sábado, 15 de maio de 2010
KUMQUAT - KUM QUÊ ?
Sabem o que é o kumquat ? –Muita gente, provavelmente, nem nunca terá sequer ouvido pronunciar este nome, que designa o mais pequeno de todos os citrinos. Eu conheci-o em França, há já umas boas décadas atrás, país onde essa minúscula árvore –que raramente excede a altura de 1,30 m- apareceu como planta ornamental. Até as pessoas se aperceberem quão saborosos eram os seus frutos, que têm a particularidade de se comerem com casca. As minúsculas ‘laranjinhas’ do kumquat, que são, geralmente, de forma oblonga, são também muito apreciadas quando transformadas em doces, compotas, geleias ou em frutos cristalizados. A árvorozinha em questão é originária da China (como praticamente todos os outros citrinos) e chegou à Europa -mais precisamente à Inglaterra- em meados do século XIX , pelas mãos do conhecido botânico Robert Fortune. Mas (há sempre um mas nas histórias maravilhosas e a do kumquat não foge à regra), a primeira pessoa que dele deu notícia, descrevendo-o tal qual ele hoje se nos apresenta, foi o português Álvaro Semedo (1586-1658) um padre jesuíta que deambulou pelo Oriente durante 22 longos anos. Este erudito -que nasceu em Nisa, no Alto Alentejo e faleceu em Cantão, na China- chamou (nos seus escritos) ao fruto em questão ’kin kiú’, termo que na língua cantonesa significa laranjinha dourada. E, já agora, diga-se de passagem e a título de curiosidade, que foi este frade-explorador o primeiro viajante europeu a conhecer as virtudes do chá e a revelar ao Ocidente os segredos da sua preparação. Quero referir, ainda a propósito do kumquat, que sou o feliz proprietário de um exemplar, que está actualmente carregadinho de frutos. E que tenho a intenção de, futuramente, adquirir mais duas ou três destas árvores maravilhosas. Só pelo prazer de as contemplar e de tratar delas…
Álvaro Semedo, de Nisa é, para a maioria dos portugueses, um ilustre desconhecido. Apesar de ser, indubitavelmente, uma das mais apaixonantes figuras da nossa história do século XVII. A sua «Relação» é, no dizer dos peritos, a primeira boa obra escrita sobre a China depois do «Livro de Marco Polo»
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