sexta-feira, 28 de outubro de 2011
OS FILMES DA MINHA VIDA (82)
«DUELO AO PÔR-DO-SOL»
FICHA TÉCNICA
Título original : «The Last Sunset»
Origem : E . U. A.
Género : Western
Realização : Robert Aldrich
Ano de estreia : 1961
Guião : Dalton Trumbo
Fotografia (c) : Ernest Laszlo
Música : Ernest Gold
Montagem : Edward Mann
Produção : Eugene Franke e Edward Lewis
Distribuição : Universal International
Duração : 112 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Rock Hudson ……………………………………………. Dana Stribling
Kirk Douglas …………………………………………….. Brendan O’Malley
Dororhy Malone ……………………………………... Belle Breckenridge
Joseph Cotten ……………………………………..…. John Breckenridge
Carol Lynley ………………………………….…………. Missy Breckenridge
Neville Brand ……………………………….………….. Frank Hobbs
Regis Toomey ………………………………………….. Milton Wing
Rad Fulton …………………………………..……………. Julesberg Kid
Adam Williams ………………………………..……….. Bowman
Jack Elam ………………………………………………….. Ed Hobbs
SINOPSE
O xerife Dana Stribling persegue o aventureiro Brendan O’Malley muito para além da área de jurisdição do seu cargo oficial. O rancor pessoal que ele nutre pelo fugitivo leva-o a transpor a fronteira internacional do rio Grande e a persegui-lo em território mexicano.
Esse ódio pertinaz explica-se pelo facto de O’Malley ter abatido, durante um duelo desigual, o cunhado do polícia, depois de lhe ter seduzido a esposa : a própria irmã de Stribling, que preferiu não sobreviver ao escândalo, suicidando-se.
Os dois homens acabam por encontrar-se no rancho dos Breckenridge, uma família de nacionalidade norte-americana instalada no México. Como esses seus compatriotas têm problemas para encontrar os vaqueiros que os ajudem a conduzir aos Estados Unidos a manada de bovinos que ali pretendem vender, Stribling e O’Malley oferecem-lhe a sua colaboração. Para tanto, comprometem-se tacitamente a ajustar contas só no fim da viagem que vão empreender até Crazy Horse, uma localidade texana das margens do rio Bravo.
A rivalidade entre os dois homens reaviva-se, em torno de Belle Breckenridge, com quem O’Malley já mantivera uma relação íntima e da qual Stribling se enamorara, depois da morte violenta do seu marido.
O’Malley parece, porém, mais interessado pela pessoa de Missy, a juvenil herdeira dos Breckenridge, do que em reactivar a ligação sentimental de outrora. Preocupada com a atitude da adolescente, que, de toda evidência, se está a deixar enredar pelo ‘charme’ do aventureiro, Belle revela ao atónito Brendan que a mocinha é a sua própria filha…
Na hora do ajuste de contas, com Dana Stribling, o ainda chocado O’Malley é abatido pelo xerife durante um duelo que se desenrolara lealmente. Quando o vencedor se debruça, porém, sobre o corpo da vítima para se apoderar da sua arma, verifica –com natural estupefacção- que a pistola Derringer do seu rival não contém munições…
O MEU COMENTÁRIO
Robert Aldrich, a quem ficámos a dever alguns westerns de factura clássica («Vera Cruz», Quatro do Texas», etc) e uma obra como «Ulzana, o Perseguido», muito contestada pelo facto de contrariar frontalmente as regras de um género tradicionalmente avesso a ambiguidades, oferece-nos aqui uma fita que é, também, um melodrama.
«Duelo ao Pôr-do-Sol» é, com efeito, um filme simultaneamente comovente e perturbante, que se inscreve na linha dos westerns psicológicos de um tempo em que o género, tal como o cisne da lenda, já entoava o seu sofrido canto de morte.
O argumento desta película (que ousa aflorar os problemas difíceis do adultério, do incesto e do suicídio) deve-se a Dalton Trumbo –uma das vítimas do McCarthysmo, de volta a Hollywood após um longo período de ostracismo- que o adoptou de um romance da autoria de Howard Rigsby intitulado «Sundown at Crazy Horse». Trumbo referiu um dia, numa entrevista, que o filme e fizera «num estado de crise permanente». Isso, devido aos desentendimentos constantes observados no ‘plateau’ entre o realizador e Kirk Douglas, actor que co-financiou «Duelo ao Pôr-do-Sol» por intermédio da Bryna, a sua companhia produtora.
O próprio Aldrich referiu-se, também ele, à «situação insuportável» provocada por esses contínuos incidentes com Douglas, dizendo que foi extremamente penível trabalhar com alguém que era, ao mesmo tempo, «empregado e patrão» e, além disso, uma pessoa incrivelmente teimosa.
Apesar de todas as dificuldades da realização, o filme saiu com uma notável coesão narrativa, qualidade que proporcionou aos espectadores um visionamento dos mais agradáveis. As personagens –implicadas no jogo, tão humano, da sensualidade e da violência- têm a vitalidade e a veracidade que lhes facultou o saber profissional de um leque de actores muito sabedores da sua arte. E, quando afirmamos isto, não nos queremos apenas referir ao trio principal do elenco. Pensamos também na jovem Carol Linley e nos veteranos Joseph Cotten e Jack Elam (entre outros), que também eles, desempenharam os seus papéis com a força que lhes é peculiar.
Não se pode falar deste filme sem evocar –como um dos seus mais belos instantes- a cena de inesperada e nostálgica ternura em que Brendan O’Malley (Douglas) canta para a sua presumível filha Missy (Carol Linley) a bonita melodia «Pretty Little Girl in the Yellow Dress», composta e escrita por Dimitri Tiomkin e por Ned Washington, respectivamente.
A exemplo do que aconteceu com inúmeras outros filmes de qualidade, «Duelo ao Pôr-do-Sol» foi votado ao esquecimento pelos editores portugueses de DVD’s. Pergunta-se : até quando ?
(M.M.S.)
Cartaz francês
Foto promocional da película. Da esquerda para a direita : Kirk Douglas (no papel de Brendan O'Malley), Carol Linley (encarnando Missy), Dorothy Malone (que é, na fita, Belle Breckenbridge) e Rock Hudson (que dá corpo e voz ao xerife Stribling)
Capa do DVD comercializado em França, país onde o filme tomou o curioso título de «El Perdido»; o mesmo que lhe foi dado na Alemanha
A família norte-americana dos Breckenbridge possui um rancho no México; que definha em razão dos vícios de John (Joseph Cotten) : o álcool e o jogo das cartas
Cartaz alemão
Joseph Cotten, que representa um papel secundário nesta fita de Aldrich -o do rancheiro John Breckenridge- foi, na realidade, um dos grandes actores do seu tempo. Proveniente dos palcos, pertenceu à famosa trupe do Mercury Theatre de Orson Welles; que o dirigiu, aliás, no inesquecível filme «O Mundo a Seus Pés» («Citizen Kane»). Mas, muitas outras prestigiosas películas figuram na sua vasta filmografia, entre os quais se contam os westerns «Duelo ao Sol», «Entre Dois Juramentos», «Fronteiras Humanas», «A Marca do Ódio», etc
Depois de uma longa perseguição, o aventureiro Brendan O'Malley (Kirk Douglas) e o xerife Dana Stribling (Rock Hudson) encontram-se, finalmente. Mas, vão adiar a hora do ajuste de contas, para poderem auxiliar a família Brekenridge a conduzir o seu gado a uma localidade do sul do Texas
Cartaz britânico anunciando a projecção de «Duelo ao Pôr-do-Sol» numa sala de Londres
O'Malley (Douglas) e Sribling (Hudson) salvam a pele de Breckenridge (Cotten), que, uma vez mais, se envolveu numa litigiosa partida de póquer
Cartaz argentino
A caminho do Texas : o xerife Stribling (Hudson) começa a interessar-se pela pessoa de Belle Breckenridge (Malone), com quem dança numa das raras cenas românticas desta fita
Missy (Carol Linley) está apaixonada por O'Malley (Douglas), que é, presumivelmente, o seu pai biológico. Verdade ou mentira de Belle Breckenridge (Dorothy Malone), que quer proteger a filha da influência devastadora de um quebra-corações ?
Cartaz australiano
Cena final deste emocionante e pouco convencional western. Na imagem vemos Missy (Linley) abraçada ao cadáver de O'Malley (Douglas), enquanto o par formado por Stribling (Hudson) e Belle (Malone) se retira do lugar do inaudito duelo
Capa do DVD editado no Brasil, país onde este filme se intitula «O Último Pôr-do-Sol»
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