sábado, 20 de maio de 2017

BAPTISTA-BASTOS TINHA RAZÃO...

Terminou a época futebolística 2016-2017 -com, diga-se de passagem, uma brilhantíssima vitória do Benfica, o clube dos meus afectos, que se sagrou campeão nacional pela quarta vez consecutiva- e eu espero que a paz volte, embora temporariamente, bem o sei, aos ecrãs da televisão. Onde as brigas por causa da bola (protagonizadas por muita gente tonta, fanatizada e malcriada) tomaram proporções nunca antes vistas. Apesar de ser amante do chamado desporto-rei, espero que os responsáveis pelos diferentes canais ganhem juízo e reduzam o número desses episódios tristes, nem que seja só pelo facto do espaço e do tempo utilizados na TV a falar de bola poderiam ser aproveitados de maneira mais útil e mais inteligente; com emissões culturais, por exemplo, nas quais o povo deste país aprendesse algo mais do que a ser faccioso e cúmplice do regabofe generalizado. A propósito do que refiro, quero deixar aqui um texto assinado pelo recém-falecido jornalista e escritor Baptista-Bastos, com o qual eu concordo em absoluto. Ora leiam :
«A insistência doentia, quase hora a hora, no futebol, nos comentários, nas previsões, nas análises remove do português comum qualquer reflexão acerca da sua própria situação social. As agendas dos jornais, os alinhamentos e as opções das televisões e das rádios merecem uma vigilância crítica dos próprios profissionais. O que não existe. Manifesta-se uma total subserviência aos imperativos do que dizem ser as exigências do público. É uma velha pecha e uma desculpa fatigante de quem abdicou do dever mais sagrado da comunicação social : informar e esclarecer para formar».
Este texto foi redigido (e publicado no «Jornal de Negócios») em 2009. E nunca foi tão actual.

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