quarta-feira, 22 de outubro de 2014

RECORDAÇÕES DO «HORTENSE»... E OUTRAS COISAS

Este belo veleiro é o lugre «Hortense»; que eu conheci, durante muitos anos, integrado na frota da Parceria Geral de Pescarias (casa Bensaúde). Este navio tinha por base a seca de bacalhau da Azinheira Velha, na Telha (concelho do Barreiro), onde invernava na companhia do «Gazela Primeiro» (recuperado e preservado pelo Museu Marítimo de Filadélfia), do «Creoula» (Navio de Treino de Mar que todos conhecem) e do «Árgus», que, depois de uma segunda vida a fazer cruzeiros de luxo nas Caraíbas, foi adquirido pela empresa Pascoal para ser restaurado. O «Hortense» foi, pois, o único bacalhoeiro dessa saudosa frota do rio Coina que desapareceu. Depois de Henrique Tenreiro ter exigido -dos legítimos proprietários- a sua entrega à Junta Central da Casa dos Pescadores, para nele ser constituído, ao que parece, um museu flutuante sobre a temática da faina nos Grandes Bancos. Este lugre com casco de madeira e com 3 mastros, foi construído, em 1929, nos laboriosos estaleiros da família Mónica da Gafanha da Nazaré (Aveiro) e -coisa extraordinária- participou em 31 campanhas consecutivas de pesca longínqua. Finalmente, desprezado por aqueles que por ele deveriam ter zelado, o «Hortense» foi encalhar numa praia do Lavradio (Barreiro), na sequência de uma tempestade, e ali ardeu no ano de 1970. Ingloriamente ! Hoje já não temos indústria naval. Já não temos pesca. Já não temos nada que ligue a nossa economia ao mar. Mercê das políticas desastrosas levadas a cabo (nestes últimos 40 anos) por gente ignara e irresponsável. Assim sendo, pergunto : que nos vale ter a mais vasta Z.E.E. da Europa ? -Só para ir a banhos ?   ///////////////////////  As fotografias abaixo anexadas pertencem aos navios, aqui referidos, da frota da Azinheira Velha. Por ordem : o «Gazela Primeiro», o «Creoula» e o «Árgus».

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