sexta-feira, 20 de junho de 2014

A PROPÓSITO DE «IRACEMA»

Durante a minha adolescência e primeiros anos de adulto, fui um leitor compulsivo. Que devorava (literalmente) tudo o que apanhava à mão : livros, jornais, revistas. Lia de tudo, obras interessantes e coisas com as quais, penso agora, não valia realmente a pena perder tempo. Entre os livros bonitos que li, nessa já longínqua época, figuram sem dúvida as obras que constituem a trilogia indianista de José de Alencar, o famoso literato cearense. Recordo-me, com particular saudade, de «Iracema», livro que eu cheguei a adquirir, tal como as outras duas obras da supracitada trilogia : «O Guarani» e «Ubirajara». De «Iracema» guardei, para além da história propriamente dita, a recordação de um livro escrito numa prosa deliciosamente bela, a roçar o poético; o que me muito me impressionou e maravilhou. A voragem do tempo -e algumas mudanças de domicílio- levaram-me todos esses livros, à excepção de «O Guarani»; que pelo facto de ser um livro de maior porte (ao contrários dos dois outros, que eram edições de bolso), ainda conservo. Qualquer dia, verei se ainda me é possível adquirir os romances em falta e numa versão barata. Porque os tempos estão maus (como toda a gente sabe) e já vai faltando o dinheiro para o básico. «Iracema», título que evoca a heroína ameríndia desse romance de Alencar, também conhecida como a 'virgem dos lábios de mel', tornou-se, posteriormente, uma das figuras emblemáticas do estado do Ceará; que a louvou e até lhe levantou estátuas. Quanto a Moacir, seu filho, fruto dos amores de Iracema com um pioneiro luso, representa -também simbolicamente- o primeiro cearense. Aliás esta mitologia foi sugerida pelo próprio José de Alencar, que deu o subtítulo de «Lenda do Ceará» a essa sua obra épico-lírica. Na qual o autor propõe a valorização do exótico, transformando o Nordeste dos primeiros tempos da colonização portuguesa num lugar belo e paradisíaco. Já agora, aqui fica uma sugestão de leitura para todos aqueles que têm a infinda paciência de passear por este inclassificável blogue. A segunda imagem anexada é uma estátua representando Iracema. Foi levantada, em 1996, numa praia da cidade brasileira de Fortaleza (Ceará), que tomou o nome da heroína em questão. Não é a única existente nessa cidade a imortalizar Iracema, pois, em 2004, foi erigida em sou louvor um outro monumento, em plena lagoa da Messejana.

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