segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ERA UMA VEZ UM AVIÃO...

Na primeira metade dos anos 60 (do século passado, obviamente), o Brasil assistiu a uma verdadeira guerrilha entre dois ramos das suas forças armadas : a Força Aérea e a Marinha. Contestando a primeira dessas armas o direito da Armada em possuir e operar aeronaves de asa fixa. Disse-se até que, nesses recuados e inditosos tempos da ditadura militar, a FAB chegou a ameaçar os seus fornecedores de retaliações, se estes aceitassem encomendas por parte dos 'rivais'. Mas a Armada brasileira, que necessitava de um avião de formação e de treino para os seus pilotos, não cedeu a pressões e encorajou a criação da Companhia Brasileira de Aeronáutica, uma empresa que passou a ocupar um espaço na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, situada no litoral carioca. Onde foi concebido -pelo engenheiro Marc William Niess- o projecto do Niess 7-250 'Fragata'. Um avião com estrutura metálica, de asa baixa, monomotor e bilugar em tandem. A designação escolhida para o futuro aparelho da Marinha (que, na altura, estava na iminência de receber o porta-aviões «Minas Gerais») referia o apelido do seu conceptor, o número da última realização desse engenheiro aeronáutico e a potência do motor a utilizar. E adoptou o nome de 'Fragata', uma ave marinha. Mas a 'guerra' com a FAB endureceu e, em finais de 1964, quando o primeiro protótipo do Niess 7-250 já estava quase pronto para efectuar o seu voo inaugural, o general Castelo Branco, presidente da ditadura, decidiu por cobro à situação que reinava no seio das Forças Armadas. Das quais ele também era comandante-chefe. E o projecto do 'Fragata' foi interrompido, assim como a actividade industrial da efémera companhia Brasileira de Aeronáutica. E era uma vez um avião...

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