domingo, 22 de fevereiro de 2015
«SNIPER AMERICANO»
Ontem fui ao cinema ver o polémico filme «Sniper Americano» («American Sniper»), realizado por Clint Eastwood. Película que, nos Estados Unidos, tem sido considerada, por uns, como um hino glorificando a violência exacerbada (e injustificada) que pontua a acção ianque nos conflitos do Próximo Oriente; que provoca vítimas, essencialmente, na população civil local e destruições inauditas. E que é, vista por outros, como uma homenagem devida àquele 'heróico atirador de elite', que dizimou cerca de 200 terroristas empenhados na luta contra os Estados Unidos e contra a bondade da civilização ocidental. Na minha modesta opinião, creio que o filme em questão merece a controvérsia que o rodeia e que divide público e críticos. Não há dúvida que «Sniper Americano» peca pelo grau de propaganda que o envolve e que até seria de esperar por parte de Eastwood, um homem conotado com a direita norte-americana e que nunca escondeu as suas simpatias por uns 'states' fortes e activos na luta pela imposição dos valores (seja lá isso o que for) do nosso mundo. O filme contém, no entanto e quanto a mim, passagens positivas, nomeadamente aquelas em que -muito humanamente- revela o sofrimento atroz dos soldados feridos em combate, numa guerra crua e sem fim à vista e o sofrimento psicológico das famílias de combatentes, que temem pela vida dos ausentes, ao mesmo tempo que vão constatando, preocupadas, os traumas desses seus familiares. Que regressam da guerra completamente transformados e transtornados pelo horror sem nome vivido nas ruínas das cidades do Iraque e de outras terras longínquas. Onde, apesar do seu patriotismo algo ingénuo (ou talvez por isso) eles são usados como mera carne para canhão. Nem que seja por simples curiosidade, pela classe evidenciada pelos actores ou pelo profissionalismo demonstrado pelo cineasta que a realizou, esta obra merece ser vista e o seu tema sujeito a meditação e discussão. Veja-se, pois, e ajuíze-se.
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