Acho que só nós, Portugueses, é que consumimos (e com deleite, diga-se de passagem) caras de bacalhau. Parte do desejado gadídeo que, nas bancas das peixarias e noutros lugares de venda de pescado, apresentam o aspecto rebarbativo que se lhes conhece. Aspecto capaz de afastar, a sete pés, qualquer europeu que se preze. E que achará (na sua santa ignorância) que 'aquilo' não é comida que cristão meta na boca. Trata-se, na realidade, de algo de muito saboroso e que eu, como muita outra gente normalíssima, nem sempre trocaria por um lombo do mesmo peixe. Antigamente, constituía a alimentação de base dos pescadores dos dóris, a quem estava vedado meter o dente nas partes nobres dos bacalhaus que capturavam. Hoje, as caras de bacalhau são apreciadas por muita gente. Até porque, em relação às línguas (também elas deliciosas) cujo preço se inflacionou, as caras continuam a ser vendidas por um preço razoavelmente baixo. Eu cá, que tento comer caras com alguma regularidade, aprecio-as simplesmente cozidas (depois de dessalgadas, obviamente), com o típico acompanhamento de couves, batatas e grão de bico. Tudo regado, naturalmente, com um bom azeite dos nossos olivais, vinagre e polvilhado com alho picado e com pimenta do moinho. Quem ainda não provou e que não tenha medo de meter os dedos onde deve, experimente. E verá que se trata de um pitéu dos mais sápidos. Bom apetite !
P.S. : naturalmente, que as caras de bacalhau em questão merecem ser acompanhadas com um bom vinho da nossa terra. Branco (encorpado) ou tinto, segundo a preferência de cada um.
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