sábado, 19 de junho de 2010
ARSÉNIO, OPERÁRIO E ESTRELA DO FUTEBOL
Arsénio Trindade Duarte (1925-1986) foi um dos maiores futebolistas portugueses da sua geração. Nasceu no Barreiro (no Largo Rompana, tal como José Augusto) e, passado o tempo da trapeira, ingressou no Futebol Clube Barreirense; ao mesmo tempo que era admitido nas fábricas da C.U.F. como aprendiz de serralheiro...
...descoberto por um 'olheiro' do Benfica, despediu-se dos alvi-rubros (com os quais já se havia sagrado campeão nacional da 2ª divisão) em 1943, para se transferir para o prestigiado Sport Lisboa e Benfica...
...clube com o qual venceu 6 Taças de Portugal, 3 Campeonatos Nacionais da 1ª divisão e, em 1950, a famosa Taça Latina, o primeiro grande troféu internacional arrecadado pelos encarnados. Vestiu por duas vezes a camisola da selecção A de Portugal. Três dos seus maiores momentos de glória aconteceram quando marcou o golo decisivo para a conquista da já referida Taça Latina, quando marcou 6 dos sete golos do seu clube contra o Estoril-Praia e quando averbou cinco tentos ao F.C. Porto, durante o jogo disputado no estádio das Antas, aquando da inauguração desse recinto desportivo. Desafio que o popular 'team' lisboeta venceu pelo surpreendente resultado de 8-2 !...
...em 1954, Arsénio -que nunca deixara de trabalhar nas fábricas da Companhia União Fabril no Barreiro- foi 'convidado' pelo treinador Otto Glória para renunciar a essa actividade e optar pelo futebol profissional. Como o futebolista não aceitou esse ultimato do brasileiro, foi dispensado pelo Benfica no ano seguinte. O goleador encarnado (que participara em 446 jogos com as cores do S.L.B. e marcara ao seu serviço 350 golos) ingressou, então, no Grupo Desportivo da CUF e aplicou uma verdadeira 'bofetada sem mão' ao seu ex-treinador, ao ganhar a Bola de Prata -troféu atribuído ao maior goleador do Campeonato Nacional da 1ª divisão- na época de 1957/1958. Este autêntico rei das grande áreas havia marcado, apesar dos seus 33 anos de idade, 23 golos !...
...no final dos anos 50 (ou, talvez em inícios da década seguinte, já não me lembro muito bem) a colecção Ídolos do Desporto consagrou um dos seus famosos fascículos ilustrados a Arsénio; no qual eram lembrados aspectos da sua vida pessoal e os elementos mais importantes da sua carreira desportiva ao serviço de três grandes emblemas. Antes de arrumar definitivamente as chuteiras, Arsénio ainda chegou a representar os clubes do Montijo e da Cova da Piedade. Faleceu em 1986; e, como a glória é efémera, foi esquecido pelos amadores de futebol deste país. Daí a homenagem (esta) de alguém que ainda o chegou a ver jogar. Com muito prazer, embora o futebolista-operário já estivesse no final da sua carreira !
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