A civilização árabe dominou -há uns 10 séculos atrás- o mundo da medicina, da geografia, da astronomia, da arquitectura e de tantas outras ciências e artes. E nós, povos ibéricos (entre outros), muito beneficiámos dessa experiência e desse saber que nos foram proporcionados por gente que aqui arribou -no século VIII da era cristã- e que por cá teve poder político e militar até finais de Quatrocentos. Gente que as vicissitudes da História (às quais a prática religiosa não foi alheia) reconduziu ao norte de África, de onde partira Tárique, o Conquistador. Eu cá tenho o máximo respeito por esse passado e por um povo com o qual nós misturámos o nosso sangue. Para o bem e para o mal. E estou consciente de que esse povo que por cá viveu e por cá deixou uma inestimável herança cultural nada tem a ver com aqueles fanáticos bestiais que -desrespeitando todo esse legado humanista- quer agora reconquistar o mundo com actos de rara selvajaria e com um discurso que não cabe, que não tem lugar neste tempo em que vivemos. É bom, pois, que não se confunda (como se faz habitualmente com a estrada da Beira e a beira da estrada) o povo do Islão com aquela franja de doentes mentais que se reclama do islamismo radical e que, brutalmente, se manifesta através da concretização de crimes asquerosos. Como aquele que, muito recentemente, foi perpetrado na cidade de Nice, em França.
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