sábado, 30 de abril de 2016

UMA SOBREVIVENTE DE TRAFALGAR

Hoje, as mulheres conquistaram o direito de se alistar na marinha de guerra e de assumir funções e responsabilidades (inclusivamente de comando) a bordo das suas unidades. Mas, durante muito tempo, uma mulher a bordo de um navio era 'coisa' proibida e vista pela guarnição do dito como um elemento perturbador e sinal de azares futuros. A partir de finais do século XVIII (na armada francesa e noutras marinhas militares europeias) as coisas começaram a mudar pouco a pouco, tolerando-se aos oficiais (sobretudo em tempo de paz) que recebessem as esposas a bordo. Esta gravura (de autor que eu desconheço) ilustra um episódio ao que parece verídico, que terá ocorrido a 21 de Outubro de 1805, durante a renhida batalha naval de Trafalgar. Nela vemos uma mulher a ser salva por marinheiros ingleses da guarnição do HMS «Revenge», após a explosão e o soçobro do «Achille», um vaso de guerra francês armado com 74 canhões. Em vésperas desse histórico confronto, e segundo informações da senhora, as mulheres que se encontravam a bordo daquele navio napoleónico foram intimadas a desembarcar. Ela desobedeceu às ordens e disfarçou-se de marinheiro para poder ficar junto do marido; que pereceu em combate contra a formidável frota de Horácio Nelson... Ela sobreviveu, graças à solidariedade da marinhagem inglesa, que, ulteriormente, a desembarcou em porto seguro.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

MARES DE BACALHAU


Este pescador desportivo norueguês exibe -com um sorriso de satisfação estampado no rosto- uma captura memorável : um bacalhau de tamanho e peso excepcionais. É destes frios mares do norte da Europa que nos chega, actualmente, o essencial  do pescado que nós transformamos em pratos deliciosos como o 'Bacalhau à Brás', 'Espiritual', 'à Gomes de Sá', 'à Zé do Pipo', 'à Transmontana', 'à Congregado', 'com natas', etc.

QUE DELÍCIA !...

Prato de esparguete com vieiras e camarões. E tudo o mais que lhe dá sabor... Exemplo de uma refeição energética e depois da qual não se fica com a sensação (desagradável) de pança cheia. Que bom.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

DIOGO DE SILVES E A DESCOBERTA DOS AÇORES

Segundo o catalão Gabriel de Valsequa -que mencionou o nome de Diogo de Silves num dos seus mapas datado de 1439- terá sido este navegador algarvio (nascido presumivelmente em Silves por volta de 1400) quem descobriu as ilhas (ou parte delas) dos Açores, pertencentes aos grupos Oriental e Central. Diogo de Silves era escudeiro da Casa do Infante e homem experiente nas lides marítimas. Parece que as ilhas que descobriu (em 1427 ou 1432 ?) foram achadas ocasionalmente, aquando de um desvio de rota ocorrido durante uma viagem de regresso das costas de África. Esta tese foi confirmada por Damião Peres (que estudou aprofundadamente o mapa do referido cartógrafo catalão) na sua «História dos Descobrimentos Portugueses».

AVIÕES E VIAGENS AÉREAS

Desde menino que fico extasiado diante de um avião. Seja ele de turismo, comercial ou militar. Talvez que esse fascínio inspirado pelas máquinas voadoras tenha a ver com as visitas dominicais que -na companhia dos meus pais e de meu irmão- eu fazia (como tantas outras crianças de Lisboa e dos arrabaldes da capital) ao Aeroporto da Portela; para ver as movimentações dos 'Dakotas', dos 'Viscounts' ou dos 'Constellations', que dali descolavam para longínquos destinos ou aterravam provenientes de países inacessíveis à classe social à qual eu pertencia. E ainda pertenço. Só que depois, já na era dos jactos (que substituíram vantajosamente os aviões com motores a pistão), as viagens aéreas democratizaram-se e as pessoas de fracos recursos começaram, também elas, a frequentar os aeroportos e a demandar destinos que, na minha meninice, eram tão distantes quanto exóticos e que só cabiam na imaginação da generalidade das pessoas. Hoje, por uns míseros 40/50 euros, temos praticamente todas as capitais da Europa ao nosso alcance e isso muito graças ao aparecimento das companhias aéreas 'low cost'; que preferem relaxar os preços a andarem de um lado para o outro com aviões vazios. É verdade que, para ganhar isso, foi necessário renunciar aos luxuosos serviços de bordo que, em tempos que já lá vão, compreendiam, por exemplo, refeições gastronómicas regadas com vinhos de mesa afamados e até com champanhe. Mas a verdade é que a maioria das pessoas ficou a ganhar com a mudança. Eu comecei a voar muito tarde, já com quase 30 anos feitos. Mas, nos 40 anos seguintes já tive a oportunidade de voar mais de 120 vezes e, algumas delas, para destinos longínquos, que implicaram uma permanência de 14 horas fechado na fuselagem de um Boeing 747, de um Airbus A-340 ou de um qualquer outro avião de grande porte. O que é pouco, se comparado ao 'palmarès' dos privilegiados do nosso tempo, entre os quais figuram os homens de negócios e os nossos deputados europeus. Que 'apanham' o avião como quem, em Lisbos, se enfia no eléctrico que segue para o Arco do Cego. A propósito, estou a lembrar-me da minha primeira viagem aérea, que ocorreu nos idos dos 70 (do século passado, obviamente) e que me levou do velho aeroporto de Le Bourget (Paris) a Oslo, com uma demorada escala em Copenhague. O avião desse meu baptismo de voo foi um Douglas DC-9 da companhia escandinava S.A.S.; que, nesse dia, voou com apenas meia dúzia de passageiros até à principal cidade do reino da Dinamarca e que, dali, voou lotado até ao já extinto aeroporto de Fornebu, que servia a capital do bonito 'País dos Fiordes'. Ainda a propósito de Paris (de onde descolei pela primeira vez), não deixa de ser curioso o facto de eu já ter utilizado todos os aeroportos internacionais que servem, ou serviram, essa grande metrópole europeia : o já referido e histórico aeroporto de Le Bourget (onde, em 21 de Maio de 1927, Charles Lindbergh aterrou o «Spirit of St. Louis», aquando da 1ª viagem transatlântica sem escalas jamais realizada); o aeroporto de Orly (inaugurado em 1909, modernizado ao longo dos tempos, até se tornar a primeira plataforma aérea da capital francesa, antes de ser suplantada pelo aeroporto de Roissy-Charles De Gaulle); o atrás referido aeroporto de Roissy, que é um dos maiores aeroportos da Europa; e o novo aeroporto de Paris Beauvais-Tilly, que se situa a noroeste da 'Cidade-Luz' e é de grande utilidade para os habitantes das regiões da Picardia e da Alta Normandia, entre outras, que assim evitam o bulício e a densa circulação da capital. Sim, gosto de viajar de avião. Pena é que -velho e cansado- já não tenha apetência para sair de casa. Nem dinheiro para esbanjar nos destinos que a nova aviação comercial agora nos oferece ao preço (passe a expressão) da uva mijona.

Imagens : 1) placa do aeroporto de Le Bourget aquando de um dos Salões da Aeronáutica de Paris, realizado nos anos 70. Esta estrutura serve, actualmente, para receber aviões-cargueiros, aviões de negócios e para a realização, periódica, de eventos como o acima referido.
2) vista geral do terminal do novo aeroporto internacional de Paris-Beauvais, onde chegam e de onde partem voos para toda a Europa, inclusivamente de e para Portugal.

domingo, 17 de abril de 2016

PÁGINAS ESQUECIDAS DA NOSSA HISTÓRIA

A cidade do Porto foi palco -em 1757- de duas revoltas contra a Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro, fundada no ano precedente pelo futuro marquês de Pombal. O desagrado popular ficou a dever-se à política monopolista da referida empresa e envolveu exportadores de vinho do Porto (inclusivamente ingleses) e muitos comerciantes e artesãos da cidade, nomeadamente taberneiros, tanoeiros e armazenistas. Talvez pelo facto dos tasqueiros serem os mais numerosos e ruidosos dos contestatários, foi dado a esse movimento de protesto o nome de Motim dos Taberneiros. Durante as manifestações de 23 de Fevereiro de 1757, as autoridades locais foram incomodadas e achincalhadas e as casas de dois dos representantes, no Porto, da supracitada companhia foram vandalizadas pelos amotinados. Quando a notícia chegou a Lisboa, el-rei D. José mandou abrir uma devassa conduzida por João Pacheco Pereira de Vasconcelos e exigiu a este último o envio de um relatório detalhado dos acontecimentos. Mas quando o enviado régio chegou ao Porto, rebentou um segundo motim (ocorrido a 15 de Março), que envenenou ainda mais as relações entre os revoltosos e o poder central; que mandou proceder à ocupação militar da cidade por regimentos oriundos do Minho, de Trás-os-Montes e das Beiras. Do inquérito então feito para apurar responsabilidades, foram acusadas 462 pessoas. 26 delas (21 homens e 5 mulheres) foram condenadas à morte e os portuenses foram obrigados a dar aboletamento aos militares e intimados a contribuir com um imposto especial para pagamento de soldos e das munições. A vereação do Porto foi extinta, assim como o foi a Casa dos 24. Finalmente, 8 dos condenados à pena capital conseguiram fugir e uma das  mulheres salvou-se da forca por se encontrar grávida. Os restantes sentenciados (17 pessoas) foram enforcados ou decapitados no dia 14 de Outubro desse mesmo ano de 1757. Como era comum proceder naquele tempo, as cabeças e os corpos esquartejados dos justiçados foram expostos em várias praças e ruas da cidade. Para servirem de exemplo a quem, futuramente, ousasse desafiar o poder real.

ESTRADAS DO EXTREMO

Estas pequenas mas impressionantes pontes são duas das muitas obras de engenharia que asseguram a continuidade da famosa 'Atlantic Ocean Road', um troço com 8,3 km de extensão pertencente à Estrada Condal nº 64, na Noruega.  Imagine-se a dificuldade que representa transpô-las durante o Inverno; com os respectivos pisos cobertos de neve e de gelo ou com as vagas a batê-las violentamente. Puxa !

sexta-feira, 15 de abril de 2016

FIM DA EPOPEIA EUROPEIA DO BENFICA E DO SPORTING DE BRAGA

Os quartos-de-final das competições europeias de futebol ditaram o fim da aventura das duas equipas portuguesas ainda em liça. O Benfica fez um jogo bonito, que apesar do resultado final (2-2) e da sua subsequente eliminação muito agradou aos adeptos; que viram entrega total dos encarnados no 'match' contra uma das mais fortes equipas mundiais da modalidade. Por isso, e apesar do afastamento da sua formação, todos teceram rasgados elogios aos atletas e ao seu treinador. O tal treinador que um rival enfatuado (e quiçá invejoso) teima em não considerar como um seu igual. O Benfica saiu, pois, destas suas andanças internacionais com honra e pela porta grande. Daí os elogios de Pep Guardiola, o prestigioso técnico dos rivais. Quanto ao Braga -que durante 20 minutos fez jogo igual com o Shakthar de Donetsk- acabou por ter uma noite infeliz, sofrendo quatro golos sem resposta. O azar foi tanto, que dois dos tentos averbados ao adversário resultaram de autogolos. Mas, apesar do desaire, realce-se o valor de um clube que chegou mais longe do que todas as outras equipas lusas implicadas na Taça Europa e que ficaram pelo caminho muito mais cedo, apesar da sua teórica superioridade. Para o próximo ano futebolístico há mais e eu estou certo que tanto o S.L.B. e os arsenalista farão novo brilharete.

PAPAROCA VIRTUAL

Caro(a) amigo(a) que visita este blogue, digo-lhe que não vale a pena babar-se diante de tão apetitosas iguarias. Porque o que aqui vê não é real ! Trata-se, com efeito, de pinturas híper-realistas de Tjalf Sparnaay, um artista autodidacta neerlandês nascido em 1954. Que consegue dar às suas telas uma verdade que vai para lá do entendimento. Como aliás toda a gente pode constatar. Na primeira ilustração pode ver-se o artista dando os últimos retoques numa das suas extraordinárias sanduiches.

MEMÓRIAS DE GUERRA

Um grupo de aviadores norte-americanos evoca (com os gestos de um deles) as peripécias de um combate aéreo contra o inimigo hitleriano. Atrás deles pode ver-se um bimotor Messerschmitt Be-110 (capturado), equipado para a caça nocturna...

OLHA O CÉU NUM CAMPO FLORIDO...

«Vê o mundo num grão de areia,
Olha o céu num campo florido,
Guarda o infinito na palma da mão,
E a eternidade numa hora de vida !»

** Dixit William Blake, poeta e pintor inglês dos séculos XVIII e XIX **

AVIÃO VIRTUAL

Este é um dos vários projectos de avião comercial supersónico estudado pelos engenheiros aeronáuticos dos nossos dias. O que figura nesta ilustração é da responsabilidade do consórcio Lockheed-Martin e chama-se, ao que parece, n+2. Deverá ser, se algum dia for realizado, mais veloz e transportar um número de passageiros mais importante do que o desaparecido 'Concorde'; que foi concebido e construido -no século XX- graças ao saber conjugado de técnicos e operários franceses e britânicos.

REI DA GARGALHADA

Quem não recorda as macaquices e facécias de Louis de Funès, que em França (ou melhor, no seu cinema) transmitiu, durante uma longa carreira de actor, boa disposição a rodos ? -Este comediante, com raízes ibéricas, faleceu 1983 e deixou-nos um legado incomparável. Estou a lembrar-me de filmes que -durante muito tempo ainda- continuarão a divertir gerações de cinéfilos. Como, por exemplo, «O Gendarme de Saint Tropez», «As Aventuras do Rabi Jacob», «Óscar», «A Grande Paródia», «O Avozinho Congelado», «A Mania das Grandezas» ou , de todos o meu preferido, uma fita que se intitula «O Oportunista» («Le Corniaud»), realizado em 1965 por Gérard Oury. Alguns dirão que Louis de Funès nos contemplou com um humor fácil... Talvez ! Mas da mesma estirpe daquele que nos ofereceu um Jerry Lewis, o duo formado por Bucha e Estica e tantos outros actores que passaram a sua carreira, a sua vida, a fazer-nos esquecer (momentaneamente que fosse) das agruras da vida. Por isso, bem hajam !

quarta-feira, 13 de abril de 2016

ARAJUBAS

Estas vistosas aves -três arajubas- enfeitaram-se (naturalmente, diga-se de passagem) com uma plumagem que evoca o seu país de origem : o Brasil. Cuja bandeira nacional tem o verde e o amarelo como cores dominantes... Isto é patriotismo !

ENA, TANTO FUTEBOL !


As jornadas de ontem, de hoje e de amanhã vão ficar marcadas por grandes desafios de futebol. De futebol europeu de alto nível. Ontem, por exemplo, assistiu-se ao embate Real Madrid - Wolfsburg, no qual os 'merengues' partiam com uma desvantagem de 2 golos; que um fenomenal Cristiano Ronaldo anulou e superou, averbando um memorável 'hat-trick'. Feito que enche as capas da imprensa espanhola do dia e não só a de carácter desportivo.

Hoje, é a vez do Benfica (desfalcado, infelizmente, de alguns dos seus mais eficientes avançados) de se confrontar, no estádio da Luz, com um dos mais temíveis clubes do mundo : o Bayern de Munique. Que se apresenta em Lisboa com o benefício de 1 golo, marcado na Alemanha. Não farei prognósticos. Esperarei para ver. Para ver, acredito, um Benfica que, num dia feliz, poderá (não tenho dúvidas) prostrar o ogre germânico.

E, amanhã, será a ver do Sporting de Braga; que estará na Ucrânia para disputar um lugar nas meias-finais da Taça Europa. O seu adversário será a fortíssima equipa do Shaktar de Donets, que não facilitará a vida aos arsenalista. Mas também é verdade que o Braga (que perdeu em casa o 'match' da primeira volta por 1-2) já nos habituou a reviravoltas fenomenais. A ver vamos com que espírito os bracarenses jogarão na longínqua Ucrânia...

FALECEU FRANCISCO NICHOLSON

Faleceu, há dois dias, Francisco Nicholson... E com ele é mais um grande nome do nosso teatro e da nossa televisão que se apaga. Mas não da memória daqueles que tiveram a oportunidade de vê-lo -em plena acção- nos palcos e no pequeno ecrã. O actor (e argumentista, encenador, etc.) tinha 77 anos de idade e vai a enterrar na próxima 5ª feira. Aqui fica a minha sentida homenagem.

terça-feira, 12 de abril de 2016

UM POEMA DE AMADO NERVO

«Y EL BUDA DE BASALTO SONREÍA...»

Aquella tarde, en la alameda, loca
de amor, la dulce idolatrada mía
me ofreció la eglantina de su boca.

Y el Buda de basalto sonreía...

Otro vino después, y sus hechizos
me robó; dile cita, y en la umbría
nos trocamos epístolas y rizos.

Y el Buda de basalto sonreía...

Hoy hace un año del amor perdido.
Al sitio vuelvo y, como estoy rendido
tras largo caminar, trepo a lo alto
del zócalo en que el símbolo reposa.
Derrotado y sangriento muere el día,
y en los brazos del Buda de basalto
me sorprende la luna misteriosa.

** Amado Nervo (1870 - 1919), poeta modernista mexicano **

segunda-feira, 11 de abril de 2016

TAPEÇARIAS PATRIMONIAIS

Esta é uma das magníficas tapeçarias de Portalegre. Que, agora, um grupo de portugueses -cientes da sua importância- desejam ver reconhecidas pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. Bem hajam !

O PRIMEIRO ENCONTRO

Esta magnífica estampa mostra o primeiro contacto oficial dos europeus com os índios do Brasil. Os europeus eram, naturalmente, Pedro Álvares Cabral e os seus companheiros de viagem, a data do evento a de 22 de Abril de 1500 e o local do encontro Porto Seguro, no litoral do mais vasto e mais rico país da América do sul.



Este é o brasão de armas da cidade de Porto Seguro, no qual figuram elementos recordando o primeiro evento da História brasileira.

IMAGENS INSÓLITAS DE NANTES



Nantes - localização geográfica : Oeste de França; habitantes da área metropolitana : 805 000; actividades : indústria, comércio, serviços, universidade. Em 2004, a revista «Time» referiu que Nantes era, cito, «a cidade com mais vida da Europa». E, em 2013, esta metrópole francesa foi eleita, pela segunda vez, a capital mais verde do nosso continente. Uma cidade onde se «estimula o uso dos transportes públicos e da bicicleta no centro urbano, em detrimento do automóvel».

CURIOSO SECRETÁRIO

O secretário ('Sagittarius serpentarius') é uma ave de rapina diurna com habitat em todas as regiões da África subsaariana, à excepção das zonas densas de floresta. É uma ave de grande porte (1,50 m de altura por 2 m de envergadura) conhecida pelas sua lutas épicas com as serpentes, que constituem a sua alimentação preferida. Embora o serpentário (o outro dos seus nomes comuns) também não desdenhe nutrir-se de pequenos roedores e de anfíbios. O secretário voa bem, aproveitando, como os abutres, as correntes de ar ascendentes para planar, mas prefere caçar em terra servindo-se das suas poderosas e afiadas garras para dominar as presas. De cor cinza, com cauda, extremidade das asas e parte superior das pernas, que são negras, tem, na nuca, um característico tufo de plumas pretas, que se eriçam quando luta. Parece que o seu nome de secretário provém do vocábulo árabe 'sacr-et-tair', que significa ave caçadora. O serpentário é, certamente, uma das mais curiosas aves da sua espécie.

CINE-NOSTALGIA (44)


«O SALÁRIO DO MEDO» («Le Salaire de la Peur») é uma coprodução franco-italiana com realização de Henri-Georges Clouzot. Estreado em 1953, contou com o trabalho e o talento de uma equipa de actores, de entre os quais se devem destacar Yves Montand, Charles Vanel, Vera Clouzot, Folco Lulli, Peter Van Eyck, William Tubbs e Mario Moreno. Filmado a preto e branco e com uma duração de 156 minutos, esta película (distribuída pela Cinedis) centra a sua acção num não-identificado país da América central, onde vegeta (literalmente) um grupo de aventureiros oriundos da Europa. Aventureiros que, na incapacidade de ali fazer fortuna, desejam agora que um golpe da sorte lhes permita arranjar dinheiro para adquirir um bilhete de regresso aos respectivos países. Essa ocasião vai apresentar-se a quatro desses párias sob a forma de um desafio letal : que consiste em conduzir -através de uma estrada perigosa- dois camiões carregados de nitroglicerina, destinados às equipas que tentam extinguir o incêndio que se declarou num poço de petróleo. Só um deles consegue, porém, vencer a aposta feita contra as ratoeiras do percurso, contra a fatalidade. Mas, de regresso, ao ponto de partida, já com o salário do medo e da liberdade no bolso, Mário, o sobrevivente, é, por sua vez, vítima daquela estrada da morte, caindo numa profunda e mortífera ravina... Esta obra de Clouzot (inspirada num conhecido e apreciado romance de Georges Arnaud e galardoada em Cannes), é, para além de um palpitante filme de aventuras, uma pintura acerba da condição humana. De assinalar é também a esplêndida fotografia desta fita, que se deve a um competente técnico de imagem chamado Armand Thirard. Revi recentemente este filme (graças a uma cópia DVD) e posso afirmar -sem receio de ser desmentido- que «O SALÁRIO DO MEDO» não envelheceu, continuando a ser um fantástico momento de cinema; onde os momentos de 'suspense' e as reviravoltas dramáticas continuam a provocar-nos arrepios.

DUAS PONTES

Estas duas pontes galgam o Svinesund, um fiorde que marca a fronteira entre os reinos da Noruega e da Suécia. Durante quatro meses, em 1976, atravessei (de automóvel) a primeira delas mais de 200 vezes ! Com um único controlo policial, devido a uma reunião de destacados membros da NATO em Oslo... Outros tempos. Essa primeira ponte lançada sobre o Svinesund foi construída durante a 2ª Guerra Mundial pelos suecos e pelos alemães; que, ao tempo, ocupavam militarmente a Noruega. Recordo-me de que, quando lá estive, havia naquela zona fronteiriça um mercado (de peles e de artesanato) muito animado. A segunda ponte -de moderníssima arquitectura- substituiu aquela que eu muito bem conheci. Mais funcional, acelerou o processo de passagem de um país para o outro e melhorou as ligações entre a Suécia e Oslo, a bonita capital do reino vizinho.