quarta-feira, 5 de março de 2014

POR FAVOR, DEIXEM-ME SONHAR COM USHUAIA

Situada entre o histórico estreito de Magalhães -que um nosso ilustre compatriota descobriu (no século XVI) para proveito e glória do imperador Carlos V- e o quase lendário e tempestuoso cabo Horn, a cidade argentina de Ushuaia representa para mim um sonho inacessível. Atraído por agrestes 'fins do mundo', sempre desejei visitá-la. E confesso que ainda hoje (com quase 70 anos de idade) ousaria fazer essa longínqua viagem, se a sorte me bafejasse, por exemplo, com um prémio chorudo do Euromilhões. Prémio de um jogo de prognósticos ao qual (para agravar as coisas) eu raramente me habilito. Daí a utopia desse périplo à Terra do Fogo permanecer e roçar mesmo a impossibilidade absoluta. Assim, vou olhando para filmes e para fotos, que mitigam a minha fome de um exotismo sem palmeiras e sem praias douradas. Para as quais, francamente, nunca me senti lá muito atraído. Ushuaia, que é a cidade mais austral do planeta Terra, situa-se numa margem do canal de Beagle, tem cerca de 30 000 habitantes e é a capital administrativa de uma província denominada pomposamente Terra do Fogo, Antárctida e Ilhas do Atlântico Sul. A sua economia desenvolve-se à volta da criação de ovinos, das indústria cárnicas, do turismo estival e das actividades geradas pelo porto comercial e pela presença de uma base naval militar. É de Ushuaia que, geralmente, partem as expedições que rumam às regiões polares da Antárctida, onde a Argentina mantém bases científicas permanentes. Os invernos em Ushuaia são gélidos, naturalmente, e invalidam passeios turísticos, mas os breves verões permitem visitar as magníficas montanhas (e glaciares) que rodeiam a cidade, à excepção da sua zona costeira. Como o sonho comanda a vida (como dizia o poeta Gedeão), ainda não expulsei totalmente do meu imaginário a ideia de uma ida a este 'fim do mundo'; que dista de Buenos Aires uns 3 000 km...

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