucado oficial, o Dr. Miguel Bombarda foi imediatamente conduzido ao banco do hospital de São José. Ali se manteve algum tempo, perfeitamente lúcido, chegando até a discutir com os seus colegas sobre as medidas a adoptar para o seu caso, aquando da operação cirúrgica a que deveria submeter-se sem mais delongas. Segundo uma testemunha ocular da patética cena, o famoso alienista ainda teve a presença de espírito suficiente para retirar de um dos seus bolsos um documento, que queimou. Presumiu-se, mais tarde, que se tratasse de uma lista de nomes de cidadãos de Lisboa implicados, como ele, no levantamento popular agendado para daí a poucas horas.
O notável clínico não conseguiu resistir, infelizmente, à gravidade dos ferimentos que lhe haviam sido infligidos pelo tenente Rebelo, apesar de todos os cuidados que lhe foram dispensados em São José. E acabou por falecer no hospital nesse mesmo dia 3 de Outubro de 1910, sem ter podido saborear a vitória da revolução republicana que ele havia apadrinhado. A sua trágica morte chegou a ser apresentada, por alguns dos seus correligionários, como um crime político, pelo facto do assassino do Dr. Miguel Bombarda estar ligado ao exército real. O mais provável, porém, é ter sido o acto do tresloucado militar, a acção isolada de um doente e nada ter tido a ver com as opiniões políticas perfilhadas pela sua vítima. Um homem cujo nome se inscreve na nossa História como uma das maiores glórias da medicina portuguesa de inícios do século XX. Coisa curiosa : o Dr. Miguel Bombarda foi a enterrar no dia 6 de Outubro de 1910, ao mesmo tempo que um outro grande paladino da República que se chamou Cândido dos Reis. (M. M. S.).
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
TERNAS RECORDAÇÕES DE JUVENTUDE...
A primeira das fotografias que se segue data de 1976 e mostra o bloguista com uns 30 anos (e uns 30 kg) a menos, acompanhado pelas suas duas filhas; que já ultrapassaram (ambas) as quatro décadas de vida. O ‘retrato’ foi tirado –pela esposa e mãe dos figurantes- diante do Museu Kon Tiki, em Bygdoy, perto de Oslo. É em Bygdoy, zona verdejante e aprazível da capital da Noruega, que se encontram, além deste, vários outros museus, sendo aquele que abriga e expõe os navios vikingues de Oseberg e de Gokstad (entre outras maravilhas da civilização nórdica) o mais visitado. Lembro-me que, no domingo que lá passámos, visitámo-los todos, apesar das crianças não terem manifestado grande entusiasmo por aquelas relíquias do passado.
As fotografias seguintes (postais) mostram uma vista geral do lugar e a famosa jangada -em madeira de balsa- do explorador Thor Heyerdahl; que no ano de 1947, atravessou, com ela e com cinco companheiros de aventura, o oceano Pacífico, de Callao (Perú) até ao atoll de Raroia, na Polinésia francesa. Uma viagem de perto de 8 000 km, realizada em 101 dias de navegação. (para mais detalhes sobre a odisseia da «Kon Tiki», ver o meu outro blog : alernavios, no google.pt).
As fotografias seguintes (postais) mostram uma vista geral do lugar e a famosa jangada -em madeira de balsa- do explorador Thor Heyerdahl; que no ano de 1947, atravessou, com ela e com cinco companheiros de aventura, o oceano Pacífico, de Callao (Perú) até ao atoll de Raroia, na Polinésia francesa. Uma viagem de perto de 8 000 km, realizada em 101 dias de navegação. (para mais detalhes sobre a odisseia da «Kon Tiki», ver o meu outro blog : alernavios, no google.pt).