quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

RECORDAÇÕES (9)

Quando eu era menino e frequentava a 3ª classe de instrução primária (grau escolar a que corresponde hoje, penso eu, o 3º ano do ensino básico) tomei conhecimento -no meu Livro de Leituras- de um texto que me deixou deveras impressionado. E que eu, ainda agora, sei quase de cor : «O Alcaide do Castelo de Faria». E isso, apesar de, entretanto, terem decorrido 60 longos anos ! O texto em questão (que eu só muitos anos mais tarde vim a saber ter sido inspirado num escrito do grande Alexandre Herculano) exaltava a figura e a atitude de um certo Nuno Gonçalves, alcaide de um castelo «que se ergueu no monte da Franqueira, a pouca distância da cidade de Barcelos», que terá vivido nos perturbados  tempos de el-rei D. Fernando de Portugal; e que preferiu, num lance de fidelidade e de heroísmo, que «as lanças dos castelhanos» lhe atravessassem «o corpo com inúmeros golpes», do que incitar o filho a render-se ao inimigo. Esse texto, que ocupava -com um sugestivo desenho- apenas duas páginas do meu «Livro de Leitura da 3ª Classe», foi, sem dúvida, um daqueles que, desde muito jovem, despertaram o meu interesse pela História de Portugal e a minha natural propensão para amar (sem lamechices) este país que é o meu. Que, nesta segunda década do século XXI, tão maltratado é por alguns dos seus próprios filhos. Bastardos que o têm saqueado e desvirtuado, como se nós fôssemos uma qualquer nação, sem memória, sem honra, sem pergaminhos. Estamos num tempo em que os interesses colectivos deste povo são vendidos ao estrangeiro por indivíduos sem pátria, que se põem em bicos de pés para adquirirem, para eles próprios, estatuto e proventos, que não se coadunam, minimamente, com a generosidade de que este povo tem dado provas ao longo dos seus 9 séculos de existência. Gente que se esforça por eliminar da memória dos Portugueses as suas referências históricas e os seus motivos de legítimo orgulho nacional. Atente-se, por exemplo, no que essa gente está a fazer àqueles marcos importantes da nossa História -tais como o 1º de Dezembro e o 5 de Outubro- datas riscadas do calendário por obra e graça de quem gostaria (é por demais evidente) de apagar a própria identidade do país e de dissolvê-la numa amálgama de territórios controlados -política e economicamente- pela Alemanha de Angela Merkel. Não sou antieuropeu (até achei que a ideia e o espírito inicial da CE era uma boa coisa), mas não quero, de todo, o meu país submetido ao 'diktat' germânico. Até porque acho que num Portugal sem corrupção e sem incompetentes é possível viver livre e dignamente. Porque, ao contrário do que para aí se pretende, Portugal não é um país pobre. Pobre é a Suíça ! Só que esse país tem gente competente, trabalhadora e que, praticamente, não sabe o que é vender-se. Em relação às simbólicas datas da nossa História, agora desprezadas e lançadas às urtigas, espero que os governos vindouros as restabeleçam. Como é de sua obrigação !

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