sábado, 28 de fevereiro de 2015

HOMENAGEM A UM SANFONEIRO

Todo o drama da seca, que atormenta ciclicamente os sertões do Brasil, é contado em «Asa Branca», coroa de glória de Luiz Gonzaga, o insigne e saudoso sanfoneiro nordestino. Também conhecido pela alcunha de 'O Rei do Baião', este popular artista -um dos mais queridos de sempre do povo brasileiro- faleceu em 1989, com 77 de idade. Dele ficou uma imensa saudade e o valioso espólio musical de um trovador genuíno e insubstituível. Aqui fica, pois, a minha homenagem a Gonzagão e a sugestão, aos leitores deste blogue, para que ouçam a sua voz e os acordes inconfundíveis da sua sanfona. Nota : a canção «Asa Branca» (cuja letra também aqui vos deixo) foi escrita e composta, em 1947, por Luiz Gonzaga e por Humberto Teixeira. Caetano Veloso, Maria Bethânia, Elis Regina, Gilberto Gil e muitos outros artistas brasileiros de renome cantaram e gravaram «Asa Branca».

ASA BRANCA

Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chores não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Quando o verde dos seus olhos
Se espalha na plantação
Eu te asseguro
Não Chores não, viu?
Que eu voltarei, viu meu coração.


Ouvir aqui :

https://www.youtube.com/watch?v=A5r2_wGk1dI

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

CINE-SAUDOSISMO (8)

«BEM-VINDO MR. MARSHALL» («Bienvenido Mr. Marshall») é uma comédia espanhola contemporânea dos últimos filmes com António Silva e seus comparsas do cinema português. E está impregnado da mesma verve, da mesma vontade de fazer rir um povo triste. No caso espanhol, de um povo que vivia sob a bota de um ditador feroz, que assentava o seu despótico poder nos dramas de uma guerra civil, que, no país vizinho, fez centenas de milhar de mortos. Luís G. Berlanga -que aqui se apoiou num elenco constituído por actores engraçadíssimos- construiu uma história rocambolesca, que se desenvolve à volta de uma aldeia de Castela, cujo povo se convence (ou melhor, é convencido) da bondade do 'Plano Marshall'; que também será aplicado a Espanha e trará à sua terra a prosperidade tão desejada. Uma grande festa é, então, organizada, para receber condignamente a delegação norte-americana... que acaba por atravessar o 'pueblo' sem parar, insensível às esperanças de toda a gente. Diz-se desta sátira sobre a época franquista -divertida e sensível- que constitui um marco do cinema espanhol; que a partir de «BENVINDO MR. MARSHALL» ganhou qualidade e nunca mais foi o mesmo. Datada de 1952, esta fita contou com a participação artística de José Isbert (na inesquecível encarnação do 'mayor'), de Manolo Moran e de Lolita Sevilla, nos papéis principais. Foi filmado a preto e branco e tem uma duração de 80 minutos. Recordo-me de ter visto esta película num cinema de bairro em Portugal, meia dúzia de anos após a sua estreia. Aqui há dois anos, comprei uma cópia DVD, com fotografia e som remasterizados. Infelizmente e graças à minha propensão para emprestar coisas de que gosto, fiquei sem ela. Bem feito !

A SOBERBA DOS HOMENS

Quem disse que os animais -e entre eles os pássaros- não namoram e não amam ? -Certamente um pobre e pretensioso ser humano, convencido de que essa capacidade só é dada pela Natureza às criaturas da sua própria espécie. Nesse aspecto, como nós somos soberbos e ignorantes !

JANELAS DO ALENTEJO

Inconfundíveis janelas do Alentejo
Olhar das casas singelas sobre a rua,
Sois como álacres notas na pauta de solfejo
Mil vezes benzidas, veladas pela lua.
Janelas do Alentejo, que bonitas sois !
Vaidade legítima desta terra ímpar
Banhada e aquecida por infindos sóis,
Cantada por Florbela, musa do verbo amar.
Benditas sejais vós janelas transtaganas,
Visão bela e intemporal da terra-mãe.

A. J. C.


SELOS DO CORREIO

Embora nunca os tenha coleccionado, o facto é que os selos de correio sempre me fascinaram. E estou absolutamente convencido que os ditos são (e sempre foram) um inestimável vector de cultura. Pergunto-me por vezes : quantas coisas não aprendi eu (e milhões de outras pessoas do mundo inteiro) graças ao olhar interessado lançado sobre uma dessas simples e maravilhosas estampilhas ? -Que suscitam curiosidade e subsequentes buscas, para se saber um pouco mais sobre os temas abordados. Que são vastíssimos, englobando todas as áreas do conhecimento humano. Gosto, muito em especial, das colecções de selos que abordam a temática das grandes descobertas geográficas. Nas quais brilharam, com particular fulgor, os nossos compatriotas de antanho. É, pois, para realçar o contributo de divulgador universal da História dos selos de correio, que aqui deixo uma amostra elucidativa : a de uma série de dois belíssimos selos -lançados, em simultâneo, pelas administrações postais de Portugal e da Coreia do Sul para comemorar 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países- que representam uma nau lusa do século XVI e um navio-tartaruga coreano; que é, indubitavelmente, um antepassado dos couraçados da primeira metade da precedente centúria. A nau portuguesa -cuja importância na guerra e no comércio marítimos do seu tempo foi primordial- tem traço do artista Telmo Gomes e o navio asiático (da mesma época) foi desenhado por um seu colega da Coreia do Sul de nome Eunkyong Park. Ainda referentemente a este último navio -conhecido na sua região de origem por 'kobukson'- refiro que, durante, séculos participou nos combates contra os invasores japoneses e é, a esse título, um emblema da História naval dos povos coreanos. Voltarei a este tema dos selos e dos navios.

RECORDAÇÕES (E ALGO MAIS)

............. Niagara-on-the-Lake é uma cidadezinha do Canadá, muito bonita, que faz parte da província do Ontário. É simultaneamente banhada pelo lago Ontário (a norte) e pelo rio Niagara (a leste), situando-se a pouca distância das famosas cataratas, que tantos turistas atraem à região. Tive o imenso prazer de visitar toda esta zona fronteiriça (Canadá-Estados Unidos da América) há 20 anos, em 1995. Num tempo em que ainda  era possível às pessoas que viviam do seu trabalho produtivo (pelo menos a algumas delas) fazer férias em territórios que hoje lhes estão totalmente vedados. Por causa da crise causada pela política praticada por energúmenos que nunca fizeram nada de útil na vida. Mas que, hoje, pertencem à seita que controla e condiciona a existência dos outros; daqueles que produziram a riqueza de que eles usufruem sem vergonha. Voltando à vaca fria, quero dizer que Niagara-on-the-Lake surpreende pela beleza do seu casario vitoriano, pelo arranjo impecável das suas floridas ruas, mas, sobretudo, pelos pomares e vinhedos que a circundam. Confesso que nunca pensei ver vinhas por aquelas bandas, pois confesso que (erradamente) assimilo a sua cultura às terras do sol. Como as do meu Alentejo natal. Recordo-me, entre outras coisas deslumbrantes que por lá vi, de Fort George com a sua paliçada em troncos de árvore, como se usava nos tempos das guerras franco-britânicas do século XVIII pela posse do Canadá e que envolviam a participação das nações ameríndias locais. Essa rústica fortificação faz face (como mostra o selo dos correios canadianos anexado a este 'post') a Fort Niagara, estrategicamente situado do outro lado do rio do mesmo nome e que hoje se encontra em território dos E.U.A.. Também me lembro bem do 'charme désuet' das construções civis da cidade, perfeitamente conservadas e de uma limpeza impecável; e nomeadamente de uma loja do comércio local, que, curiosamente, vende -em regime de exclusividade e durante todo o ano- artigos de... Natal. Em suma, gostei muito desta minha primeira viagem a terras do Novo Mundo, que se estendeu pelo território das províncias do Quebeque e do Ontário e pelo norte do estado de Nova Iorque. Experiência americana que repeti, em 1999, com uma viagem feérica, inolvidável, através dos estados federais da Califórnia, do Nevada, do Utah e do Arizona. Durante muito tempo, alimentei a esperança de renovar a experiência noutras regiões da América do norte, zona do vasto mundo pela qual me sinto particularmente atraído. Infelizmente, os tais políticos inúteis, nocivos, que 'inventaram' a crise e no-la fazem agora pagar, através de cortes insuportáveis nos nossos rendimentos salariais e afins e da aplicação de impostos suecos a gente que já tem um nível de vida próximo do dos magrebinos retirou-me toda a possibilidade material de satisfazer esse meu sonho. Agora só posso encarar como viável uma viagenzita a Alcobaça (cujo valor turístico eu, naturalmente, não menosprezo, mas onde já fui muitas vezes) para me maravilhar perante os túmulos de Pedro e Inês ou  um raide até à Nazaré, para lá me deliciar com as vistas e -com um pouco de sorte- com uma caldeirada. E mesmo assim, há que contar três vezes os tostões. Para que não falte o dinheiro necessário para assegurar, 'ad aeternum', o trem de vida dos nossos (des)governantes e respectivos séquitos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (30)

Esta fotografia (de autor que eu desconheço, mas que suponho ser obra de um repórter do tempo) foi tirada, no mosteiro dos Jerónimos, em 29 de Julho de 1970, durante o velório do ditador António de Oliveira Salazar; que falecera na antevéspera, com 81 anos de idade. Nela se podem ver, à cabeceira da urna, Gabriel Estêvão Mondlane (um moçambicano com 2,45 m de estatura) e um anão conhecido pela alcunha de Toninho de Arcozelo (com 0,75 m de altura). Assim, a homenagem oficial prestada ao déspota, também tomou ares de espectáculo circense. E digo isto com todo o respeito devido aos supracitados membros dessa insólita guarda de honra. E pergunto-me, intrigado, quem terá sido o 'chico esperto' que teve a ideia absurda de levar aos Jerónimos o chamado 'Gigante de Manjacaze' e o liliputiano do Norte ? E com que fito ? -A verdade é que este extraordinário clichê foi publicado pela imprensa internacional, que gozou bastante com este inesperado adeus ao homem que, durante mais de quatro décadas, governara -com mão de ferro- uma dos países mais atrasados da Europa. Recordo-me de uma revista francófona se referir à foto em questão (e à atmosfera reinante no mosteiro dos Jerónimos no instante em que foi colhida) como uma «imagem de um filme de Buñuel ou como uma sombria tela de Goya». Cito de memória.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CIÚMES


Com que ternura as tuas mãos
Se agarram ao girassol, a flor da vida...
Porque mistério não mereço eu o teu desvelo
e um quinhão desse candor que me despeita ?

TRABALHO E PERSEVERANÇA

As flores de cerejeira e as neves eternas do monte Fuji são imagens do Japão tradicional, do Japão eterno. O comboio de alta velocidade 'Shinkansen' é, quanto a ele, o símbolo de um país que conseguiu renascer das cinzas da mais devastadora guerra da História da Humanidade, para se colocar na posição de uma das nações tecnologicamente mais desenvolvidas do planeta. Trabalho e perseverança foram os segredos para alcançar o sucesso...

CITAÇÃO

«Há pessoas que têm uma biblioteca, como os eunucos têm um harém»

** dixit Vítor Hugo (1802-1885), escritor francês **

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

VELHO NAVIO


A imagem superior é a de uma estampa de inícios do século XX representando o navio de bandeira alemã «Ypiranga», pertencente à frota da companhia Hamburg-Amerika Linie. Que, tal como o seu nome sugere, assegurou carreiras entre a Europa do norte e as Américas. O «Ypiranga» era um navio misto (passageiros/carga) com um pouco mais de 8 100 toneladas de deslocamento, construído, em 1908, pelos estaleiros Krupp-Germania de Kiel. Operou,, essencialmente, na rota da América do Sul. Em 1918, depois da derrota do império alemão, este navio foi capturado e entregue aos britânicos como parte das reparações de guerra a que tiveram direito. Sob as bandeiras da White Star Line e da Anchor Line, viajou para a Austrália, para Nova Iorque e para a Índia. Com o nome de «Assyria». Em 1929, este navio foi adquirido pela Companhia Colonial de Navegação, que procedeu à sua remodelação, antes de o utilizar -com novo nome de baptismo : «Colonial»- nas linhas de Angola e Moçambique. Por esse tempo, este paquete (que navegava com uma tripulação de 136 membros) podia transportar 1 300 passageiros, distribuídos por diferentes classes. Em 1950, obsoleto, o navio foi vendido, como sucata, a uma empresa de demolição do Reino Unido; que procedeu ao seu reboque para a Escócia e o encalhou, acidentalmente, perto de Campbeltown, onde o velho navio acabou por ser desmantelado. Teve um irmão gémeo na frota da C.C.N., o paquete «Mousinho», ex-«Corcovado», de mesma procedência. A fotografia abaixo mostra o «Colonial» zarpando, em 1941, do cais de Alcântara (Lx).

NO TEMPO DA OUTRA SENHORA...

Este curioso panfleto -dos tempos da ditadura- exigia a Salazar que largasse o poder; para que Portugal e os Portugueses estabelecessem um regime democrático e dessem novo rumo ao país. Desconheço a data de emissão e o nome da organização antifascista que o concebeu e pôs a circular, embora, nesse tempo, me tenha passado pelas mãos algum material contestatário deste tipo. Que, geralmente, era lançado por activistas 'do contra' em locais de grande circulação de pessoas : portões de fábricas, imediações de recintos desportivos, etc. (Clicar para ampliar).

domingo, 22 de fevereiro de 2015

«SNIPER AMERICANO»

Ontem fui ao cinema ver o polémico filme «Sniper Americano» («American Sniper»), realizado por Clint Eastwood. Película que, nos Estados Unidos, tem sido considerada, por uns, como um hino glorificando a violência exacerbada (e injustificada) que pontua a acção ianque nos conflitos do Próximo Oriente; que provoca vítimas, essencialmente, na população civil local e destruições inauditas. E que é, vista por outros, como uma homenagem devida àquele 'heróico atirador de elite', que dizimou cerca de 200 terroristas empenhados na luta contra os Estados Unidos e contra a bondade da civilização ocidental. Na minha modesta opinião, creio que o filme em questão merece a controvérsia que o rodeia e que divide público e críticos. Não há dúvida que «Sniper Americano» peca pelo grau de propaganda que o envolve e que até seria de esperar por parte de Eastwood, um homem conotado com a direita norte-americana e que nunca escondeu as suas simpatias por uns 'states' fortes e activos na luta pela imposição dos valores (seja lá isso o que for) do nosso mundo. O filme contém, no entanto e quanto a mim, passagens positivas, nomeadamente aquelas em que -muito humanamente- revela o sofrimento atroz dos soldados feridos em combate, numa guerra crua e sem fim à vista e o sofrimento psicológico das famílias de combatentes, que temem pela vida dos ausentes, ao mesmo tempo que vão constatando, preocupadas, os traumas desses seus familiares. Que regressam da guerra completamente transformados e transtornados pelo horror sem nome vivido nas ruínas das cidades do Iraque e de outras terras longínquas. Onde, apesar do seu patriotismo algo ingénuo (ou talvez por isso) eles são usados como mera carne para canhão. Nem que seja por simples curiosidade, pela classe evidenciada pelos actores ou pelo profissionalismo demonstrado pelo cineasta que a realizou, esta obra merece ser vista e o seu tema sujeito a meditação e discussão. Veja-se, pois, e ajuíze-se.

RESPEITINHO PELO CROCODILO


«Não insultes o crocodilo antes de atravessares o rio»

(provérbio africano).

UM FILME MISTERIOSO E UMA CANÇÃO DE SUCESSO

Toda a gente se recorda de «Strangers in the Night», aquela canção que, em finais da década de 60, foi um dos grandes sucessos de Frank Sinatra. E cujos acordes, ainda hoje, passado quase meio século, acodem à memória das pessoas da minha geração. Do que pouca gente se lembra ainda é que, antes de se tornar um êxito universal, «Strangers in the Night» apareceu na faixa musical do filme «A Man Could Get Killed», uma fita de acção rodada, em grande parte em Portugal, por Ronald Neame. Essa película colorida, que estreou em 1966, contou com a participação de James Garner, Melina Mercouri, Anthony Franciosa, Sandra Dee e (entre outros mais) do actor português Virgílio Teixeira. O enredo gira à volta de um homem de negócio americano, que, à sua chegada a Lisboa, é confundido com um espião envolvido, ele, num tráfico de diamantes. Não tenho notícia do filme ter sido estreado em Portugal. E desconheço as obscuras razões que levaram ao seu afastamento das salas de cinema nacionais. Eu, infelizmente nunca vi o filme em questão. Até pelo facto (curioso) de não existir cópia videográfica editada do mesmo. Ainda referentemente a «Strangers in the Night», quero dizer que esta canção é da autoria de Charles Singleton, Eddie Snyder e Bert Kaempfert e que foi cantada -pela primeira vez- por Connie Francis (em 1967), antes de entrar no reportório de Sinatra e de dar a volta ao mundo.

BONJOUR JACQUES PRÉVERT !

Le Cancre

Il dit non avec la tête
Mais il dit oui avec le cœur
Il dit oui à ce qu’il aime
Il dit non au professeur
Il est debout
On le questionne
Et tous les problèmes sont posés
Soudain le fou rire le prend
Et il efface tout
Les chiffres et les mots
Les dates et les noms
Les phrases et les pièges
Et malgré les menaces du maître
Sous les huées des enfants prodiges
Avec des craies de toutes les couleurs
Sur le tableau noir du malheur
Il dessine le visage du bonheur.
 
** Jacques Prévert, poète français (1900-1977) **

sábado, 21 de fevereiro de 2015

ONDE ESTÁ A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES ?

Devido à crise -promovida e imposta pela 'troika'  e pelo (des)governo que temos- as famílias portuguesas empobreceram substancialmente nestes últimos 3 anos. E essa realidade é de tal modo visível, que não é necessário recorrer às estatísticas para ser aferida. A classe média desapareceu deste país e os pobres estão cada vez mais pobres. É essa a dura verdade dos factos, que nenhum discurso político, por muito hábil que seja, conseguirá escamotear. Por essa razão, muitos estudantes universitários abandonaram os seus cursos a meio e os nossos estabelecimentos de ensino superior registaram uma quebra significativa nas matrículas de novos alunos. Aqui há dias li uma entrevista, concedida a um jornal português pela Dra. Isabelle de Oliveira, que ocupa o alto cargo de vice-reitora da universidade parisiense de La Sorbonne, uma das mais prestigiadas do mundo. Na qual ela afirmou (ao jornalista que a interrogava) que, em França, onde vive e trabalha, as propinas nas universidades públicas custam, em média, 350 euros anuais aos estudantes de licenciatura (contra 970 euros em Portugal) e 500 euros aos estudantes de doutoramento (contra 970/4 000 euros nas nossas faculdades). E perguntava essa senhora, emigrante de segunda geração : «afinal, onde está (no nosso país) a igualdade de oportunidades ?». A pergunta fica no ar, à espera que alguém saiba responder...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ASSIM VAI O MUNDO...

Mais papista do que o papa, o (des)governo do PSD/CDS manifestou, ontem, a 'sua surpresa e indignação' perante as palavras de Jean-Claude Juncker -presidente da Comissão Europeia- que reconheciam que a 'troika' pecara (sic) com a rigidez das medidas de austeridade impostas a vários países intervencionados, incluindo Portugal. Pelos vistos, a pobreza que ajudou a engendrar com o 'auxílio' duma Europa à deriva, mas, ainda assim, submetida às leis leoninas da finança internacional, continua a deixar a sinistra equipa chefiada pela dupla Passos Coelho/Portas no estado que lhe é costumeiro : que é o de sujeição absoluta à senhora Merkel e às decisões do seu tenebroso ministro das finanças. Espero que, nas próximas eleições, os Portugueses saibam 'agradecer' a esta gente os cortes de salários e de pensões de reforma, o alastramento escandaloso do desemprego (que, na realidade, está muito acima dos números oficiais), do exílio forçado de muitas dezenas de milhar de pessoas, da sua política de destruição de empresas públicas de importância estratégica, das tentativas de desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Pública e de muitas outras 'benfeitorias' que -sob a bênção de Sua Nulidade, o professor doutor Cavaco Silva- escreveu uma das páginas mais sombrias da História do Portugal contemporâneo. Continuo na minha : estes aventureiros da política (ávidos de protagonismo e de benesses) não prestam, não servem os interesses do povo que lhes deu a maioria nas precedentes eleições e será obra salutar, higiénica, correr com eles (como com outros da sua igualha, que já se perfilam para os substituir e gerir a crise), porque não têm ideias, nem programas para tirarem o país do atoleiro em que ele se encontra e para darem aos Portugueses novas e melhores perspectivas de vida. Para lhes darem FUTURO. Fora com eles, já !


O carnaval do Rio de Janeiro é uma das festas populares mais conhecidas do planeta. E uma importante fonte de receitas para a Cidade Maravilhosa, que -no período do entrudo- recebe centenas de milhar de visitantes, nomeadamente turistas estrangeiros endinheirados. Paralelamente a isso, o carnaval do Rio convoca o interesse de muitas associações de bairro, que rivalizam em ideias e labor, quando se trata de apresentar, no famoso Sambódromo, os mais feéricos carros alegóricos, as mais luxuosas fantasias e as mais trepidantes músicas. Isto, num ambiente surreal inimitável, sem paralelo noutro lugar do vasto mundo. Mas o carnaval carioca também tem, naturalmente, os seus senãos. Exemplos : a criminalidade sobe em flecha nesses dias, o consumo de drogas e de álcool atinge níveis incríveis e as práticas sexuais, desprotegidas, promíscuas, sem regras, é coisa comum e um flagelo que deixa marcas, sobretudo nas jovens de meios sociais desfavorecidos. Por outro lado, a política tem tendência a infiltrar as escolas de samba e a manobrá-las de maneira a que sirvam -voluntariamente ou não- interesses que nada têm a ver com os festejos das agremiações implicadas e com a população em geral. Veja-se, por exemplo, o caso que, este ano, está a lançar uma onda de suspeição e de descrédito sobre a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, grande vencedora do certame. Tornou-se claro que o tema 'escolhido' por essa escola fez, claramente, a apologia da África Equatorial e do regime ditatorial vigente nesse país, onde reina com mão de ferro Teodoro Obiang. Facto que indispôs muita gente, visto ser o supracitado um dos homens mais odiados do Continente Negro, por impor ao seu povo falta de liberdade e de condições de vida dignas. Na África Equatorial (que agora, surpreendentemente, também faz parte da C.P.L.P.!!!) toda tentativa de emancipação popular é punida com prisão, tortura e morte. Foi, pois, segundo a imprensa brasileira, esse regime que interessadamente ofereceu à acima referida escola de samba a 'modesta' quantia de 3,5 milhões de euros; soma que foi decisiva para que a Beija-Flor se alcandorasse à posição de vencedora do carnaval do Rio. Que pena...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

MiG-21 DA AVIAÇÃO MILITAR ANGOLANA

Este caça MiG-21 pertenceu à aviação militar da República Popular de Angola. Depois da independência desse país africano de língua oficial portuguesa -alcançada após 14 anos de guerra contra o colonialismo salazarista e na sequência da revolução do 25 de Abril, que, em 1974, apeou a ditadura- os angolanos do M.P.L.A. recorreram aos seus amigos da União Soviética (que sempre os apoiaram -diplomática e militarmente- na sua luta pela autonomia política) para construir umas forças armadas dignas da grande nação africana que pretendiam criar. E armamento moderno começou, desde então, a desembarcar no porto de Luanda. De entre esse material, figuravam meios aéreos como esta aeronave, que muito ajudou o novo governo a sobreviver; sobretudo, face à guerrilha interna (alimentada pela UNITA do chefe tribalista Jonas Savimbi) e face às tropas invasoras da África do Sul racista. África do Sul, que viu com razão, no seu novo vizinho, um perigo para a perenidade do odioso regime de 'Apartheid', imposto pela minoria branca. Ainda a propósito do caça MiG-21 (aparelho que foi exportado para 30 países de 4 continentes), diga-se que -em Angola- já foi retirado da linha da frente e substituído por máquinas de guerra mais sofisticadas, mais 'performantes', tais como o ágil e polivalente birreactor Sukhoi Su-27, também ele de origem russa. A aviação militar da R.P.A. nasceu da utilização de alguns aviões e helicópteros deixados, no terreno, pela F.A.P. (Força Aérea Portuguesa), depois de terminada a guerra colonial. Mas rapidamente, Angola assinou um contrato de assistência militar com Moscovo, que, para além do fornecimento de aviões de combate e outros, se comprometeu a assegurar a formação de pilotos na (hoje extinta) União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Aparelhos menos sofisticados do que o MiG-21 (tais como, por exemplo, o MiG-17) equiparam as primeiras unidades da agora chamada Força Aérea Nacional. Hoje em dia, os fornecedores diversificaram-se e Angola compra material de guerra (incluindo meios aéreos) à Rússia, mas também à China, aos E.U.A. e ao Brasil.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

AQUELA PONTE SOBRE O DOURO...

A ponte de D. Luís -que atravessa o rio Douro, ligando as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia- é uma construção em ferro de finais do século XIX. Foi ali construída em substituição de uma velha ponte pênsil, que já não servia as necessidades da população local. O responsável pelo projecto (e pela sua concretização) foi Théophile Seyrig, um engenheiro belga, discípulo do famoso Gustave Eiffel. A ponte de D. Luís -que mede 385,25 metros de comprimento máximo- foi inaugurada definitivamente em 1888, quando foi dado por terminado o seu tabuleiro inferior. Que hoje é reservado à circulação de peões e de veículos automóveis; enquanto a plataforma superior se destina (desde 2005) ao tráfego das composições do Metro do Porto. Considerada, justificadamente, um dos símbolos da Cidade Invicta, esta monumental obra de engenharia é também apontada (pelos turistas) como uma das mais belas pontes do Mundo. É verdade que o bonito quadro em que se insere, muito contribui para assim a definir.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

TV E AMENDOINS

«Detesto televisão. Detesto-a tanto como aos amendoins. Mas não consigo parar de comer amendoins».

* Dixit Orson Welles (1915-1985), actor e cineasta norte-americano *

sábado, 14 de fevereiro de 2015

MÁRIO COLUNA EM FRANÇA E... EM PORTALEGRE

Esta estampa faz parte de uma colecção de cromos desportivos editada no estrangeiro. Nela figura Mário Coluna envergando a camisola do Olympique Lyonnais, um dos melhores clubes do futebol francês. O 'Monstro Sagrado', como lhe chamaram -glória eterna do Sport Lisboa e Benfica e da selecção nacional- representou aquele emblema gaulês no início dos anos 70. Mas o O.L. não foi, contrariamente ao que se pensa, o último clube representado (enquanto jogador) por aquele que, por muitas vezes, envergou a braçadeira de capitão do Benfica e da selecção portuguesa. Com efeito, em 1972, depois do seu regresso de França, Mário Coluna ainda assumiu (por um fugaz espaço de tempo) as funções de jogador-treinador do Estrela de Portalegre, um clube da minha região. A foto por baixo deste texto mostra uma fotografia com o colectivo do Estrela, onde Coluna figura (de pé), ostentando a braçadeira de capitão.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

FAZ HOJE 50 ANOS QUE A PIDE MATOU HUMBERTO DELGADO

E já agora, que estamos virados para as comemorações históricas, será bom (e útil) lembrar que precisamente há 50 anos -a 13 de Fevereiro de 1965- foi bárbara e cobardemente assassinado o general Humberto Delgado. Os autores deste horrendo crime (que ocorreu perto de Villanueva del Fresno, em Espanha, junto à fronteira do Alentejo) foram agentes da PIDE, a polícia política do regime salazarista. No mesmo lugar e há mesma hora, também foi vilmente abatida a tiro a cidadã brasileira Arajaryr Campos, secretária do 'General sem Medo'. Os autores materiais do massacre foram devidamente identificados, mas nunca receberam o castigo que mereciam por estes e pelos outros hediondos crimes que cometeram.

TU É QUE SABIAS...


«...Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam (os astros) a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias Galileo Galilei...».


Foi em 1633 (faz hoje 382 anos) que o astrónomo pisano Galileu -figura fundamental da revolução científica- chegou a Roma para ser julgado pelo tribunal da Inquisição. Que o acusou de heresia, pelo facto de ter afirmado que a Terra girava à volta do Sol...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

DIVINAIS VIEIRAS

A vieira é um molusco bivalve das águas frias do Atlântico e mares anexos, extremamente saboroso. Mas, ainda assim, pouco consumido pela generalidade dos gastrónomos portugueses, devido, quase pela certa, à sua raridade nas nossas costas e à carestia do produto importado. Eu só tive a oportunidade de provar essa delícia, pela primeira vez, aqui há meio século atrás, depois de ter estabelecido domicílio na Normandia. Terra banhada pelo mar da Mancha, onde portos como os de Dieppe e de Fécamp, por exemplo, são recordistas europeus na captura das famosas 'coquilles Saint Jacques'. Gostei das vieiras, desde a primeira vez que as saboreei e passei a ser consumidor frequente de tal petisco. E continuo a apreciar esse delicioso 'fruto do mar', seja qual for a maneira como é preparado e cozinhado. Gosto das vieiras confeccionadas com natas, gratinadas no forno e servidas nas próprias conchas. mas também as aprecio simplesmente passadas na frigideira e degustadas quentinhas. De qualquer modo, constituem sempre uma entrada paladosa, de luxo. Infelizmente, como já disse, as vieiras raramente se encontram por aqui; e quando aparecem, são, quase sempre, congeladas e vendidas a preço de ouro. Aqui há dias, encontrei este produto numa grande superfície de Espanha (que captura vieiras na Galiza) a um preço mais acessível do que aqueles que por cá se praticam. Visto as circunstâncias, não resisti à tentação de comprar um saquinho delas.  Que vou agora petiscar com 'bacon'. Receita rápida e simples de executar, que se prepara da seguinte maneira :

1- Descongelar as vieiras e limpá-las, conservando apenas a noz e o chamado coral;
2- Colocá-las numa tigela (sem as salgar) e regá-las com sumo de limão ao qual se adiciona uma pitada de pimenta;
3- Envolver cada uma das vieiras a utilizar numa fatia fina de 'bacon' e enfiá-las  (3 ou 4 segundo o tamanho) em finos espetos de pau ;
4- Aquecer o forno a 200º. Colocar as espetadas num tabuleiro (ou numa grelha) e deixar o tempo de aloirar o bacon (2 a 3 minutos).
5- Retirar do forno e servir imediatamente;
6- Acompanhar com um vinho branco fresco.

Bom apetite !

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

BANDEIRA E BRASÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO : SÍMBOLOS DE PORTUGALIDADE

Esta é a bandeira da cidade brasileira de São Paulo, que, com uma área urbana onde residem perto de 20 milhões de habitantes, é a maior urbe de todo o hemisfério sul e uma das mais populosas metrópoles do planeta. A bandeira branca está decorada com uma Cruz de Cristo, em homenagem aos navegadores Portugueses que descobriram as terras de Vera Cruz. No círculo figura o brasão de armas da cidade, que, também ele faz, visivelmente, referência ás origens lusas da fundação de São Paulo, que ocorreu em 1554. O escudo propriamente dito -que mostra, sobre fundo vermelho (goles), um braço armado empunhando um pendão- é ladeado por ramos de cafeeiro, planta que simboliza a economia local. Já que, durante muito tempo, a cidade e a sua região tiveram no café o seu principal motor de desenvolvimento. Sob o escudo foi aposta uma fita vermelha com o lema do município inscrito em latim : : «Non ducor duco», que significa «Não sou conduzido, conduzo». Divisa que manifesta, inequivocamente, a vontade de São Paulo em desempenhar um papel de liderança no contexto nacional. Refira-se, finalmente, a coroa mural de cinco torres que encabeça o escudo, e que é o atributo -no Brasil- das cidades capitais de estados federais. Ás portas vermelhas das torres atribuiu-se uma função puramente decorativa, já que, heraldicamente, estas só poderiam ser pretas/sable (se fechadas) ou brancas/prata (se abertas). Esta bandeira da cidade de São Paulo é oficial desde 1917. Foi imaginada -após concurso público promovido pela edilidade- por Guilherme de Almeida (jurista e poeta) e por José Wasth Rodrigues (professor e artista). Bandeira e brasão foram modernizados e reinstituídos pelo prefeito Jânio Quadros, em 1987.

O ORFEÃO DE PORTALEGRE FESTEJOU O 35º ANIVERSÁRIO DA SUA FUNDAÇÃO

Tive a oportunidade de assistir, no passado sábado, na sala do CAEP (Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre), à festa de aniversário do Orfeão dessa cidade do Alto Alentejo, cantada por José Régio. Orfeão que agora completou 35 anos de actividade. Reconhecido no país inteiro (mas não só) pela excelência do seu reportório e pela qualidade vocal dos seus membros (dirigidos pelo professor Domingos Redondo), o Orfeão de Portalegre presenteou -quem assistiu à festa em questão- com mais um espectáculo memorável. Para além da presença da formação aniversariante, também participaram na festa o Grupo Coral 'Amigos do Cante', de Alvito, a Tuna 'Papasmisto', do Instituto Politécnico de Portalegre e 'Os Lagóias', o recém-formado grupo de cante alentejano do próprio orfeão homenageado. Toda essa gente -que consagra as suas horas de lazer à música e ao canto polifónico- foi calorosamente aplaudida pelo público (que encheu a sala do CAEP), que manifestou particular carinho ao novo grupo de cante; grupo que surpreendeu pelo empenho que colocou na interpretação de cantigas ligadas a uma arte que já recebeu, por parte da UNESCO, o público reconhecimento de Património  Imaterial da Humanidade. Parabéns, pois, ao aniversariante e aos outros grupos que participantes na festa dos seus 35 anos. E muito obrigado pela belíssima tarde que proporcionaram a todos aqueles que a ela quiseram assistir.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ASSIM VAI O MUNDO...


Segundo a imprensa destes últimos dias, o Bloco de Esquerda e o P. S. querem tomar medidas rigorosas contra o enriquecimento ilícito e apreender o património dos políticos que, graças ao tráfico de influência e a outras 'habilidades', se tornaram milionários nos anos de exercício do poder. Força ! E não se esqueçam de ninguém ! Inclusivamente daqueles (governantes e autarcas) que, num passado mais ou menos longínquo, cometeram crimes dessa natureza, enchendo escandalosamente os bolsos com dinheiro sujo. A propósito, estou-me a lembrar do senhor presidente da Câmara Municipal de uma grande cidade do Norte (pertencente ao P. S.), que, depois dos seus mandatos cumpridos, arranjou um patrimoniozinho de milhões, nomeadamente (segundo os jornais do tempo), uma casa de valor equivalente ao de 300 anos de ordenado. Ou daquele outro autarca (por acaso também ele lá de cima, mas filiado num partido de direita) que, no dizer de um dos seus concorrentes políticos, «era um pelintra quando chegou à presidência de uma Câmara rica e que, quando largou o cargo,  passou ele a ser milionário, deixando o município em questão com uma dívida fenomenal». É, pois salutar e urgente remexer nessa porcaria toda e devolver o fruto de tais roubos ao Estado. Creio que, neste caso, não será o P.C.P. (que aliás tem o seu próprio programa de luta contra o flagelo do enriquecimento ilegal), nem a gente honesta e com vergonha dos outros partidos com assento parlamentar, que se irão opor a essas medidas higiénicas e ao castigo dos corruptos. E é claro que o  povo português -que é a principal vítima de todas essas roubalheiras- lhes ficaria muito agradecido.


Assisti anteontem, pela televisão, ao dérbi Sporting-Benfica, disputado em Alvalade. E o que vi não agradou minimamente ao adepto dos encarnados que eu sou. O Benfica foi uma equipa sem brilho, que se deixou dominar -ao longo de todo o desafio- por rivais que o pressionaram e lutaram para alcançar uma vitória que, francamente, mereciam. A atitude do Benfica, que pretendia sair do estádio do adversário com um empate, não foi digna de um clube que pretende renovar o título de campeão nacional de futebol. Sem querer ultrapassar a tal máxima que poderia dizer «prognósticos só fim do campeonato», confesso que não vaticino nada de bom para o emblema da minha simpatia. O resultado (do jogo) penalizou a equipa mais aguerrida (que obteve uma dezena de marcações de cantos a seu favor contra um único para o Benfica) e que melhor espectáculo proporcionou a quem esteve em Alvalade ou seguiu o 'match' pela TV. A começar a 2ª volta da prova desta catastrófica maneira (os encarnados já perderam 3 pontos no reinício do campeonato, tantos como os que desperdiçaram em toda a 1ª volta) nada de bom se pode esperar... Em relação àquilo que se passou após o jogo, só quero dizer que me dá vontade de rir o pedido do Sporting para que a claque do Benfica seja exemplarmente castigada; esquecendo os dirigentes desse clube os incidentes provocados pelos mais exaltados dos seus adeptos, que, num passado recente e por diversas ocasiões, se portaram como autênticos vândalos, incendiando e destruindo tudo à sua passagem. Na realidade, essas bestas quadradas das claques não têm (embora pareçam) cor clubística. E merecem, quando a polícia está para aí virada, porrada de criar bicho até se emendarem. Porque são uma chaga dos estádios de futebol e uma ofensa para quem gosta desse espectáculo desportivo. E tudo o resto são tretas...


O miserável conflito que se prolonga no leste europeu, na zona fronteiriça entre a Ucrânia e a Rússia, e que tantas vítimas civis inocentes já causou, é coisa que muito me preocupa. E que deveria, a meu ver, preocupar todos os povos, porque esta guerra pode servir de rastilho a um conflito maior que -na pior das hipóteses- pode abrasar o planeta. Quanto a mim, não há inocentes nesta história. Tão culpados são uns como outros. Sobretudo, por não serem capazes ou não quererem encontrar um terreno de entendimento e resolver o assunto pela via diplomática. Depois há a nefasta maneira da Europa comunitária e dos Estados Unidos virem deitar azeite sobre o fogo, numa atitude suicidária. Gostaria de saber, por um lado e no caso (possível) da escalada militar se agravar, o que ganhamos nós, europeus, com uma guerra contra a Rússia ? E os Estados Unidos, o que têm a ganhar, para além de apertar o cerco (que é a sua política desde 1945) a um país, que até já renunciou ao comunismo, o grande terror dos americanos ? O senhor Obama (que parece ter perdido a cabeça) anda a prometer o envio de 5 000 homens para a Ucrânia e a entrega de material militar sofisticado a esse país. Para quê ? Para que Putin responda com o envio de 50 000 militares para os confrontar e se dê início, assim, a uma guerra de proporções e com consequências imprevisíveis ? É que a Rússia (que não é o Iraque, nem a Síria) tem -no caso de conflito armado irreversível- meios militares capazes de derreter metade do mundo. Por favor meus senhores, não brinquem com a segurança dos povos ! Portem-se como homens responsáveis, sentando-se à volta de uma mesa para nos garantirem a paz ! Afinal foi também para isso que vos foi dado o poder de que dispõem.


Segundo os jornais de hoje, a nossa Segurança Social vai perder agora mais de 480 dos seus funcionários. O que agrava, fatalmente, a eficiência dos serviços a prestar aos seus milhões de utentes. Enquanto isto se passa, o (des)governo que ainda temos continua a aldrabar-nos com as histórias da carochinha (tão ao gosto do 1º ministro), referentes à baixa do desemprego (estará essa gente convencida de que os portugueses são todos ceguetas ?) e da melhoria da nossa economia. Continuem assim, de triunfo em triunfo até à derrocada final.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O SOBREIRO


«Lá no cimo do montado
. No ponto mais elevado
. Havia um enorme sobreiro...»

CINE-SAUDOSISMO (7)

«DEUS PRECISA DE HOMENS» («Dieu a Besoin des Hommes») é um filme de Jean Delannoy, cujo guião se inspirou nas páginas do mais famoso romance de Henri Quéffelec : «Un Recteur de l'Île de Sein». A acção decorre em meados do século XIX no seio de uma comunidade de ilhéus, que necessita da religião como do pão para a boca e que, todavia, se vê abandonada pelo seu cura. Comunidade que, na ausência de padre, vai designar, desde logo, como seu guia espiritual, o pescador e sacristão Thomas Gourvennec. Um homem que, embora dando razão ao sacerdote prófugo -que abandonara o seu rebanho às tentações do demo, pelo facto de alguns deles se entregarem à pecaminosa pilhagem de embarcações, cujo naufrágio eles próprios provocam- acha que sem o socorro divino não há salvação possível. O sacristão passa, assim, a celebrar a missa, a ouvir as confissões dos seus conterrâneos e a usar das prerrogativas de um verdadeiro pároco. Até que, no continente, as autoridades religiosas se alarmam com essas práticas, que elas consideram sacrílegas. Esta obra-prima da cinematografia francesa foi, ao que parece, rodada durante os anos da ocupação alemã; mas só foi estreada -por razões que se entendem- em 1949/1950. Servida por excelentes actores (Pierre Fresnay, Madeleine Robinson, Daniel Gélin, Andrée Clément, Daniel Ivernel, Sylvie, Jean-Pierre Mocky, etc), distingue-se, igualmente, por uma soberba fotografia a preto e branco assinada por Robert Le Febvre. Fita humanista, «DIEU A BESOIN DES HOMMES» foi premiada em França e no estrangeiro (nomeadamente em Veneza) com prestigiosos prémios. Eu tenho uma fraca cópia videográfica desta película, proveniente de uma gravação da TV gaulesa; e, como inúmeros cinéfilos, aguardo a edição de um DVD com cópia restaurada desta pérola.