sexta-feira, 9 de maio de 2014

«ROMANCE DE PEDRO SOLDADO»

Romance de Pedro soldado

1.
Já lá vai Pedro Soldado
num barco da nossa armada
e leva o nome bordado
num saco cheio de nada.

Triste vai Pedro Soldado.

Branda rola não faz ninho
nas agulhas do pinheiro
nem é Pedro marinheiro
nem no mar é seu caminho.

Nem anda a branca gaivota
pescando peixes em terra
nem é de Pedro essa rota
dos barcos que vão à guerra.

Nem anda Pedro pescando
nem ao mar deitou a rede
no mar não anda lavrando
soldado a mão se despede
do campo que se faz verde
onde não anda ceifando
Pedro no mar navegando.

Onde não anda ceifando
já o campo se faz verde
e em cada hora se perde
cada hora que demora
Pedro no mar navegando.

E já Setembro é chegado
já o Verão vai passando.
Não é Pedro pescador
nem no mar vindimador
nem soldado vindimando
verde vinha vindimada.

Triste vai Pedro Soldado.
E leva o nome bordado
num saco cheio de nada.

2.
Soldado número tal
só a morte é que foi dele.
Jaz morto. Ponto final.
O nome morreu com ele.

3.
Deixou um saco bordado
e era Pedro Soldado.
 
Este longo poema antibelicista é da autoria de Manuel Alegre. Foi musicado por Adriano Correia de Oliveira, que o cantou. Assim como Manuel Freire e outros.

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