domingo, 4 de março de 2012
OS FILMES DA MINHA VIDA (95)
«SELVAGEM COMO AS MONTANHAS»
FICHA TÉCNICA
Título original : «The Wild and the Innocent»
Origem : E . U. A.
Género : Western
Realização : Jack Sher
Ano de estreia : 1959
Guião : Jack Sher e Sy Gomberg
Fotografia (c) : Harold Lipstein
Música : Hans J. Salter
Montagem : George Gittens
Produção : Sy Gomberg
Distribuição : Universal International
Duração : 84 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Audie Murphy .................. Yancey Hawks
Joanne Dru .................... Marcy
Gilbert Roland ................ Paul, o xerife
Jim Backus .................... Forbes
Sandra Dee .................... Rosalie
George Mitchell ............... tio Lije
Peter Breck ................... Chip
Strother Martin ............... Ben Stocker
Wesley Marie Tackitt .......... Ma Ransome
Betty Harford ................. senhora Forbes
SINOPSE
Yancey Hawks e o seu tio Lije, que haviam passado todo o Inverno nas montanhas do Wyoming caçando castores, dirigem-se para um entreposto comercial, onde pretendem negociar as suas preciosas peles. Mas Lije é atacado e gravemente ferido por um urso, facto que o impede de prosseguir o seu caminho e de realizar a transação pretendida.
Yancey, jovem montanhês inexperiente, é encarregado de continuar a viagem e de concretizar o negócio previsto. Mas, ao chegar ao entreposto, verifica que este fora incendiado por índios embriagados pelo álcool de má qualidade que lhes vendera um traficante, pai de numerosa prole. É esse homem que propõe a Yance uma singular transacção : a troca de Rosalie, uma das suas próprias filhas, por um lote de peles de castor. Sentindo-se ultrajado, o jovem escorraça o pai indigno, mas vê-se na obrigação de acompanhar Rosalie até à cidade de Casper, onde esta deseja encontrar um emprego e onde ele próprio vai tentar vender as suas peles.
Em Casper, onde se comemora o Dia da Independência dos Estados Unidos, Yancey consegue fazer negócio e, com o benefício conseguido, compra roupa nova para poder festejar condignamente o feriado nacional do 4 de Julho. É durante esse dia festivo que o jovem montanhês se enamora de Marcy, uma mulher de vida fácil. A descoberta da profissão da mulher que ele pensa amar e os dissabores engendrados pela sua ingenuidade natural, acabam por colocá-lo em conflito com a gente da terra e com o novo patrão de Rosalie. Este, que exerce as funções oficiais de xerife de Casper, não passa, afinal, de um reles proxeneta, que se prepara para precipitar a protegida de Yancey na vida em que Marcy se perdera.
Aquando do inevitável confronto que estala entre os dois homens, Yancey abate o xerife com um tiro certeiro disparado pela sua longa espingarda de caça. Embora lamentando o facto de ter tirado a vida a um dos seus semelhantes, Yancey retoma, com um certo optimismo, o caminho de volta às imponentes montanhas e florestas do Wyoming, onde a vida é certamente mais sã e menos complicada do que na cidade. A seu lado cavalga Rosalie, a sua futura companheira...
O MEU COMENTÁRIO
Atente-se, antes de mais (embora isso não seja o essencial), que esta fita começa e termina com uma bonita melodia intitulada «A Touch of Pink». A referida canção é uma criação original de Diane Lampert e de Richard Loring e é aqui, realmente (e entusiasticamente), cantarolada pelos actores George Mitchell e Audie Murphy.
«Selvagem como as Montanhas» (com exteriores rodados nas Big Bear Mountains, Califórnia) foi o terceiro filme realizado por Jack Sher, um antigo jornalista e novelista, cujos primeiros contactos com a indústria cinematográfica se fizeram através da elaboração dos diálogos do famosíssimo western «Shane» (George Stevens, 1953), dos quais ele é co-autor. E prosseguiram com a assinatura do guião de «As Fronteiras do Orgulho», um filme também ambientado no Oeste americano (de Jesse Hibbs), no qual Murphy tem igualmente o principal papel. Só em 1957, Sher se aventuraria a realizar a sua primeira fita : «Four Girls in Town», uma comédia que tem por tema a atracção exercida por Hollywood nas moças bonitas e sonhadoras do mundo inteiro.
«Selvagem como as Montanhas» é uma fitazinha agradável, onde as cenas de humor provocadas pela inexperiência e pela ingenidade do herói -um jovem montanhês do Wyoming- alternam com as inevitáveis sequências de pancadaria, tão ao gosto dos amadores de westerns de finais da década de 50 do século passado. Mas, curiosamente, desta película também emanam algumas mensagens contra a violência e contra a descriminação de que é alvo uma mulher pública, por parte da puritana população de Casper, cidadezinha onde se desenrola a acção desta singular fita.
A propósito do trabalho dos principais actores, afirmo o seguinte : Audie Murphy aparece-nos aqui num papel pouco habitual, já que a personagem que ele encarna em «Selvagem como as Montanhas» (onde Yancey é um jovem bom, educado, conciliante) contrasta com as figuras de herói puro e duro a que ele nos havia habituado. Figuras tradicionais que, aliás, ele retomaria nos seus westerns mais tardios. Quanto à inesquecível Joanne Dru, que desempenhou aqui o seu derradeiro papel de heroína westerniana, é uma patética Marcy, a prostituta por quem o ingénuo Yancey se enamora. O já veterano actor Gilbert Roland oferece-nos uma encarnação credível do ambíguo xerife-proxeneta de Casper. Refiro, por fim, a presença no 'casting' desta fita da encantadora 'teenager' Sandra Dee (um dos ídolos da juventude norte-americana da época), que aqui interpretou o seu primeiro e único papel num filme ambientado no Faroeste.
(M.M.S.)
O jovem e inexperiente Yancey Hawks desce das montanhas do Wyoming com o intuito de vender as suas peles de castor na cidade de Casper
Cartaz belga
O pai indigno de Rosalie propõe a Yancey trocá-la contra um lote de peles
O indignado caçador de peles reage violentamente à proposta do pai de Rosalie
Yancey e Rosalie fazem a sua entrada na cidade de Casper
Da esquerda para a direita : Rosalie (Sandra Dee), o xerife de Casper (Gilbert Roland) e Yancey (Audie Murphy) travam conhecimento durante as comemorações do Dia da Independência
Cartaz francês
Yancey e Rosalie (à direita) descobrem os encantos e os vícios da cidade
Yancey toma noção de quanto a cidade pode ser mais perigosa do que as altaneiras montanhas onde sempre viveu
Rosalie caiu nas mãos do xerife Paul, um proxeneta notório. Mas o seu jovem protector acabará por resgatá-la
Capa da revista «Illustrierte Film-Bühne», que novelizou esta película na Alemanha
Sandra Dee -que neste filme de Jack Sher encarnou a figura de Rosalie- era, no final dos anos 50 do século XX, um dos ídolos da juventude norte-americana
Outro cartaz norte-americano
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