Faleceu ontem em Lisboa, com 92 anos de idade, Mário Soares, co-fundador do PS e antigo 1º ministro e presidente da República Portuguesa. Confesso que (e sei que o que vou dizer é politicamente incorrecto) nunca nutri grande simpatia por esse político, a quem alguns jornais (com títulos e artigos preparados desde há semanas) chamam, hoje, abusivamente, «o Pai da Democracia». Digo abusivamente, porque -saibam os distraídos- a dita teve por cá muitos pais. Alguns dos quais até deram a vida para que ela, a Democracia, fosse possível, antes e depois da longa noite fascista... Mário Soares não foi Gandhi, longe disso, e ser «Pai da Democracia» é epíteto que eu teimo em não lhe reconhecer. Reconheço-lhe a coragem, o mérito, isso sim, de ter levantado a sua voz e de ter militado contra a tenebrosa figura de Salazar. E de ter pago -com incómodas prisões e com desterro- essa sua nobre atitude, face a um regime odiado por um povo oprimido e vexado. Por isso, na hora da despedida, lhe digo, muito singelamente, obrigado e adeus.
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