segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
CIAO FRANCESCO, CIAO ANITA
Este último fim de semana foi trágico para o cinema transalpino; que, em apenas dois dias, viu desaparecer o realizador Francesco Rosi (a 10 de Janeiro) e a actriz Anita Ekberg, falecida ontem. Desta última (originária da frígida Suécia e que chegou a ser considerada uma das mais belas mulheres do mundo) toda a gente se lembra, visto a escultural actriz ter sido a inesquecível protagonista do banho nocturno na 'fontana' de Trevi em «La Dolce Vita» (1960), obra cimeira de Federico Fellini. Por ela ter sido a protagonista de um dos beijos mais escaldantes e famosos da História do Cinema (trocado com Marcello Mastroianni), que restará para sempre gravado na memória dos cinéfilos do mundo inteiro. É certo que a falecida actriz (que nos deixou quando contava 83 anos de idade) interpretou outros papéis interessantes na sua carreira. Mas este é, porventura, o único que é, para todos, simbólico e consensual.
Já Francesco Rosi é, infelizmente, recordado por menos gente. O que é pena, visto este realizador (desaparecido com 92 anos de idade) ter sido um dos cineastas mais interessantes do seu tempo. Aquele que -com grandes riscos- denunciou, na tela, os crimes da Mafia e de outros poderes ocultos da Itália do século XX. Isto, para além de ter realizado filmes que se afastaram dos problemas político-sociais do seu tempo, mas que -todos eles- deixaram na minha memória de cinéfilo a marca de um dos gigantes do cinema europeu. Assim, de repente, estou a lembrar-me de toda uma série de filmes inesquecíveis de Rosi, que eu tive a felicidade de ver (muitos deles nas salas de cinema) como, por exemplo, «Salvador Giuliano» (1961), «La Mani Sulla Città» (1963), «Il Caso Mattei» (1971), Lucky Luciano» (1973), «Cadaveri Eccelenti» (1975), «Cristo si à Fermato a Eboli» (1979) ou «Cronaca di una Morte Annunciata» (1986). Pena é que a maioria deles nunca tenha sido alvo do interesse dos editores de vídeo do nosso país. Porque penso haver por cá muita ente que gostaria de incluir cópias destas películas nas suas colecções particulares de DVD's. Aqui fica, no entanto, a minha homenagem aos artistas que agora nos deixaram... Indubitavelmente mais tristes e mais pobres.
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