O rei D. Pedro V -um dos últimos soberanos da dinastia de Bragança- morreu jovem e com a merecida reputação de ser um homem bom. Daí a série de cognomes que recebeu : o «Bem-Amado», o «Muito Amado», o «Esperançoso». Nascido em Lisboa, no ano de 1837, reinou de 1853 a 1861, sucedendo a sua mãe, a rainha D. Maria II e a seu pai, o regente D. Fernando. Preocupado com o desenvolvimento do nosso país, a ele se ficaram a dever a introdução em Portugal do telégrafo, dos caminhos-de-ferro e de outras 'modernices', que já funcionavam, com sucesso, no resto da Europa. Em 1857 e 1858, várias epidemias assolaram o nosso país (cólera, febre amarela), fazendo muitas vítimas na capital do reino, mas não só. D. Pedro V, pessoa altruísta, pessoa solidária, percorreu, então, os hospitais da cidade, para dirigir palavras de consolo àqueles que, ali acamados, estavam entregues ao saber e aos cuidados de médicos e pessoal de enfermagem. Esse gesto calou fundo no coração dos lisboetas, que passaram a estimá-lo profundamente. Sentimento de que, havia muito, não beneficiava nenhum rei de Portugal. D. Pedro V desposou (por sugestão da rainha Vitória), em 1858, D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, uma princesa alemã. Um casal bonito, que se amou profundamente, até à morte da jovem rainha, que faleceu (das consequências de uma angina diftérica) a 17 de Julho de 1859, quando contava apenas 22 anos de idade. Este má golpe da sorte abalou profundamente o monarca, que, muito dado a estados de angústia e a depressões, tentou distrair-se com a caça. Morreu pouco tempo depois de enviuvar -a 11 de Novembro de 1861- depois de ter bebido água estagnada e conspurcada numa charca das imediações de Vila Viçosa. Quase ao mesmo tempo, morreram também vários membros da família real, incluindo dois infantes, irmãos do defunto rei. Só D. Luís -então oficial da Armada e comandante da corveta «Bartolomeu Dias»- escapou e foi, inesperadamente, coroado rei de Portugal. Mas a reputação de bondado do seu predecessor mantém-se viva. Assim como a da sua efémera esposa(*), cuja memória está perpetuada num hospital de Lisboa (que ela idealizou e pediu, antes de morrer, para que fosse construído), especializado em pediatria e assistência a crianças. O retrato de D. Pedro V aqui mostrado é da autoria do pintor britânico William Corden, o ancião, e faz parte do espólio do Palácio Nacional da Ajuda.
(*) Para travar mais amplo conhecimento com esta infeliz personagem da História de Portugal (e com seu marido), recomendo vivamente a leitura do livro «D. Estefânia, Um Trágico Amor», da autoria de Sara Rodi. Foi publicado pela editora Esfera dos Livros e ainda é fácil de encontrar nas livrarias.
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