segunda-feira, 3 de novembro de 2014
MAS PORQUE É QUE EU SOU TÃO DESCONFIADO ?
Eu cá não tenho dinheiro nos bancos. Nem, tampouco, em minha casa, escondido nos colchões... Vivo com uma modesta pensão de reforma, que me foi atribuída após 40 anos de descontos... e de labor. E exclusivamente paga por trabalho executado no sector privado. Isto é ponto assente. Mas se me perguntassem se gostaria de ter alguma reserva para viver o quotidiano com menos sobressaltos, responderia naturalmente que sim. Porque deve ser bom não ter problemas de carcanhol. Ou melhor, por causa da falta de guito. Mas penso que, no caso de eu ter alguma massa, também andaria preocupado. É que, quando lanço um olhar sobre o que tem sido a actividade dos bancos e banqueiros deste país nos últimos anos, essa atitude se justifica. E plenamente. Pois, ao saque recente de instituições financeiras pelos próprios administradores -Banco Português de Negócios, Banco Privado Português, Banco Espírito Santo- convém não esquecer e juntar a isso as golpadas do B.C.P. (que tem sido capitalizado com dinheiros públicos, enquanto os seus dirigentes ganharam milhões em 'off-shores'), do B.P.I. (que tem sobrevivido à custa de empréstimos públicos, que já superam os 1 500 milhões de euros), do BANIF (que financiou o despesismo jardinista na Pérola do Atlântico e que depois foi resgatado, também ele, com fundos públicos), etc, etc. É verdade que, perante este 'dignificante panorama', eu -se tivesse dinheiro- estaria igualmente muito preocupado; por não saber onde depositá-lo. Porque isto da pouca vergonha dos banqueiros me parece um mal contagioso.
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