quarta-feira, 16 de novembro de 2016
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
DIZIA LA FREMOZINHA
Dizia la fremozinha:
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
Dizia la ben talhada:
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor coitada!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
— Como estou d’amor ferida!
— Ai Deus, val!
Não vem o que ben queria!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
— Como estou d’amor coitada!
— Ai Deus, val!
Não vem o que muit’amava!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
** D. Afonso Sanches (1289-1329), poeta português. Este trovador era filho bastardo d'el-rei D. Dinis, outro dos nossos insignes poetas medievais. Por iniciativa da rainha de D. Isabel, Afonso Sanches recebeu, na corte, uma excelente educação. A sua proximidade com o rei-poeta, fez dele uma figura privilegiada e o filho favorito do soberano. Disse-se que este até terá tentado deixar-lhe a coroa em testamento. A verdade é que, depois da morte de D. Dinis e da ascensão ao trono de D. Afonso IV, o poeta Afonso Sanches exilou-se em Castela (ou para ali foi exilado), de onde só voltou depois da sua morte, para ser sepultado no convento de Santa Clara, de Vila do Conde. Instituição fundada por ele e por sua esposa Dona Teresa Martins, que também ali jaz. O espólio trovadoresco de D. Afonso Sanches (composto por 15 poemas, considerados dos mais singulares da lírica galaico-portuguesa) chegou até nós, graças ao Cancioneiro da Biblioteca Nacional e a património idêntico conservado na Biblioteca Vaticana **
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