segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
ÓPERA, NONO BAIRRO
Tive o privilégio de trabalhar aqui durante uma dúzia de anos. Enfim, para ser mais exacto, trabalhei a 50 metros deste local, num estabelecimento bancário sito na confluência das ruas Auber e Scribe, no 9º bairro da chamada 'Cidade-Luz'. O edifício que a foto mostra é o Palácio Garnier, mais conhecido por Ópera de Paris. Que, curiosamente, foi o único edifício da cidade que mereceu as honras (puxa !!!) de uma visita de Adolf Hitler, o Átila do século XX. Isto, logo a seguir à conquista e ocupação da cidade pelas hordas germânicas. Mais agradável do que essa recordação (que data de um tempo em que eu ainda não era gente), é a de pessoas que eu por ali cruzei efectivamente, de entre as quais realço a figura de Patrick Dupont (cliente do nosso posto de câmbio), que, depois de ter sido dançarino-estrela da Ópera-Garnier, foi, ainda no meu tempo, director do seu prestigioso corpo de ballet. Ele era, nos anos 90, um indivíduo ainda jovem, de uma grande simplicidade, que não hesitava (apesar do seu estatuto de 'star' mundial) cumprimentar as pessoas. Por ali cruzei ou vi (simplesmente) mais gente famosa. Lembro-me da visita à nossa agência (que era, então, a sede local de um banco já extinto) de Agustina Bessa Luís, de uma princesa da Casa de Bragança, do cineasta Paulo Rocha, do Presidente da República general Costa Gomes, do Dr. Miguel Trovoada, que viria a ser Presidente da República de São Tomé e Príncipe (uma pessoa distinta e de uma grande educação), do atleta Carlos Lopes, da Teresa Salgueiro e dos Madredeus, de Nuno da Câmara Pereira, de Fialho Gouveia (um homem jovial e simpático), do presidente da FIFA João Havelange, de muitos jogadores de futebol, de homens da banca (alguns deles implicados, hoje, em escândalos monumentais), etc, etc. Mas lembro-me também de muita outra gente anónima, mas não menos importante, com a qual tive o grande prazer de privar. Bons tempos, esses passados ali na Ópera; tempo das incursões-relâmpago feitas (na hora do almoço e graças à celeridade do Metro e do RER) aos Campos Elíseos, ao fundo da avenida Montmartre, às praças da Madalena e da Concórdia, pelo simples prazer de respirar o 'ar' de Paris, a mais bela cidade do Mundo. Tenho também saudades de certos restaurantes daquela zona : chineses, corsos, italianos, 'auvergnats', tailandeses, espanhóis, vietnamitas, portugueses e outros... Recordo particularmente o «Marquês de Pombal», na rua do 4 de Setembro, se não me engano, onde com o Rui Pina e o Jorge Macedo (meus colegas de labuta) eu ia periodicamente, deliciar-me com a sua boa cozinha e com um divinal vinho do Douro da Quinta do Cotto.
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