Tu és o cheiro que exhala
ao ir-se abrindo uma flor!
Tu és o collo que embala
suas premicias de amor!
Tu és um beijo materno!
Tu és um riso infantil,
sol entre as nuvens do Inverno
rosa entre as flores de Abril!
Tu és a rosa de Maio!
Tu és a flammula azul
que atam à flecha do raio
as tempestades do sul!
Tu és a nuvem de Agosto,
Meu alvo vello de lã!
Tu és a luz do sol-posto,
tu és a, luz da manhã!
Tu és a timida corça
que mal se deixa avistar!
Tu és a trança que a força
do vento leva no ar!
És a perola que salta
do niveo calix da flor!
És o aljofar que esmalta
virgineas rosas de amor!
És a roseira que a custo
levanta as rosas do chão!
És a vergontea do arbusto,
anjo do meu coração!
Tu és a agua das fontes,
tu és a espuma do mar!
Tu és o lirio dos montes,
tu és a hostia do altar!...
És o pimpolho, és o gommo,
és um renovo de amor!
Tu és o vedado pomo...
Tu és a minha Leonor!
Tu és a Laura que eu amo,
e a minha Taboa da Lei,
e a pomba que trouxe o ramo,
e a margarida que achei!
És o lirio, és a bonina
dos valles do meu paiz!
És a minha Catharina!
És a minha Beatriz!
João de Deus, in ‘Campo de Flores’
(A grafia é a do tempo do autor, que viveu entre 1830 e 1895)
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