Simultaneamente guerreiro, navegante, geógrafo, cosmógrafo, escritor, embaixador, administrador e cortesão, Duarte Pacheco Pereira (c. 1460-1533) é, sem sombra de dúvida, uma das mais ilustres figuras do seu tempo. E não só da História de Portugal. Aquele a quem -pelos seus feitos militares, em África e no Oriente- Camões chamou o «Aquiles Lusitano, foi, com efeito, um homem excepcional, ligado a momentos altos da História do Mundo, pois (entre muitas outras coisas importantes) foi co-signatário do famoso Tratado de Tordesilhas, defendeu, de armas em punho, as fortalezas portuguesas do norte de África e da Índia, foi administrador do castelo-feitoria de São Jorge da Mina, foi (na opinião de muitos historiadores) o verdadeiro descobridor do Brasil (em 1498), desenhou novos mapas e deixou informação preciosa (referente às navegações lusas 'e outras cousas') no seu espantoso livro «Esmeraldo de Situ Orbis». Segundo o historiador Joaquim Barradas de Carvalho, um dos seus biógrafos, Duarte Pacheco Pereira foi um génio «comparável a Leonardo da Vinci»; que calculou o valor do grau de meridiano com uma margem de erro de apenas 4%. Pena é que este varão -misto de guerreiro e de sábio- seja tão ignorado dos portugueses do nosso tempo...
O «Esmeraldo de Situ Orbis» (redigido, muito provavelmente, em 1506) é um tratado de cosmografia e marinharia, contendo, entre outra informação preciosa sobre a navegação, uma lista (e respectivos dados) sobre todos os portos conhecidos naquele início do século XVI. O manuscrito manteve-se secreto durante muito tempo. A sua primeira edição tipográfica data de 1892. Conhecem-se três manuscritos do «Esmeraldo de Situ Orbis» : dois conservados, respectivamente, em Lisboa e em Évora e um terceiro guardado em Espanha, nos arquivos do Escurial. Sabe-se que este último foi roubado em Lisboa -por um espião italiano ao serviço do país vizinho- e enviado ao rei de Espanha.
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