quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

CINE-NOSTALGIA (43)

«TRÊS PADRINHOS» («3 Goodfathers»), é uma película colorida da M.G.M. com realização de John Ford; que teve estreia mundial em 1948. É um curioso western de inspiração bíblica, baseado numa fita muda do mesmo género que o famoso cineasta irlando-americano havia dirigido em 1919. E que tivera como principal protagonista Harry Carey, o actor preferido de Ford e seu grande amigo. Daí o 'remake' em apreço lhe ter sido dedicado. A história contada é a de um trio de simpáticos malfeitores, que atacam um banco no Arizona e que, na sequência desse crime, se veem perseguidos por uma patrulha de polícia chefiada pelo xerife Sweet; homem que de doce só tem o nome e que acaba por obrigar os salteadores a procurar refúgio numa região desértica do território. É ali que, buscando uma solução para os seus próprios problemas, os fora-da-lei vão descobrir, num carroção de pioneiros, uma mulher prestes a dar à luz. Parturiente moribunda que, solidariamente, eles vão assistir e reconfortar até ao nascimento do menino e depois de terem apadrinhado o bebé e jurado tudo fazer para que ele sobreviva. Dois deles ficam, no entanto, pelo caminho, não resistindo à rude jornada numa região difícil e de clima inclemente. Mas o sobrevivente, guiado pelos excertos da Bíblia que vai lendo e incitado pelos fantasmas dos seus companheiros, consegue vencer todos os escolhos e atingir a cidade de Nova Jerusalém, onde a população festeja a Natividade. O seu acto abnegado vai granjear-lhe a simpatia de todos e valer-lhe, pelo irreflectido assalto ao banco, a clemência do juiz, que o condena a uma pena simbólica. Bonito filme, com imagens extraordinariamente belas, captadas por W. C. Hoch -emérito director de fotografia- no Vale da Morte, Califórnia. Esta fita, que tem uma duração de 106 minutos, teve John Wayne, Harry Carey Jr. (filho do protagonista da referida primeira versão), Pedro Armendariz, Ward Bond e Mildred Natwick na interpretação dos principais papéis. John Ford teve, nesta película impregnada de religiosidade, um dos seus trabalhos mais originais. Curiosamente (vá lá saber-se porquê ...), esta fita só tardiamente foi exibida no nosso país. Sendo que o seu título nacional (traduzido à letra do original) lhe foi atribuído pelo canal de TV que primeiro o programou. Possuo uma belíssima cópia DVD deste filme adquirida em França. E ignoro se, por cá, foi editado um videograma do dito.

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