No papel de vaqueiro («Rio Vermelho», «Os Cowboys»), de defensor da lei («Rio Bravo», «A Velha Raposa»), de 'bad man' («Cavalgada Heróica», «Os Três Padrinhos») ou de oficial de cavalaria («Os Dominadores»», «Os Cavaleiros»), John Wayne foi -sem a sombra de uma dúvida- a mais carismáticas figura do cinema western de todos os tempos. Este género fílmico -muito popular em meados do século XX- teve outros astros, como (por exemplo) James Stewart, Kirk Douglas, Randolph Scott, Gregory Peck, Audie Murphy, Alan Ladd, Sterling Hayden e tantos outros. Mas nenhum deles igualou ou superou aquele, cuja silhueta corpulenta e algo desajeitada, encheu os ecrãs de cinema da chamada Época de Ouro. Os ecrãs dos cinemas da minha infância e da minha adolescência. Muitas vezes acusado de ser um tipo grosseiro, reacionário e de incorporar valores que aborreciam os liberais dos Estados Unidos e ofendiam a sensibilidade da esquerda europeia, John Wayne era, ao que hoje se sabe, um indivíduo culto e de boa companhia, um americano genuíno; que teve o mérito de ser sincero e fiel às escolhas políticas que fez e que, em boa verdade, eram iguais às do cidadão americano da classe média. Wayne foi um homem convencido da superioridade do modo de vida dos seus compatriotas e da preeminência que tinham os EUA para liderar o chamado 'mundo livre'. Eu nunca partilhei essa ideia (longe disso...), mas reconheço-lhe o direito de ter -no seu tempo- levantado essa bandeira do patriotismo exacerbado. Porque John Wayne (1907-1979) foi o homem que a educação recebida fez dele. Foi o filho de uma América rica e triunfante, que, posteriormente, a levou a cometer erros (nomeadamente de política externa, como, por exemplo, a sua implicação na impopular guerra do Vietnam), que abalariam a minha geração e que a levou a descrer no modelo. E, por vezes, até a detestá-lo. Wayne participou (como actor, mas também como produtor) em dezenas e dezenas de westerns. Muitos deles sem grande interesse, sobretudo os realizados antes de 1939. Ano em que a sua presença no elenco de «A Cavalgada Heróica» foi decisiva para o consagrar junto da crítica e do público. Depois dessa sua memorável fita (que ele rodou sob a orientação de John Ford, o mestre dos mestres), o 'Duke' ainda rodou muitíssimos outros filmes do mesmo género. Películas que eu vi todas, guardando cópias videográficas das mais expressivas. Que fiquem, pois, aqui estas linhas como uma singela homenagem ao actor John Wayne, que foi o protagonista principal do meu filme preferido : «A Desaparecida». Uma fita que eu vi num cinema de bairro, no Barreiro, com apenas uns 14 ou 15 anos de idade e que eu conheço de cor e salteado por, depois, tê-la visto vezes sem conta. Graças, obviamente, às chamadas novas tecnologias; que, coisa incrível, nos permitem (a preços razoáveis) colecionar e revisitar as nossas memórias cinematográficas. Mas não só...
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