quarta-feira, 16 de setembro de 2009

SOUVENIRS... SOUVENIRS...

Aqui há dias, na Internet, deparei-me com a ilustração de um selo francês reproduzindo a eclusa Francisco I, que funciona no porto do Havre. E vieram-me à lembrança recordações do tempo em que, também eu, trabalhei no velhinho estaleiro de Grand Quevilly, onde as portas gigantescas daquela eclusa –então as maiores do mundo- foram construídas. Construídas com o meu concurso, com o meu saber profissional, com o meu empenho, com o meu suor. A construção de tais portas foi, aliás, um dos primeiros trabalhos que eu executei nos Chantiers de Normandie, estabelecimento fundado em 1893 e fechado um século mais tarde, em consequência da crise da construção naval que abalou a indústria europeia.
Acodem-me à memória (cada dia mais falível, já que a idade não perdoa) caras e nomes de gente que então ali conheci e com a qual partilhei canseiras, mas também momentos simpáticos, de franca camaradagem. Como, por exemplo, o Pierrot Tavernier, o Claude Doutreleau, o Jules, o ‘tio’ Dufils, contramestre alcunhado Ladoumègue (alusão a um conhecido atleta olímpico), que, apesar da sua idade e da sua frágil figura, tinha a faculdade de dar a volta ao navio (que construíamos) enquanto o diabo esfregava um olho e nos surpreendia (algumas vezes) de braços caídos e em descontraída cavaqueira. Já falecidas quase todas (e muitas outras cujos nomes o olvido levou), estas pessoas deixaram, no entanto, uma grande saudade no meu coração. Pelos momentos passados juntos, mas, certamente também, por associarmos essa época já distante aos dias da nossa esfumada juventude. Aqui vos deixo -leitores voluntários ou acidentais deste blog- algumas imagens desse tal estaleiro à beira Sena plantado e de alguns dos navios que, nos seus tempos áureos, essa casa lançou à água. Alguns deles com estórias, outros que fizeram História.

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