Prossigo com a apresentação de brasões de armas municipais que, para aqui caberem, terão de ser interessantes (a diferentes títulos), belos ou simplesmente curiosos. O de hoje -referente à cidade amazónica de Manaus- enquadra-se nesta última categoria. Diga-se, antes de mais, que a emblemática municipal brasileira é, salvo honrosas excepções, das mais fantasiosas, não respeitando as regras estabelecidas por essa ciência auxiliar da História que é a heráldica. Isto, pelo facto de não existir (que se saiba) naquele imenso país da América do sul um organismo de estudo e de oficialização dos brasões, como os que existem em Portugal (estou-me a referir ao Gabinete de Heráldica da Associação dos Arqueólogos) e no resto da Europa.
Repare-se agora atentamente no símbolo municipal de Manaus : faz clara referência ao gigantesco rio Amazonas e às imensas florestas da região; alude à situação geográfica do município, implantado na confluência do já citado Amazonas e do rio Negro, seu tributário; e assinala a presença dos colonizadores portugueses naquela terra do fim do mundo. Este último aspecto está materializado num branco de sobrecasaca, que parece conversar com uma mulher indígena. Mas também na fortaleza, sobre cujas ameias flutua a bandeira... verde-rubra da nossa república. Bandeira que, como toda a gente sabe, salvo o desenhista (perdoai o brasileirismo) que criou o brasão de Manaus, só surgiu no início da segunda década do século XX, depois da queda da dinastia de Bragança.
A cidade chamou-se primeiramente Barra do Rio Negro e pertenceu administrativamente ao Pará, antes da fundação do estado do Amazonas. A sua época de ouro coincidiu com a exploração intensiva das florestas de héveas e da exportação do latex. Hoje, a sua economia assenta, principalmente, na existência de uma activa zona franca, que atraíu investimento (industrial e comercial) para aquela longinqua região do Brasil. A população de Manaus, que foi, outrora, uma modesta cidade do interior, ronda agora o milhão de habitantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário