BENÇÃOS
Bem hajas, ó luz do Sol,
Dos órfãos gasalho e manto,
Imenso, eterno farol
Deste mar largo de pranto.
Bem hajas, água da fonte,
Que não desprezas ninguém;
Bem haja a urze do monte,
Que é lenha de quem não tem.
Bem hajam rios e relvas,
Paraíso dos pastores!
Bem hajam aves das selvas,
Música dos lavradores !
Bem haja o cheiro da flor,
Que alegra o lidar campestre;
E o regalo do pastor,
A negra amora silvestre !
Bem haja o repouso à sesta
Do lavrador e da enxada;
E a madressilva modesta,
Que espreita à beira da estrada !
Triste de quem der um ai
Sem achar eco em ninguém !
Felizes os que têm pai,
Mimosos os que têm mãe !
** Tomás Ribeiro, poeta português (1831-1901), in «D. Jaime» **
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