Com quase 70 anos de idade, é normal que eu vá vendo desaparecer algumas daquelas figuras que me habituei a admirar. É a lei da vida... Esta semana (que grande azar !), foi com enorme consternação que soube da notícia do falecimento -no dia 25- de Mário Esteves Coluna. O tal Coluna, que eu tantas vezes vi jogar (nos relvados, não na TV) integrado numa das melhores equipas (senão a melhor de sempre) que o Benfica jamais teve. Lembro-me da sua figura discreta (o Coluna não era jogador para exuberâncias), mas que, no campo, era de uma eficácia extraordinária, sobretudo quando se tratava de organizar o meio campo dos encarnados e de distribuir jogo aos fazedores de golos : Eusébio, José Augusto, Simões, Torres. Aqui fica, pois, a minha sentida homenagem ao homem que a FIFA considerou, a justo título, um dos 100 melhores futebolistas do século XX. A um homem que serviu e muito honrou o desporto de duas nações -Portugal e Moçambique- e que deixará, por muito tempo ainda, as mais gratas recordações aos apreciadores de futebol. Curiosamente, o Mário Coluna tinha raízes familiares na minha região, pois seu pai e ascendentes eram naturais da vila de Mação, situada a escassos quilómetros (uma trintena) da minha aldeia-natal. Refiro este facto, porque ele é pouco conhecido. Outra afinidade do capitão benfiquista com a minha região tem a ver com o seu fim de carreira em Portugal; que Coluna viveu, na qualidade de treinador, no clube Estrela de Portalegre.
No dia seguinte ao da morte de Mário Coluna, a 26 de Fevereiro, veio ao meu conhecimento outra má e chocante notícia : a do passamento de um dos reis do flamenco, Paco de Lucía. Virtuose da guitarra, conhecido no mundo inteiro, graças aos seus concertos e à edição de inúmeros CD's, Paco de Lucía (natural da cidade de Algeciras) faleceu, com 66 anos de idade, em Playa del Carmen, no México, onde há muito residia. É bom saber que este 'músico do outro mundo', que este fenómeno da guitarra flamenca, também tinha ascendência portuguesa. A sua mãe, Lúcia Gomes, era uma algarvia de Castro Marim, localidade que seu filho muito prezava; ao ponto de, em 1981, ter gravado um álbum intitulado «Castro Marín». Dos seus trabalhos talvez seja justo destacar um fabuloso «Concerto de Aranjuez», gravado em vida do seu autor (Joaquín Rodrigo), que este considerava o melhor de todos os que jamais ouvira executar. Adeus Paco. Fica-nos a consolação das tuas obras perdurarem, gravadas para a eternidade.
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