Esta bonita tela (da autoria de Camille Pissarro, um artista com raízes portuguesas) mostra um navio em manobras de carregameneto/descarregamento no porto francês de Ruão (Rouen). Foi pintada em 1898. Repare-se nos barris que se acumulam no cais e que atestam que aquela cidade normanda foi grande importadora de vinhos; nomeadamente oriundos de Portugal. Curiosidade : lembro-me, por lá ter vivido, que, em inícios de 1965, ainda se exportavam para ali grandes quantidades de vinho do Porto. Nesse tempo essas vendas ainda se faziam em barris sem o selo de origem. Desse modo, o nosso vinho generoso do vale do Douro era 'baptizado' com quantidade não-negligenciável de vinhos franceses (mas não só), sendo -para grande prejuízo da nossa economia e dos consumidores gauleses- considerado um 'negócio da China' para os importadores. Recordo-me que, nesses tempos, também por lá se ingeria uma mistela proveniente de Espanha e abusivamente denominada 'vino de Oporto'; que era de cor mais escura do que o verdadeiro e horrivelmente açucarada. O Instituto do Vinho do Porto acabaria por terminar com esses abusos, ao passar, mais tarde, a exportar os nossos néctares exclusivamente em garrafas portadores do selo que lhes certificava a origem. Ainda a propósito de Pissarro, refira-se que ele foi amigo de muitas celebridades do seu tempo, sobretudo ligadas ao mundo das artes, de entre as quais se podem destacar os pintores Cézanne, Monet e Daubigny. Este grande artista plástico luso-francês -considerado um dos co-fundadores da escola impressionista- nasceu nas Antilhas em 1830. (seu pai era um cripto-judeu de Bragança) e faleceu em 1903. Foi a enterrar em Paris, no famoso cemitério do Père Lachaise.
Estes vinhos do Porto são genuínos e dos (muito) bons. Nada têm, pois, a ver o vinho 'martelado' a que acima nos referimos.
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