-Sabia, quem aqui, nos visita, que a colonização do arquipélago da Madeira começou sob maus auspícios ? -Pois é verdade ! A ilha de Porto Santo, que recebeu Bartolomeu Perestrelo (sogro de Colombo) como seu primeiro capitão-donatário, correu o risco de ser abandonada logo após a sua descoberta(*). Porque a referida personagem para ali levou, entre outros animais domésticos, uma coelha prenha, que, em pouco tempo, contribuiu para 'infestar' aquela terra de roedores. Tantos foram eles, que durante anos, devoraram todas as culturas ali introduzidas por colonos vindos de Portugal continental. Essa praga (que valeu a alcunha de 'Coelheiro' a Perestrelo) associada à falta de água doce, quase que deitou por terra os planos de aproveitamento agrícola que o infante D. Henrique traçara para essa primeira terra descoberta no Atlântico.
No que respeita a ilha da Madeira -que era muito arborizada e rica em torrentes- o problema que se pôs foi o seguinte : devido à densidade das matas ali existentes (e que lhe valeram o nome), Gonçalves Zarco, um dos dois capitães-donátários da ilha (o outro foi Tristão Vaz Teixeira), decidiu incendiar parte da ilha, a fim de transformar o solo assim disponibilizado em terras agrícolas. Aconteceu, porém, que o incêndio voluntariamente provocado se estendeu a toda a ilha e levou -segundo certos historiadores- sete anos a extinguir-se. Também, por causa disso, a Madeira esteve para ser desprezada pelos colonos. Mas, na era pós-fogos, chegou-se à conclusão que isso teria sido um erro tremendo, pois a terra revelou ser extremamente fértil, prestando-se ao cultivo de cereais, mas, sobretudo, ao da cana-do-açúcar (importada da Sicília e que se tornou a primeira grande fonte de rendimento da ilha), ao da vinha, dos frutos e de tudo o mais que por lá se semeasse ou plantasse.
(*) Desconhece-se a data exacta da chegada a este arquipélago dos primeiros navegadores portugueses; que poderão não terem sido os seus primeiros visitantes europeus. Isso, se fizermos fé em mapas do século XIV, que referem essas ilhas. Mas a colonização lusa das terras, é dada como efectiva na transição dos séculos seguintes.
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