Muitos Portugueses ignoram ainda que os famosos selos de correio ditos 'do cavalinho' (outrora tão populares) foram inspirados pela excelsa figura de el-rei D. Dinis. Soberano que, e isto vem mesmo a propósito, foi, sem sombra de dúvida, um dos grandes monarcas (se não o maior) da nossa História. Filho de D. Afonso III, o rei que fixou -com a conquista definitiva do Algarve- as nossas fronteiras terrestres (salvo alguns ajustes), o 'Lavrador' aproveitou-se da paz que esse evento proporcionou ao nosso país para fomentar a economia nacional, através do aproveitamento das terras livres (criando póvoas) e da protecção dada à agricultura, à silvicultura, à pecuária, etc. A ele se deve também a constituição de uma verdadeira marinha (militar e mercante), para assegurar a defesa da nossa costa e para facilitar as exportações (sobretudo para o norte da Europa) dos nossos produtos. Sendo ele um poeta reconhecido, também é natural que tenha sido el-rei D. Dinis a incrementar a educação e a cultura e a proteger as artes. Nesse campo, devemos-lhe a fundação dos primeiros Estudos Gerais (universidade) e a defesa intransigente da língua portuguesa, em prejuízo de outros idiomas (nomeadamente o castelhano) falados correntemente no nosso espaço geográfico. A sua acção de monarca excepcional -que reinou 46 anos- foi apoiada pela princesa aragonesa com quem se casou. Aquela que, pelos seus actos de bondade, cedo foi chamada pelo povo da nossa terra a Rainha Santa. Pena é que o estudo da nossa História seja, no nosso actual sistema de ensino, coisa considerada de somenos importância. E que os jovens portugueses de hoje desconheçam, totalmente, a existência de homens que, como o rei-poeta, construíram uma nação europeia 'sui generis'. Que vale muito mais (mas muito mais !) do que a imagem que ela hoje projecta para fora das suas fronteiras. Imagem negativa, forjada por dúzias de governantes medíocres e de vende-pátrias, que fizeram da política um negócio vergonhoso, que nos indigna.
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