sexta-feira, 31 de julho de 2015
O NEVOEIRO QUE PERDURA
Será por este caminho e numa manhã de nevoeiro como esta, que surgirá, enfim, el-rei D. Sebastião, para salvar a pátria em perigo ? -Eu cá por mim duvido... Até porque nunca tive confiança nesse fedelho a quem ainda hoje chamam abusivamente o Desejado. Que, por pueril capricho, arrastou -em finais do século XVI- para uma desastrada aventura, a fina flor da gente lusa; para a perder miseravelmente (em escassas horas) nos escaldantes areais de Marrocos. A História dos povos não se compadece com actos românticos como a cruzada contra o infiel promovida por este neto de D. João III e estou certo que a vaidade desse imbecil que foi senhor e rei destas terras muito contribuiu para que o destino de Portugal entrasse num inexorável declínio. Que, salvo o breve interregno em que 'reinou' (por obra e graça de um soberano inteligente) o esclarecido José Sebastião de Carvalho e Mello, nunca mais voltou a ser o que foi. A culpa não foi só, obviamente, do impróvido Sebastião, porque gente como ele, da mesma laia, tem ocupado, ao longo dos séculos, as cadeiras do poder. Sempre em benefício próprio e das suas clientelas. Porque o povo português, esse, nunca mais saiu da cepa torta. E a prova está à vista.
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