terça-feira, 28 de outubro de 2014
«GRACE» - UM FILME SEM GRAÇA
No passado sábado desloquei-me a Nisa para assistir a uma sessão do cinema local, que exibiu o filme «Grace». Uma coprodução franco-americana, que pretende relatar os primeiros anos de vida de Grace Kelly no seu papel (a sério) de princesa do Mónaco. E, depois de ter visto a fita, percebi porque razão se insurgiu a família Grimaldi contra a dita; que, como é sabido, abriu ('hors concours') o Fstival de Cannes de 2014. É que o filme é uma chachada completa. É de uma inépcia e de uma inverosimilhança que chega a roçar o ridículo. Não é que eu seja um perito em biografias de príncipes e de reis. Nem, tampouco, da História do Mónaco. Mas quando se aventa -em certo altura deste filme de Olivier Dahan (com Nicole Kidman, no principal papel) a ameaça francesa de bombardear o 'Rochedo' e de para lá enviar os tanques do seu exército, por causa de um conflitozinho financeiro ocorrido em 1962/1963, está tudo dito. Mas que estupidez ! Mas que maneira miserável de relatar os factos e de abusar, assim, da boa fé e da natural ignorância (nesta matéria) dos espectadores ! Eu cá só não me senti defraudado, porque durante a projecção da fita me vinguei, adormecendo por duas vezes e, também, porque me é possível contestar e denunciar, aqui, a burrice dos fazedores deste «Grace», que não tem graça alguma. Em boa verdade, e a propósito deste filme perfeitamente dispensável, estou inteiramente de acordo com o que disse um crítico do jornal Le Figaro», depois de ter visto este trabalho absurdo de Dahan : «Neste filme, tão esperado (...), tudo é falso ! Historicamente, politicamente, sociologicamente e humanamente. Não há uma cena, nem uma réplica em conformidade com a realidade dos factos, nem que se aproxime dela». ///////// Quero, porém, terminar estas linhas dando os parabéns aos membros da gerência do Cine-Teatro de Nisa, que -em boa hora- retomaram a programação de filmes. Atitude louvável numa região da qual o cinema (aliás como outras artes e espectáculos) foi praticamente banido. Continuem ! Porque não é a programação de filmes como este (que são, aliás e em geral, muito bem recebidos pelo grande público) que desvaloriza o vosso trabalho. Como dizem os franceses : «il faut de tout pour faire un monde».
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