Quando eu era menino, na minha aldeia só se usavam potes destes. Potes de barro de Nisa (com artísticas decorações feitas com pedrinhas), que para além de serem bonitos, gozavam da reputação (que eu comprovo) de manter a água sempre bem fresquinha. Mesmo no Verão. Nesses já longínquos anos, a água que se bebia na minha aldeia era captada em fontanários, de onde a dita jorrava dia e noite. Era um líquido de qualidade, porque, nesse tempo, não existiam por lá (pela minha aldeia e por muitos quilómetros em redor) quaisquer fontes de poluição. Hoje a água (esse bem precioso, que nunca deveria, a meu ver, ter sido vendido a privados) pertence a um monopólio, que nem sempre pode ou quer proporcionar um líquido de qualidade esmerada. É por isso que lhe adiciona produtos químicos para a tornar bebível; que lhe dão, em certas alturas, um gosto, um cheiro e até uma cor tão desagradáveis. Isto, quando a água deveria manter-se -como me ensinaram os meus mestres do ensino primário- insípida, inodora e incolor. A isto chama-se a modernidade... Mas voltando aos potes de Nisa, quero dizer que continuam a ser fabricados nessa vila do Alto Alentejo. Mas por um número de artesãos muito diminuto. E que, agora -no tempo da água canalizada- já só servem de peças decorativas. Aliás bem bonitas. como sempre o foram.
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