domingo, 29 de agosto de 2010
OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :
«JOHNNY GUITAR» (dvd)
Esta fita dirigida por Nicholas Ray em 1953 faz parte (desde sempre) do ‘Top Ten’ mundial das melhores películas jamais realizadas. Já tudo foi dito e escrito sobre esta história de amor e ódio passada no velho Oeste, da qual sobressai a figura ímpar de Vienna, magistralmente encarnada por Joan Crawford. As interpretações dos outros actores e actrizes do elenco -com destaque especial para Mercedes McCambridge, que até ganhou um Óscar- também são louváveis, dignas de menção. Nunca, antes da realização de «Johnny Guitar», um western havia marcado tão profundamente a história do cinema. O DVD com cópia do filme que eu agora visionei, acaba de ser editado (já era tempo !) no nosso país. Para grande alegria de todos os cinéfilos desta terra, que têm a obrigação de o juntar (se não o fizeram já) às suas colecções.
«A VIDA APAIXONADA DE VAN GOGH» (tv)
Embora date de 1956 e seja já considerado um clássico do cinema hollywoodiano, a verdade é que eu nunca tinha visto esta fita de Vincente Minnelli. A oportunidade foi-me agora oferecida pelo canal franco-alemão Arte, que a incluiu esta semana na sua grelha de exibições fílmicas. «A Vida Apaixonada de Van Gogh» é isso mesmo : um relato da existência atribulada daquele que foi um dos maiores artistas plásticos do século XX. Desde os tempos em que partilhou (enquanto missionário) a vida miserável dos mineiros belgas do Borinage, até à exaltação da sua amizade com Gauguin, numa Provença que ele pintou como ninguém : com cores de fogo e de loucura. Excelente interpretação de Kirk Douglas (porventura uma das suas melhores de sempre), no papel do incompreendido e dilacerado pintor holandês. Boas prestações, igualmente, de Anthony Quinn (um truculento Gauguin) e da generalidade do elenco. Muito bom, sim senhores !
«KING AND COUNTRY» (dvd)
Esta película de Joseph Losey é uma das mais impressionantes e dolorosas que alguma vez se rodou sobre a Grande Guerra e sobre o seu rol de sacrifícios e de misérias. Conta-nos o drama do soldado Hamp (do exército britânico), que num momento de desalento abandona o seu posto e é, imediatamente, acusado de deserção pela hierarquia. A sua defesa é assegurada por um aristocrático e distante oficial (Dirk Bogarde), que acaba, no entanto, por descobrir, na pessoa do pretenso desertor, apenas um ser humano como todos os outros. Um ser humano, cujos nervos acabaram por ceder à imensa pressão psicológica imposta pelos combates e pela vida sórdida nas trincheiras, onde homens e ratos lutam desesperadamente pela sobrevivência da espécie. Mas a máquina da ‘justiça’ militar não se compadece com fraquezas psicológicas e o soldado Hamp é conduzido (quase inconsciente) diante de um pelotão de execução. E fuzilado, sem nunca ter realmente compreendido a natureza do seu ‘crime’…
«NICHOLAS NICKLEBY» (dvd)
Com acção situada no universo vitoriano de Charles Dickens (autor em cuja obra se inspirou esta fita), «Nicholas Nickleby» conta-nos a história de uma família inglesa de bom nível social, mas que cai na miséria, após a morte do chefe de clã. Tendo solicitado a solidariedade de um familiar bem instalado no mundo dos negócios em Londres, os Nickleby acabam por meter-se na boca de um lobo cuja ganância é capaz de trucidar tudo e todos. Inclusivamente o próprio filho. Simpático filme, realizado para os Estúdios Ealing em 1947 por um cineasta brasileiro praticamente desconhecido no nosso país, mesmo nos meios cinéfilos : Alberto de Almeida Cavalcanti.
«OS VETERANOS DE TOBRUK» (dvd)
Filme de aventuras bélicas assinado por Henry Hathaway, que o realizou em 1971 por conta dos estúdios Universal. Apesar da competência do cineasta que o dirigiu e da presença de alguns bons actores na distribuição desta fita (Richard Burton, entre outros), «Veteranos de Tobruk» é perfeitamente dispensável. Conta-nos a história de um comando britânico, cuja missão consiste em destruir as reservas de carburante necessárias ao sucesso de Rommel no norte de África. Previsível e pouco convincente.
«GRITO DE INDIGNAÇÃO» (dvd)
Mais uma produção dos Estúdios Ealing. Na Londres do pós-guerra, um grupo de miúdos, leitores de banda desenhada, descobre que uma perigosa quadrilha se serve de uma popular revista de histórias aos quadradinhos para comunicar entre si e para arquitectar os seus assaltos. Como a polícia não acredita nos seus testemunhos, são os próprios miúdos que vão conduzir o inquérito e mover uma caça feroz aos bandidos. Cujo bando eles acabarão por desmantelar… É esta a história contada nesta fita realizada em 1947 por Charles Crichton, cuja cópia videográfica faz parte de uma colecção de DVD’s intitulada ‘So British !’, que compreende vários e interessantes títulos do cinema inglês. Gostei desta fita intitulada no original «Hue & Cry», que, pela forma, faz lembrar um filme neo-realista italiano.
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