quinta-feira, 12 de outubro de 2017
-MAS, QUANDO SE LEMBRARÁ ALGUÉM DE EDITAR «MR. HORN» ?
Há muitos anos que procuro, em vão. arranjar um DVD de editor, contendo cópia do telefilme MR. HORN»; que, ao que sei, se intitulou por cá «O Pistoleiro do Deserto». Acho que, tanto os editores de videogramas portugueses como estrangeiros têm desprezado (vá lá saber-se porquê ?) excelentes obras só porque foram rodadas para a TV. O caso citado é paradigmático de uma política lesiva dos interesses de quem gosta de cinema. Ostente esse cinema a chancela de um grande estúdio de Hollywood ou a marca de uma cadeia de televisão. Assim, e só em matéria de westerns, ficaram por gravar e comercializar em Portugal (mas também em França, por exemplo) 'coisas' tão importantes como o supracitado título ou como «Son of the Morning Star», «I Will Fight No More Forever», «The Last Day» e muitos outros mais. Enfim, uma frustração !
«MR. HORN» (que por cá recebeu um título pateta e desaquado) foi realizado, em 1979, por Jack Starrett. E conta no seu elenco artístico os actores David Carradine (que encarna a figura polémica de Tom Horn), Richard Widmark, Karen Black, Clay Tanner, Stafford Morgan, Enrique Lucerne, John Durren, Richard Masur e outros, incluíndo o próprio realizador, que aqui interpreta o papel do general Crook. Este telefilme tem uma duração de 150 minutos e foi filmado a cores. A acção começa no Arizona, em 1886, quando um famoso batedor do exército americano (Al Sieber) contrata um tal Thomas Horn, conhecido por falar vários dialectos apaches. Está-se em plena guerra contra essas tribos do sudoeste e as tropas tentam capturar, sem sucesso, o temível Gerónimo e o seu pouco numeroso (mas corajoso e astuto) bando de guerreiros. Com a ajuda de Horn, os frustrados perseguidores conseguem, finalmente, chegar à fala com o caudilho rebelde e convencê-lo a render-se. Em troca de passarem a viver numa reserva indígena da sua região. O fim da histórica (verídica) é conhecido : depois da rendição, Gerónimo e os seus familiares e companheiros de luta foram vergonhosamente traídos e deportados para a Florida, a milhares de quilómetros de distância do território pátrio. Onde muitos morreriam (entre eles Gerónimo), sem nunca mais terem visto as montanhas e desertos do Arizona e do Novo México, onde tinham as suas raízes. A história contada em «MR. HORN» fixa-se, no entanto, sobre a figura deste homem -também conhecido pelo nome de Tom Horn- que acabou por morrer na forca, depois de se ter colocado ao serviço de um cartel de gananciosos ganadeiros do Wyoming e de ter sido acusado do assassínio de vários fazendeiros rivais dos criadores de bovinos. A execução pública de Horn teve lugar na cidade de Cheyenne, no dia 20 de Novembro de 1903, quando o supliciado contava 42 anos de idade. E já agora, não resisto à tentação de contar (brevemente) três episódios que têm a ver com o fim daquele que muitos americanos consideram um herói e no qual outros tantos veem um meliante da pior espécie. 1ª - Tom Horn foi executado com o auxílio de uma forca mecânica, que funcionava com um sistema hidráulico dispensando a intervenção do carrasco; 2ª - Tom Horn, essa figura controversa, ainda hoje provoca debates, conferências, artigos de jornais e edição de livros sobre a sua pessoa. Uma das últimas dessas obras (publicada em 2014) intitula-se «Tom Horn - Life and Legend» e é da autoria do historiador Larry Ball, professor emérito da Universidade de Arcansas; 3ª - Há um movimento nos Estados Unidos que pugna pela sua total (e oficial) reabilitação.
A fotografia de topo é a do verdadeiro Tom Horn. Que também foi encarnado no ecrã por Steve McQueen; numa fita (intitulada em Portugal «Tom Horn, o Cowboy») que não tem a força do telefilme que serviu de pretexto a este texto.
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