Diz-se das pessoas que se entregam à poesia, que são sonhadoras e pouco dadas a enfrentar o real. Não é absolutamente verdade ! Veja-se, por exemplo, o caso de el-rei D. Dinis, um dos primeiros poetas da nossa língua. Foi também um monarca sábio e justo e um bom administrador da coisa pública. A ele se ficou a dever, entre outros benefícios para a nação, a reforma da marinha nacional -com a contratação, em Itália, do almirante Pessanha- e com o plantio de matas e florestas, nomeadamente do pinhal de Leiria. Que valeu a D. Dinis (1261-1325) o epíteto de «plantador de naus a haver», que lhe foi dado pelo grande Fernando Pessoa; poeta do século XX, que aparentemente muito o admirava e que lhe dedicou estes versos na sua obra «Mensagem» :
«D. DINIS»
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo :
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
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