segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ADEUS RENÉ VAUTIER

Faleceu ontem em França -seu país natal- o grande cineasta René Vautier. Patriota precoce, juntou-se à Resistência Francesa durante os anos negros da ocupação nazi e, depois da vitória contra os hitlerianos, foi citado pelo general De Gaulle, depois  de ter sido condecorado (quando tinha apenas 16 anos de idade) com a Cruz de Guerra. Enquanto Cidadão do Mundo, René Vautier lutou destemidamente, em todas as frentes, contra a injustiça e contra as desigualdades. Através dos seus filmes e na sua condição de militante comunista, Vautier insurgiu-se contra o capitalismo desbragado, contra o colonialismo, contra o racismo, contra a xenofobia, contra os crimes ecológicos e contra a política da extrema direita francesa. Em relação a esta, à Frente Nacional, chegou a denunciar o seu líder, Jean-Marie Le Pen (num processo que este intentou contra o jornal satírico «Le Canard Enchaîné»), de ter torturado patriotas argelinos durante a guerra da Argélia. Homem de coragem e de convicções, deixou-nos vários livros e uma vasta filmografia (sobretudo constituída por documentários), que vão perdurar como testemunhos importantes da história do seu tempo. As suas películas mais conhecidas são, com certeza, «Avoir Vingt Ans dans les Aurès» (sobre a vida dos soldados de um contingente francês na Argélia em guerra) e «Les Anneaux d'Or» (primeiro filme de Claudia Cardinale, premiado em Berlim com o Urso de Prata). Aqui fica a sentida homenagem de um cinéfilo, que muito apreciou a obra de um Homem (com H grande), de um homem vertical, que, nos seus 67 anos de vida, nunca se dobrou a ameaças, nem a chantagens.

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