domingo, 29 de junho de 2014

PETER STUYVESANT

A notoriedade deste cidadão holandês -que foi o último governador de Nova Amesterdão- deve-se mais ao facto do seu nome ter sido atribuído a uma conhecida marca de cigarros do que propriamente à sua importância histórica. Peter Stuyvesant (1612-1672) era um déspota, sobretudo em matéria religiosa, que ganhou fama na perseguição que moveu -na América do norte- aos membros da comunidade quaker. Stuyvesant era, no entanto, um brilhante administrador, reconhecendo-se os seus méritos no governo da futura Nova Iorque. Colónia da qual os ingleses se apoderaram em 1664. Apesar da derrota que lhe foi infligida pelos britânicos, Peter Stuyvesant obteve licença para permanecer na antiga colónia batava, onde faleceu. Curiosidade : Stuyvesant usava uma perna de pau; recordação dos Portugueses, que ele afrontou num combate naval, disputado ao largo das costas do Brasil.

BACALHAU À MODA CATALÃ

 É sabido : nenhum país do mundo se compara a Portugal, quando se trata de confeccionar pratos à base de bacalhau. A tal ponto, que estão editados por cá livros de culinária que fazem referência a 1000 receitas realizadas com esse peixe dos mares frígidos; que os Portugueses preferem cozinhar depois de um processo de seca específico e da sua posterior demolhagem. Moro numa região próxima da fronteira espanhola e posso testemunhar sobre a afluência de 'nuestros hermanos' (sobretudo nos fins-de-semana) aos restaurantes deste lado da raia. Espanhóis que vêm saborear, a nossa sápida cozinha e, muito especialmente, os nossos pratos de bacalhau. Entre os quais, o 'bacalao dorado' (o Bacalhau á Brás) leva a palma das suas preferências. Isto dito, não pretendo que só por cá se sabe preparar este produto. Longe disso. Eu próprio já provei no estrangeiro receitas excelentes, preparadas com esse gadídeo. Para provar o que digo, aqui vos deixo, hoje, a receita de um bacalhau cozinhado à moda catalã, para 4 ou 5 pessoas. Que eu espero vos agrade.

Ingredientes necessários :

1 kg de bacalhau previamente demolhado;
5 tomates maduros;
1 pimento verde e 1 pimento vermelho;
2 cebolas de tamanho médio;
2 ou 3 beringelas;
1 malagueta desidratada;
azeite extra virgem;
farinha;
louro, tomilho e alho.

Como proceder :

Partir o bacalhau em várias postinhas, retirar espinhas (facultativo) e peles e reservar.
Lavar os tomates, retirar-lhes as pevides e cozê-los. Eliminar toda a água da cozedura e reservar.
Cortar as cebolas e pimentos em finas lamelas e refogá-las em azeite, num tacho. Sem esquecer de juntar o tomate, 1 ou 2 dentes de alho esmagados, o louro, o tomilho e a malagueta esfarelada. Deixe cozinhar durante 5 minutos em lume brando. Lavar as beringelas, cortá-las em rodelas com 1 cm de espessura e dourá-las num pouquinho de azeite.
Colocar a mistura, já preparada, num recipiente de ir ao formo, com um pouco de azeite no fundo. Colocar as ditas rodelas de beringela sobre as postinhas de bacalhau e juntar tudo ao preparado precedente.
Colocar em forno quente durante 20/25 minutos.
Servir com um acompanhamento de batatinhas cozidas.

Pode regar esta refeição com um bom vinho da nossa terra, de preferência tinto.
Bom apetite !

GUERRA JUNQUEIRO VS. D. CARLOS I

Nos derradeiros anos do seu reinado, D. Carlos I foi muito contestado. Nomeadamente pelos militantes e simpatizantes do movimento republicano, apostados em substituir a monarquia por um regime presidencial; no qual os Portugueses pudessem escolher, livremente, a primeira figura da nação. Um presidente que seria substituível pela vontade popular, através de eleições cíclicas e democráticas. Nesse período histórico que precedeu o regicídio, figuras gradas da sociedade lusa, principalmente intelectuais, levantaram a sua voz para criticar duramente o rei e as políticas conduzidas pelos seus ministros. Críticas essas, que nem sempre primavam pela elegância das palavras. Estou-me a lembrar, por exemplo, de um caso protagonizado pelo poeta Abílio Guerra Junqueiro, ocorrido em 1907, que o levou à barra do tribunal. Instituição que acabou por condenar o autor de «A Velhice do Padre Eterno» a 50 dias de prisão, por injúrias dirigidas a Sua Majestade. O pomo da questão foi uma crónica publicada no jornal «A Voz Pública, da qual deixo aqui um excerto, que dizia isto : «Nós somos escravos de um tirano de engorda e vista baixa. É inaudito que o ventre de um porco esmague uma nação e que dez arrobas de sebo achatem quatro milhões de almas. Que ignomínia. Basta !». O mínimo que se pode dizer disto, é que o poeta (que só viria a falecer em 1923) não era homem de meios termos...

sábado, 28 de junho de 2014

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (13)

A fotografia aqui apresentada foi tirada durante um dos intervalos da rodagem de «O Homem que Matou Liberty Valance» («The Man who Shot Liberty Valance»), película que estrearia nas salas de cinema em 1962. Esta fita foi (e resta) uma das melhores obras da filmografia de John Ford e um dos melhores westerns da História desse género tipicamente americano. Da esquerda para a direita podemos ver James Stewart (em traje civil), o supracitado cineasta -que foi o rei incontestado do cinema ambientado no Oeste- e John Wayne; que aqui ainda não largou os seus atributos de cowboy, nem a sua temível carabina Winchester. Presumo que esta fotografia (a preto e branco, tal como o filme) tenha servido, na imprensa, para promover a fita em questão, que foi distribuída pela companhia Paramount Pictures. «O Homem que Matou Liberty Valance» foi um sucesso mundial, apreciado pela crítica e pelo público.

REGRESSO INGLÓRIO

Os rapazes do Mundial já estão de regresso a casa, depois de terem criado tantas expectativas junto dos portugueses que amam o futebol. E que, de toda evidência (continuo a dizê-lo), se interessam mais pelo jogo da bola do que pelo seu próprio destino. A prova é que continuam naquela onda palerma do «reduz o meu ordenado e os meus direitos, se quiseres, mas, pelas alminhas, não me prives de futebol». Enfim, depois de uma campanha de intoxicação, onde se prometeu tudo, até a possibilidade de trazer o cobiçado caneco para Portugal, veem-nos dizer agora aquilo que os mais lúcidos já haviam topado : a selecção lusa de futebol não tinha valor competitivo suficiente para estar na fase final da Copa. Porque está velha, cansada, usada. E tudo o mais são cantigas. Quero referir, no entanto, que a sua eliminação não é um drama nacional. E que depois do desaire brasileiro, ninguém -que goste deste país que é o nosso- tem de se envergonhar de ser português. Ámen.

NO TEMPO EM QUE TRABALHAR (AINDA) ERA UMA VIRTUDE... E UMA ACTIVIDADE COMPENSADORA

////////// Trabalhai, dobrai o corpo
Se quereis ter algum bem.
Olhai que nas eras de hoje,
Quem não trabalha não tem.

Compilei esta quadra popular de um velho livro de leitura para a 4ª classe de instrução primária. E dela depreendi o óbvio : se quiseres ser rico, atira-te ao trabalho; porque só o trabalho compensa. Acontece que, nos nossos dias, isso já não é uma verdade absoluta. Agora, se quiseres ser rico e não souberes jogar futebol, investe no Euromilhões e espera que a sorte te bafeje. Ou então (e esta é a melhor opção), escolhe um partido do 'arco da governação', torna-te seu militante, põe-te em bicos de pés, larga umas larachas e adula os líderes. Assim, terás muitas oportunidades para arranjar um tacho e para ganhares umas massas. Sem teres necessidade de dobrar a cerviz para produzires riqueza. Porque a riqueza que produzires trabalhando, vai inteirinha para os bolsos do teu patrão e para os cofres do Estado, sob forma de impostos e de taxas. Meu Deus ! Como os tempos mudaram...

OS 'MAIALE' DO PRÍNCIPE BORGHESE

Esta ilustração mostra dois 'maiale' aproximando-se (discretamente) do casco de um vaso de guerra inimigo; navio que os tripulantes dos mini-submarinos se preparam para destruir ou para avariar seriamente. O 'maiale' foi uma arma subaquática inventada na Itália fascista, desenvolvida pela 'Regia Marina' e utilizada durante a 2ª Guerra Mundial pelos transalpinos. Consistia, 'grosso modo', num pequeno engenho submarino, capaz de transportar dois homens-rãs. A parte dianteira do 'maiale' continha uma forte carga explosiva e separava-se do resto do engenho para ser fixada no bojo dos navios adversos. Depois de executada essa delicada manobra, os tripulantes afastavam-se para evitarem os efeitos devastadores da explosão. A carga era detonada por um simples sistema de relojoaria. O chefe desses militares de elite da armada italiana foi o príncipe Valerio Borghèse; um capitão-de-corveta, que obteve sucessos com os 'maiale' (termo que significa porco, na língua portuguesa) em Gibraltar, onde esses engenhos afundaram -no dia 21 de Setembro de 1941- dois cargueiros do inimigo e no porto de Alexandria, no Egipto, onde -a 18 de Dezembro do mesmo ano- danificaram os couraçados britânicos «Valiant» e «Queen Elizabeth». A partir de então, a eficácia dos 'maiale' diminuiu bastante, devido às medidas de prevenção tomadas pelos adversários da Itália mussoliniana. Vários filmes ilustraram as proezas dos 'maiale'. O mais famoso de todos eles, que eu nunca consegui ver, infelizmente, foi realizado em 1953 por Duílio Coletti e intitulou-se «Os Sete da Ursa Maior» («I Sette dell'Orsa Maggiore»).

sexta-feira, 27 de junho de 2014

«TARTARIN DE TARASCON»

Há muitos anos, tive a oportunidade de ver (num canal da TV francesa) o filme «Tartarin de Tarascon», realizado em 1934 por Raymond Bernard. Película na qual o inexcedível Raimu encarnou o famosíssimo e imaginativo caçador de leões, descrito por Alphonse Daudet no seu romance homónimo. Lembro-me de ter gostado muito de ter visto essa fita, experiência que, depois disso, não pude repetir. Infelizmente ! Aqui há dias deparei-me com a possibilidade de ver, de novo, «Tartarin de Tarascon». Não a película original que citei, mas um ‘remake’ datado de 1962, onde o actor e humorista Francis Blanche protagoniza o fanfarrão e mitómano meridional, constrangido -para não perder a face perante os amigos- de rumar a África… para caçar o leão do Atlas. Fiquei desiludido, até certo ponto, porque achei que esta mais recente fita não correspondeu ao que eu dela esperava. E que a dita não estava à altura da sua antepassada dos anos 30 do século transacto. No entanto, não dei por perdido o tempo que passei a visioná-la (em DVD, obviamente), até me regalando, por vezes, com alguns dos diálogos adaptados pelo já citado Francis Blanche e por Yvan Audouard. E, dos momentos finais, retive o engraçado comentário de anónimo comentador : «Non Messieurs, dames. Non Messieurs, dames ! Il n’y a pas de menteurs dans le Midi; Pas plus à Tarascon, qu’à Nîmes, qu’à Toulouse, qu’à Marseille. L’homme du Midi ne ment pas, il se trompe. Son mensonge à lui, ce n’est pas un mensonge; c’est une espèce de mirage. Le seul menteur, s’il y a un, c’est le soleil».

segunda-feira, 23 de junho de 2014

CAMPEÕES !!!

Está-se ainda na primeira fase da Taça do Mundo de futebol e o previsível (salvo para os 'peritos') aconteceu : a selecção portuguesa da modalidade já está com um pé (e meio) fora da competição. Por falta de combatividade e de atitude; como ontem ficou demonstrado no jogo que «a equipa de todos nós» disputou com a modesta formação estadunidense. O rapazes (mesmo aquele que a imprensa e a quase generalidade da opinião pública deificou) estão extremamente cansados e parece já terem o espírito nas férias, a passar numa ilha paradisíaca, com praias de águas cálidas, palmeiras, mulheres de sonho e outros prazeres de milionários. Nós até os compreendemos. O que não valeu realmente a pena foi todo o alarido feito à sua volta e a utópica ideia de os ver sagrados campeões do mundo. Enfim, daqui a quatro anos os seus sucessores farão (certamente) melhor. É só aguardar... Enquanto isso, desportistas lusos de modalidades desprezadas pelos jornais, rádios e televisões vão acrescentando à glória deste país de sonhadores. Por isso, quero aqui lembrar que ontem, no leste europeu, o ciclista Tiago Machado ganhou brilhantemente a volta à Eslovénia, superando alguns atletas de relevo, tais como o russo Zakarin e o italiano Rabottini. Parabéns, pois, ao ciclista de Vila Nova de Famalicão (um antigo colega de equipa de Lance Armstrong, o que já nem é uma referência), que, com esta sua vitória no estrangeiro, muito honrou a sua disciplina desportiva e as cores verde-rubras do seu país. Também quero deixar aqui o meu apreço pela 'performance' de Rui Costa, campeão do mundo de estrada, que, também no dia de ontem, se sagrou -pela terceira vez consecutiva- vencedor da volta à Suíça. Proeza que, no passado, só foi igualada pelos campeoníssimos Ferdinand Kubler e Hugo Koblet. Curiosamente, o mundo é assim feito : enquanto a imprensa de hoje se foca na derrota dos futebolistas (com títulos garrafais nas primeiras páginas dos jornais e muitas fotografias), os êxitos dos nos nossos ases do pedal são remetidos para o interior dos ditos quotidianos e descritos em três ou quatro pouco entusiasmantes linhas. Toma !

domingo, 22 de junho de 2014

AS MINHAS CANÇÕES PREFERIDAS


«LES TROIS CLOCHES»


Village au fond de la vallée
Comme égaré, presque ignoré
Voici qu´en la nuit étoilée
Un nouveau-né nous est donné
Jean-François Nicot il se nomme
Il est joufflu, tendre et rosé
A l´église, beau petit homme
Demain tu seras baptisé

Une cloche sonne, sonne
Sa voix, d´écho en écho
Dit au monde qui s´étonne :
"C´est pour Jean-François Nicot
C´est pour accueillir une âme
Une fleur qui s´ouvre au jour
A peine, à peine une flamme
Encore faible qui réclame
Protection, tendresse, amour"

Village au fond de la vallée
Loin des chemins, loin des humains
Voici qu´après dix-neuf années
Cœur en émoi, le Jean-François
Prend pour femme la douce Elise
Blanche comme fleur de pommier
Devant Dieu, dans la vieille église
Ce jour, ils se sont mariés

Toutes les cloches sonnent, sonnent
Leurs voix, d´écho en écho
Merveilleusement couronnent
La noce à François Nicot
"Un seul cœur, une seule âme"
Dit le prêtre, "et pour toujours
Soyez une pure flamme
Qui s´élève et qui proclame
La grandeur de votre amour"

Village au fond de la vallée
Des jours, des nuits, le temps a fui
Voici qu´en la nuit étoilée
Un cœur s´endort, François est mort
Car toute chair est comme l´herbe
Elle est comme la fleur des champs
Epis, fruits mûrs, bouquets et gerbes
Hélas, tout va se desséchant

Une cloche sonne, sonne
Elle chante dans le vent
Obsédante et monotone
Elle redit aux vivants :
"Ne tremblez pas, cœurs fidèles
Dieu vous fera signe un jour
Vous trouverez sous son aile
Avec la vie éternelle
L´éternité de l´amour"

Esta belíssima canção francesa tem letra e música de Jean Villard e foi cantada, pela primeira vez, em 1939. É uma canção que descreve a natural passagem do tempo pela vida de um aldeão das montanhas do Jura, ritmada pelos diferentes toques do carrilhão da igreja local : o toque alegre que assinala o seu batizado, o toque festivo que celebra a sua boda (com a doce Élise) e aquele que tristemente, inelutavelmente, assinala o seu enterro. Esta canção foi divulgada nos Estados Unidos, aquando de uma memorável digressão de Edith Piaf com o grupo coral Les Compagnons de la Chanson e teve, depois disso, a sua versão americana. Que se intitulou localmente «Little Jimmy Brown»/«The Three Bells» e que por lá foi cantada (e gravada) por inúmeros e consagrados artistas, tais como Frank Sinatra, Ray Charles, Roy Orbison, The Browns, etc. Em França, para além dos já citados, a canção «Les Trois Cloches» ('Os Três Sinos') foi magistralmente interpretada por Mireille Mathieu e pelo grupo La Compagnie Créole, entre outros. Curiosamente, em 2006, também a senhora Micheline Calmy-Rey ~presidente da Confederação Helvética- a cantou em público numa emissão da TV suíça. Aqui deixo uma gravação encontrada no You Tube com uma versão tardia da dita melodia; que põe em relevo toda a classe e profissionalismo de Piaf e dos Compagnons, mas que também demonstra quanto humor tinha a 'Môme', a inesquecível intérprete de «Les Trois Cloches», mas também de «La Foule», de «Non, Je ne Regrette Rien», de «L'Hymne à l'Amour», de «Milord» e de tantos outros sucessos planetários. Nota final : o solista dos «Compagnons de la Chanson é o portentoso tenor Fred Mella, nascido em 1924 e que, felizmente, ainda se encontra entre  nós.
 

https://www.youtube.com/watch?v=mbQUuTQuYoU

A MODA JACTO

A década de 50 do passado século foi fortemente marcada pela chamada aviação de jacto; quando os aviões equipados com reactores começaram a substituir maciçamente -nas forças aéreas do mundo inteiro- os seus congéneres equipados com motores de pistões. Foi igualmente na segunda metade dessa década, que os jactos comerciais (Comets, 707, Tu-104 e Caravelles) se alinharam para substituir, em grande escala, os aviões de propulsão clássica; que, em meados da década seguinte, já eram coisa do passado. Curiosamente, a 'moda dos jactos' influenciou (sobretudo nos Estados Unidos) outras áreas da actividade industrial, manifestando-se descaradamente no 'design' de automóveis, de comboios, etc. A título de curiosidade, aqui deixo duas fotografias que são exemplo flagrante desse contágio. A primeira delas mostra um carro desportivo Pontiac 'Firebird Two' construído e posto à venda em 1957. Automóvel cujas linhas foram, de toda evidência, largamente inspiradas pelos novos aviões. A segunda foto é, também ela, o exemplo acabado dessa moda. A locomotiva do Aerotrain, um comboio norte-americano desse tempo, lembra a fuselagem e o habitáculo de um dos jactos a que nos referimos. Quero lembrar, ainda, que apenas cinco locomotivas deste tipo foram construídas. Uma delas sobreviveu às agruras do tempo e está, hoje, exposta no National Railroad Museum, de Grey Bay, no estado de Wisconsin.

CARA GASOLINA...

////////// O carburante dos automóveis vai sofrer novo aumento de preço. Já amanhã ! -O assalto (consentido) aos bolsos dos portugueses continua...

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A ILHA NEGRA

Que mistério encerra esta fortaleza erigida no meio do oceano ? O sagaz Tintin (e Milou, o seu fiel companheiro de quatro patas) não tardará (não tardarão) a desvendá-lo. Este desenho de Hergé foi extraído do álbum «A Ilha Negra», que é, cronologicamente falando, o sétimo das extraordinárias aventuras deste famoso herói da B.D.. Tenho a obra completa, numa edição especial lançada pela editora Casterman, aquando do 70º aniversário do aparecimento de Tintin.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (12)

Esta fotografia -que data de 1910- mostra o cruzador «Sam Gabriel», da Armada Portuguesa. Infelizmente, não se vislumbra a bandeira de popa, de modo que não é possível estabelecer se esta imagem é anterior ou posterior à queda dos Braganças. Este navio era, então, uma das mais poderosas unidades da nossa marinha de guerra. Apesar da sua modernidade, note-se o detalhe curioso (e algo anacrónico) das velas desfraldadas. Este vaso de guerra foi construído em 1897 nos estaleiros Augustin Normand, do Havre (França) e integrou os efectivos da Armada no ano seguinte. Deslocava 1 771 toneladas e media 73,78 metros de comprimento por 10,82 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina a vapor desenvolvendo uma potência de 4 000 hp e pelas velas auxiliares que se podem observar nesta velha fotografia. A sua velocidade máxima era de 17,5 nós. Blindado (daí a sua designação de cruzador protegido), este navio estava armado com 16 peças de artilharia de vários calibres, de entre as quais se destacavam 2 canhões de 150 mm e 4 outros de 120 mm. A sua tripulação era constituída por 242 homens, oficiais, sargentos e praças. Os três episódios mais importantes da vida deste cruzador foram os seguintes : entre 1909 e 1910, o «Sam Gabriel» foi o primeiro navio moderno português a realizar uma viagem de circum-navegação; nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910, tomou parte activa no golpe militar que depôs a monarquia constitucional e implantou o regime republicano, chegando a bombardear o Terreiro do Paço e o Palácio das Necessidades; em 21 de Outubro de 1911 protagonizou um encalhe na foz do Ave. Recuperado, manteve-se ao serviço até 1924, ano em que foi dado como obsoleto e desactivado. Posteriormente, foi desmantelado. Este navio teve um gémeo, o «Sam Rafael», que se afundou acidentalmente em 1911.

COISAS BOAS DA SICÍLIA

Tenho saudades da Sicília, terra onde passei umas excelentes férias, já lá vão uns bons 25 anos... Tendo-me hospedado no hotel Costa Verde, situado nas proximidades de Cefalú, fiz, a partir dessa antiga urbe, várias viagens através dessa grande ilha do Mediterrânico. Desde Palermo, na costa ocidental, até Catânia (e o Etna) na extremidade oriental. Recordo-me de ter desfrutado da gastronomia local e lembro-me de boas refeições tomadas (na companhia da minha mulher, do Rui e da Annick) na capital e num restaurante situado a escassas centenas de metros da principal cratera de um dos mais famosos e fogosos vulcões da Europa. Um restaurante que, segundo me foi dito, arde periodicamente, todas as vezes que o Etna começa a espirrar fumo e lava. Boas recordações, sem dúvida. Até porque foi durante essa estadia que travei amizade com um casal francês -o Daniel e a Solange- com o qual, eu e a minha esposa, fizemos amizade. Até hoje. Em memória desses tempos, aqui quero deixar um 'souvenir' siciliano : um delicioso 'antipasto' vegetariano, umas beringelas cozinhadas à moda da ilha (que coisa boa !) e uma garrafinha de tinto criado nas faldas do vulcão. Bom apetite !

A PROPÓSITO DE «IRACEMA»

Durante a minha adolescência e primeiros anos de adulto, fui um leitor compulsivo. Que devorava (literalmente) tudo o que apanhava à mão : livros, jornais, revistas. Lia de tudo, obras interessantes e coisas com as quais, penso agora, não valia realmente a pena perder tempo. Entre os livros bonitos que li, nessa já longínqua época, figuram sem dúvida as obras que constituem a trilogia indianista de José de Alencar, o famoso literato cearense. Recordo-me, com particular saudade, de «Iracema», livro que eu cheguei a adquirir, tal como as outras duas obras da supracitada trilogia : «O Guarani» e «Ubirajara». De «Iracema» guardei, para além da história propriamente dita, a recordação de um livro escrito numa prosa deliciosamente bela, a roçar o poético; o que me muito me impressionou e maravilhou. A voragem do tempo -e algumas mudanças de domicílio- levaram-me todos esses livros, à excepção de «O Guarani»; que pelo facto de ser um livro de maior porte (ao contrários dos dois outros, que eram edições de bolso), ainda conservo. Qualquer dia, verei se ainda me é possível adquirir os romances em falta e numa versão barata. Porque os tempos estão maus (como toda a gente sabe) e já vai faltando o dinheiro para o básico. «Iracema», título que evoca a heroína ameríndia desse romance de Alencar, também conhecida como a 'virgem dos lábios de mel', tornou-se, posteriormente, uma das figuras emblemáticas do estado do Ceará; que a louvou e até lhe levantou estátuas. Quanto a Moacir, seu filho, fruto dos amores de Iracema com um pioneiro luso, representa -também simbolicamente- o primeiro cearense. Aliás esta mitologia foi sugerida pelo próprio José de Alencar, que deu o subtítulo de «Lenda do Ceará» a essa sua obra épico-lírica. Na qual o autor propõe a valorização do exótico, transformando o Nordeste dos primeiros tempos da colonização portuguesa num lugar belo e paradisíaco. Já agora, aqui fica uma sugestão de leitura para todos aqueles que têm a infinda paciência de passear por este inclassificável blogue. A segunda imagem anexada é uma estátua representando Iracema. Foi levantada, em 1996, numa praia da cidade brasileira de Fortaleza (Ceará), que tomou o nome da heroína em questão. Não é a única existente nessa cidade a imortalizar Iracema, pois, em 2004, foi erigida em sou louvor um outro monumento, em plena lagoa da Messejana.

ARTE PICTÓRICA PORTUGUESA DO SÉCULO XX

Esta belíssima obra -um óleo sobre tela, datado de 1919- é da autoria do grande pintor modernista luso Eduardo Viana (1881-1967); que a intitulou «O Rapaz das Louças». Avesso à fama e a toda a espécie de elogios e homenagens, este pintor só passou a ser conhecido da generalidade dos portugueses, graças a uma exposição póstuma (organizada em 1968), que revelou, enfim, a sua real dimensão artística.

A GRANDE DUNA DE PILAT

Este sítio natural -que recebe, anualmente, cerca de 1 milhão e meio de turistas- está situado na costa da Aquitânia. Debruçada sobre o golfo da Biscaia (ao qual os franceses também gostam de chamar golfo de Gasconha) esta duna de areia fina surpreende pela sua amplitude, pois culmina a 107 metros. Faz parte de um conjunto de mais de 1 000 dunas, das quais 47 se elevam a uma altura compreendida entre os 70 e 100 metros. Mas a duna de Pilat (que é a mais alta da Europa) é, de longe, a mais espectacular, já que do seu topo se avistam os vastos pinhais das Landes e a belíssima baía de Arcachon, famosa pela sua riqueza em ostras e outras espécies de bivalves (mas não só) comestíveis. Por incrível que possa parecer, eu passei muitas dezenas de vezes nas cercanias da duna de Pilat (hoje considerada 'sítio natural de interesse paisagístico e científico') sem me dignar visitar este verdadeiro fenómeno da natureza. E estou, obviamente, arrependido. Até pelo facto de, provavelmente, já não ter outra oportunidade para o fazer...

ASSIM VAI O MUNDO...

A Espanha tem um novo rei. Felipe VI foi, com efeito, coroado ontem, durante uma cerimónia realizada nas Cortes; que se quis mais discreta e contida do que seria de esperar em tais circunstâncias. No seu discurso, o novo soberano assumiu-se como símbolo da unidade de um país soberano e indivisível, «onde cabem todos». E prometeu honestidade, integridade e autoridade moral, virtudes que, nestes últimos tempos, têm faltado à monarquia e tanto a têm descreditado. Felipe VI -que dirigiu saudações a todos os povos de Espanha em castelhano, em catalão, em basco e em galego- jurou defender a Constituição e fazer respeitar os direitos de todos os cidadãos e das comunidades autonómicas. Tudo isto, não impediu, porém, que a forte facção republicana manifestasse nas ruas de Madrid o seu descontentamento e exigisse um referendo sobre um assunto que já não é novo : Monarquia ou República ? Muitos dos contestatários, interrogados pelos jornalistas presentes na capital espanhola, avançam um argumento que, quanto a mim, não tem fundamento; que é o dos gastos incorridos pela Casa Real, que custam milhões de euros por ano ao erário público. E eu não concordo, pelo facto, já provado, de que as funções do nosso presidente da República custarem incompreensivelmente muito mais (quase o dobro !) aos cofres do Estado. Sou republicano por profunda convicção, mas confesso (sem complexos) que nutro alguma simpatia pelo novo soberano de Espanha; que me parece ser um homem muito mais recatado e rigoroso do que seu pai e capaz de dar de Espanha (que aquilo que mais necessita, neste momento, é de paz social) uma imagem renovada. As forças jiadistas do Iraque, lançaram, há semanas atrás, uma ofensiva imparável, que se saldou pela conquista de várias cidades importantes do país. E prosseguem o seu avanço sobre Bagdade, que é o objectivo final dos tais extremistas islâmicos. Toda a gente sabia (menos os estrategos dos Estados Unidos) que isto era inevitável, desde o malfadado dia em que George Bush Jr. deu o fatal pontapé num vespeiro chamado Sadam Hussein. Dessa aventura saiu derrotado um regime ditatorial e iníquo. Mas, pergunto eu, para ser substituído por quem e por quê ? Perante o que se vê, e na minha modesta opinião, por gente mil vezes pior do que o falecido déspota. A 'pax americana' nunca é duradoura e o modelo político imposto ao país não é exportável para aquelas bandas; só poderia ser transitório. Duraria, apenas, o tempo da ocupação militar do país pelas tropas ocidentais. O mesmo está a acontecer na Líbia, o mesmo acontecerá proximamente no Afeganistão e ocorrerá na Síria, se Assad for deposto. As tradições locais ligadas à detenção do poder nesses países são diferentes das nossas e a maioria dos habitantes desses lugares ainda não está preparada para viver em democracia, tal como nós, ocidentais, a concebemos e praticamos todos os dias. Estou convencido que só com o tempo e por iniciativa interna (sem imposição estrangeira) isso acontecerá. Entretanto, prosseguem os combates e as atrocidades. E continua o martírio de milhões de pessoas, cuja aspiração é só uma : viver em paz e em segurança. E não num país devastado pela guerra ou em terra alheia, em miseráveis acampamentos de refugiados. A Taça do Mundo de Futebol terminou brusca e ingloriamente para 'la Roja', a campeoníssima selecção de Espanha. Depois do vexame sofrido contra os Países-Baixos e do desaire no jogo disputado com o Chile, os atletas espanhóis (por cansaço, segundo me pareceu) renunciaram ao ceptro e ao brilho que os distinguia e que fazia deles a mais temível formação nacional da modalidade. Mas (e esta é a minha opinião), desenganem-se aqueles que pensam que esta potência futebolística -campeã do Mundo e bicampeã da Europa- está acabada. A Espanha, nação com mais de 1/2 milhão de km2 e com mais de 40 milhões de habitantes, tem muitíssimas reservas e ressurgirá, muito brevemente, num dos lugares de liderança do chamado desporto-rei. É só uma questão de tempo. Quero também aqui dizer quanto achei injusto o tratamento infligido ao guarda-redes Iker Casillas; que, de um momento para o outro, passou de bestial a besta. Sem que tal se justifique. Este jogador -que começou a brilhar no plantel do Real Madrid com apenas 17 anos de idade- merecia mais respeito por parte dos adeptos de futebol e por parte dos jornalistas. Que parece não compreenderem o inevitável : todos os futebolistas, mesmo os mais dotados, têm o seu tempo de validade; e não escolhem, eles próprios, integrar os efectivos da selecção nacional.

terça-feira, 17 de junho de 2014

RECORDAÇÕES (10)

Na minha juventude nutri uma verdadeira paixão pela aviação -comercial, militar, desportiva- e, sempre que podia, acorria aos festivais aéreos e manifestações afins, que ocorressem em lugares ao alcance do meu modesto automóvel. Sobretudo, se esses fascinantes espectáculos se desenrolavam no norte de França, onde eu então residia, ou em Paris e na região envolvendo a capital de França. Recordo-me de um dia ter tomado conhecimento da participação num desses 'meetings' (realizado em Saint Valéry-en-Caux, uma cidadezinha costeira da Alta Normandia) de aviões caça da força aérea soviética. E como se tratava de aparelhos de um modelo que eu jamais vira voar (MiG 23 ou MiG 27 ?), lá fui com a família, que, sem interesse pelo assunto, terá ficado numa praia vizinha, enquanto eu escrutava o éter para ver passar os supersónicos em questão. Já não me recordo da data desse festival aéreo, embora tenha a certeza de não mentir, se afirmar que terá acontecido lá para meados da década de 70 do passado século. Depois de ter regalado a vista com a evolução desses ensurdecedores aparelhos e de outros (inclusivamente com os Fouga Magister da Patrulha de França), dirigi-me para os 'stands', onde, geralmente, são propostos ao público recordações do festival em curso e muitas coisas : livros, revistas, cassetes vídeo, maquetas de aviões, etc, etc. E qual não foi a minha surpresa, quando num desses abrigos provisórios fui topar com um velhinho chamado Maurice Bellonte; que haveria de falecer pouco tempo depois, em Janeiro de 1983. Para justificar a minha surpresa, direi que Bellonte (que ali estava a promover a venda de um dos livros da sua autoria e a assinar autógrafos) é um dos pendentes franceses do nosso ilustre aviador Gago Coutinho. Com efeito, Maurice Bellonte (navegador) formou com o piloto Dieudonné Costes a equipagem que -em Setembro de 1930- realizou o primeiro voo transatlântico sem escalas, no sentido Este-Oeste. Viagem, entre Paris e Nova Iorque, que os supracitados realizaram em 37 h 14, a bordo do Bréguet 19 'Point d'Interrogation'. Curioso é saber, que este pioneiro da aviação (um veterano da 1ª Guerra Mundial), foi o convidado de honra da Air France, quando esta companhia inaugurou, em 1977, os seus voos no Concorde entre a Cidade Luz e a Cidade dos Arranha-Céus. Viagem que esse supersónico comercial de concepção e construção franco-britânica passou a realizar em apenas 3 h 30 ! Quero dizer, para terminar esta narração, que, por excesso de timidez, não fui falar com Maurice Bellonte e que, por consequência, não lhe pedi que me autografasse o seu livro. Hoje, estou arrependidíssimo dessa atitude que então tomei e que me privou de dialogar com uma das grandes figuras da História da Aviação. Nas fotos anexadas podem ver-se : 1-Bellonte (à esquerda) e Costes. 2- O avião Bréguet 19 'Point d'Interrogation', que realizou a histórica viagem. Perfeitamente restaurado, este aparelho faz parte do espólio do Musée de l'Air, Le Bourget.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

DERROTA ESTRONDOSA DA SELECÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL

A selecção portuguesa de futebol foi humilhada pela sua congénere alemã, no seu primeiro jogo da Taça do Mundo. Congénere alemã, que reduziu a formação capitaneada por Cristiano Ronaldo à sua insignificância. O domínio total do jogo e 4 golos marcados (quando poderiam ter sido 5 ou 6) a Rui Patrício (que só deu 'barraca', passe o termo) ditaram a sorte do jogo e revelaram a impreparação dos nossos para defrontar uma verdadeira equipa de futebol; que tem o pudor e o mérito de não andar a chatear com 'slogans' de chacha, nem de se apoiar numa única individualidade. Porque, que eu saiba, o futebol não é uma disciplina individual, mas um jogo colectivo, um jogo de equipa. Em que todos contam e devem ter os mesmos estímulos. Que esta pesada derrota sirva de exemplo para fazer baixar a garupa aos manipuladores da TV, da rádio e do resto da imprensa, cujos comentários da treta, não passam de isso mesmo. De uma perfeita falácia. Gostar de Portugal e do seu prestígio desportivo não tem que passar pelas estimativas e comentários patetas (e patéticos) que nos têm andado a impigir de há várias semanas a esta parte. Não é verdade ! Portugal não tem força, actualmente, para competir com os verdadeiros candidatos ao título mundial. E tudo o resto é conversa fiada... A senhora Merkel pode continuar a gratificar-nos com o seu sorriso pepsodent; porque, em boa verdade, os futebolistas do seu país são superiores aos nossos. E de longe...

FUTEBOL : O PORTUGAL-ALEMANHA JOGA-SE HOJE

Hoje é dia grande para os fãs (palavra que, é bom lembrar, deriva de fanático) portugueses de uma modalidade que se tornou, indubitavelmente, desporto-rei no planeta Terra. Isso, devido às incontáveis multidões que mobiliza e graças aos milhões de dólares que mete nos bolsos de alguns. Joga-se neste dia, com efeito, no Arena Fonte Nova (ignoro a razão porque agora, cada vez com maior frequência, se dão nomes próprios da tauromaquia aos recintos onde se joga a bola), de Salvador da Baía, o primeiro desafio da equipa liderada por Cristiano Ronaldo; que ali defronta a poderosa selecção alemã, uma das mais sérias candidatas ao título de campeã mundial. Por volta das 19 horas (de Portugal) já saberemos se o alarme generalizado criado (pelos media) em volta desta acontecimento desportivo valeu a pena; ou se, uma vez mais, a montanha pariu um rato e o evento não era merecedor de tanto alarido. Eu -que sou apreciador de futebol, só pelo prazer que o jogo proporciona- cá estarei (como muitos milhões de outras pessoas) diante do meu receptor de televisão, para ver evoluir os Hércules dos tempos modernos. Não aposto em nenhuma das equipas, porque sei (desde pequenino) que a lógica futebolística é uma batata. Mas que gostaria que os rapazes orientados por Paulo Bento infligissem uma derrota sem apelo à Alemanha (que se exibirá diante da senhora Merkel), lá isso gostaria. Só cá por coisas; e entre elas, porque o futebol também é uma óptima terapêutica para curar frustrações...

ESPECIARIAS

Cor, ardor, sabor - Os três pontos fortes da gastronomia baiana são assegurados pelo uso adequado de especiarias de produção local. O segredo dessa tão apreciada culinária do norte do Brasil está, com efeito, associado ao conteúdo destes frascos. Que está sempre ao alcance das mãos das afamadas cozinheiras das terras do candomblé.

domingo, 15 de junho de 2014

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

///////////////////////// QUANDO EU SONHAVA         

Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora, que estou desperto,
Agora a vejo fixar...
Para quê? - Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava - mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não na conhecia ...

*Almeida Garrett, in «Folhas Caídas»*

Almeida Garrett (1799-1854) foi uma das figuras de proa da literatura portuguesa do século XIX. O celebrado autor de «Frei Luís de Sousa», de «Viagens na Minha Terra» e de «Folhas Caídas» também foi um distinto político; que, pela eloquência dos seus discursos, marcou a sua época.

OUTUBRO NEGRO EM BD

Este álbum de banda desenhada (para adultos) intitula-se «Octobre Noir» e é o segundo tomo de uma colecção chamada 'Les Mystères de la 5ème. République'. Editado pela Glénat, é da autoria de Philippe Richelle (texto) e de François Ravard (ilustrações); que aqui contam uma história fictícia, mas situada num contexto real e ainda um tanto ou quanto tabu : o dos acontecimentos de Outubro de 1961, ocorridos em Paris (em pleno período da guerra da Argélia), durante os quais os serviços secretos franceses e a polícia local massacraram um número elevadíssimo (mas ainda hoje indeterminado) de militantes e de simpatizantes da F.L.N.. O interesse desta série foi reconhecido pelos leitores de B.D., que compraram cerca de 100 000 exemplares dos dois primeiros tomos. Tenho alguma curiosidade em ler esta obra sobre um tema ainda pouco divulgado em França. Certamente porque lembra uma página sombria -e maculada de sangue- da sua História contemporânea. Preço médio praticado em 'sites' da Internet : 14 euros.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (11)

Esta fotografia foi tirada no ano de 1886, pouco depois da rendição de Gerónimo -o famoso chefe dos Apaches do Sudoeste- às autoridades militares norte-americanas. A submissão deste caudilho pele-vermelha, que foi um dos derradeiros líderes ameríndios a reconhecer a sua derrota face ao poder de Washington, estabeleceu-se, entre as partes, na base de promessas que os brancos traíram imediatamente após a sua captura. Na última fase da chamada guerra Apache, os efectivos de Gerónimo nunca ultrapassavam o número de 20 guerreiros (mal armados e esfomeados) e o exército mobilizado especialmente para o combater ascendia a 5 000 homens. Esta tropa, colocada sob o comando superior de um general (Nelson Miles), estava dotada com armamento moderno e com equipamento operacional de transmissões sofisticado para o tempo. Gerónimo (que, nesta foto, está na primeira fila e é o quarto a contar da esquerda para a direita) foi aqui retratado aquando de uma breve paragem do comboio militar que o conduziu (com o seu grupo de temidos guerreiros) para o desterro, na Florida. De onde foi transferido, mais tarde, para a reserva de Fort Sill, no actual estado de Oklahoma). O último resistente das 'nações dos homens vermelhos' morreu ali a 17 de Fevereiro de 1909.

NA EXTREMADURA PROFUNDA

Ontem passei grande parte do dia (e da noite) em Aceuchal, uma cidadezinha da Extremadura profunda. Esta localidade espanhola está situada a algumas dezenas de quilómetros a sudeste de Badajoz -em plena Terra de Barros- e tem uma população que ultrapassa os 5 500 habitantes. Gente simpática e acolhedora, que convidou o orfeão da comunidade a que pertenço a participar no seu III Concerto de Primavera, que também contou com as participações do agrupamento similar local -o Coral Nuestra Senõra de la Soledad- da Banda Municipal de Música e com a presença de mais um grupo polifónico covidado, o Coral Santa María de la Montaña, de Cáceres. Tudo se passou pelo melhor e, no final da noite, houve uma confraternização gastronómica (que é tradicional nestas ocasiões), durante a qual todos os presentes foram obsequiados com deliciosas especialidades da terra. Este género de manifestações (de carácter cultural e convivial) tem o condão de quebrar o isolamento ao qual nós -alentejanos do interior- fomos condenados por décadas e décadas de abandono do poder central; que nos privou (assim como todos os outros portugueses que fizeram a opção de viver nas suas terras do 'deserto', como tão simpaticamente lhes chamou um senhor ministro) de ter e viver uma existência menos sacrificada e menos medíocre. Estas visitas a outras regiões do nosso país e da vizinha Espanha, ajudam-nos, por outro lado, a compreender quanto a diferenciação entre gentes do litoral e/ou do estrangeiro é injusta para alentejanos, transmontanos e gentes da Beira Interior, de onde os últimos governos têm levado tudo : escolas, centros de saúde, tribunais, repartições de finanças, etc, etc. O que acentua a desertificação e as injustiças. Não conhecia Aceuchal. Para falar verdade, nem nunca antes tinha ouvido falar desta localidade rural, especializada na cultura intensiva de alhos e que está rodeada de olivedos e vinhas a perder de vista. Hoje sei mais. Sei que Aceuchal é uma cidadezinha viva, com numerosa juventude e que, apesar da crise, tem notável actividade comercial. À noite, os muitos e animados cafés e cervejarias  do centro estão repletos de gente; que confraternizam até às tantas. Coisa que aqui para as minhas bandas já não se vê, infelizmente. Também aprendi qualquer coisa sobre a História de uma localidade da qual nunca ouvira falar antes. O que é positivo. Sei, por exemplo, que Aceuchal foi mandada fundar e povoar (no século XII) pelo rei de Afonso XI de Leão e Castela e que, durante a conquista das Américas, alguns dos filhos de Aceuchal participaram activamente na descoberta e desenvolvimento de alguns países do Novo Mundo. Isto é, talvez, muito pouco, mas, só por si e do meu ponto de vista, torna-se relevante, tem a sua importância... Uma das coisas mais curiosas que vi nesta localidade da província de Badajoz foi a estátua do mercador de alhos; personagem humilde, mas que projectou o nome de Aceuchal através de todas as terras de Espanha, onde exerceu o seu negócio. E que, dessa forma, mereceu o agradecimento dos seus conterrâneos, que lhe mandaram erigir esse singular monumento. Mais uma reflexão : por cá é muito raro perpetuar na pedra ou no bronze a memória dos trabalhadores humildes. Curioso, não é verdade ? Num país que se diz livre e democrático...

sexta-feira, 13 de junho de 2014

AS MINHAS CANÇÕES PREFERIDAS : «SUR LES QUAIS DU VIEUX PARIS»


Creio já ter dito aqui, que gosto muito das canções populares francesas dos anos 30, 40 e 50 do passado século. Assim como das vozes que as interpretaram de maneira magistral e sentida. Hoje, deixo, neste espaço, mais uma dessas melodias imortais, que continuam a extasiar-me. Intitula-se «Sur les Quais du Vieux Paris» e foi cantada, entre muitos outros (Jean Sablon e Juliette Greco, por exemplo), por Lucienne Delyle (1917-1962), uma das melhores intérpretes do seu tempo. Esta canção -que foi lançada no ano de 1939- tem letra de Louis Poterat e música de Ralph Erwin. Ouça-a e maravilhe-se.

SUR LES QUAIS DU VIEUX PARIS

Quand doucement tu te penches
En murmurant : "C'est dimanche,
Si nous allions en banlieue faire un tour
Sous le ciel bleu des beaux jours ? "
Mille projets nous attirent,
Mais, dans un même sourire,
Nous refaisons le trajet simple et doux
De nos premiers rendez-vous...

Refrain

Sur les quais du vieux Paris,
Le long de la Seine
Le bonheur sourit,
Sur les quais du vieux Paris,
L'amour se promène
En cherchant un nid.
Vieux bouquiniste,
Belle fleuriste
Comme on vous aime,
Vivant poème !
Sur les quais du vieux Paris,
De l'amour bohème
C'est le paradis...

Tous les vieux ponts nous connaissent,
Témoins des folles promesses,
Qu'au fil de l'eau leur écho va conter
Aux gais moineaux effrontés...
Et, dans tes bras qui m'enchaînent,
En écoutant les sirènes,
Je laisse battre, éperdu de bonheur,
Mon cœur auprès de ton cœur...

Refrain
...

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https://www.youtube.com/watch?v=OVl7jIQ9fwQ

 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

AÍ ESTÁ A TAÇA DO MUNDO DE FUTEBOL !

Hoje é o Dia D do futebol mundial, já que estão previstos -na cidade de São Paulo- a cerimónia de abertura da Taça do Mundo e o jogo inaugural dessa competição entre selecções nacionais; jogo que vai colocar, frente a frente, as formações do Brasil e da Croácia. Cá estarei para ver alguns desses 'matchs', pois não desdenho um bom espectáculo de futebol, e até para me empolgar com as 'performances' dos atletas em liça. Em contrapartida, estou-me borrifando para o falatório das legiões de comentadores, que, desde há semanas, monopolizam tudo o que é canal de televisão, para chatear com previsões parvas e com análises tão imbecis, quanto risíveis. Daquelas a puxar para o choradinho nacionalista, como se o patriotismo tivesse algo a ver com estas coisas do pontapé no esférico. Enfim, todo este frenesi à volta dos jogos da Taça do Mundo me horripila e me convence de que se está a usar aquela velhinha e estafada fórmula 'do pão e dos jogos' inventada na Roma imperial para distrair o pagode dos problemas reais da vida. Não, eu cá não desfraldarei bandeiras verde-rubras, não usarei o cachecol 'apropriado', nem darei vivas ao «melhor jogador do mundo». Porque, confesso, tenho neste momento outras preocupações. Que têm a ver (vejam lá !) com os problemas que afligem o meu país e que empobrecem o povo a que pertenço. Se a selecção da Federação Portuguesa de Futebol ganhar algum troféu na Taça do Mundo, tanto melhor; se não, isso não me tirará 1 minuto de sono. Até porque os jogadores continuarão (e ainda bem para eles) a ganhar milhões e nós, os portugueses ordinários, continuaremos -depois da festa acabada- a correr atrás dos parcos tostões da sobrevivência...

quarta-feira, 11 de junho de 2014

D. SEBASTIÃO, O DESEJADO ?!!!

Confesso nunca ter entendido a popularidade de que, ainda hoje, goza el-rei D. Sebastião. Aquele monarca da segunda metade do século XVI, que, por ser irresponsável e por ter a mania das grandezas, afundou este país; e que, após o vexame de Alcácer Quibir, 'entregou' o reino, numa bandeja de ouro e de sangue, a Filipe II de Espanha. Não ! Definitivamente não gosto deste rapazola, que nunca escutou os avisados conselhos dos sábios e arrastou a fina flor da fidalguia portuguesa (assim como o grosso das suas hostes, que eram constituídas por gente do povo) para os areais de Marrocos, onde morreram ingloriamente. E estupidadamente, por terem seguido cegamente o detentor do poder absoluto, que era (nesse tempo) o apanágio dos reis. Natural de Lisboa, onde nasceu a 20 de Janeiro de 1554, D. Sebastião era filho do malogrado príncipe D. João (herdeiro do rei Piedoso) e de D. Joana de Áustria, filha de Carlos V. D. Sebastião nunca conheceu o seu progenitor (falecido 18 dias antes do seu nascimento), nem, tampouco, sua mãe; que, por ordens do imperador seu pai, regressou a Espanha (ainda nesse ano de 1554) para nunca mais ver o filho. D. Sebastião era (ao que escreveram os cronistas) um jovem de saúde periclitante e impregnado de doentias paixões guerreiro-religiosas. Viveu a sua curta vida atormentado pelo sonho anacrónico de conquistar as terras do Islão, inclusivamente a Palestina, onde vivera e morrera Nosso Senhor Jesus Cristo. E, para combater os 'infiéis', desbaratou dinheiro (muito dele emprestado), arruinando os cofres  da nação. Chegado a Marrocos, confrontou o seu exército (mal preparado e mal equipado) com uma força que lhe era muito superior em número e que o derrotou, sem remissão, numa batalha cruel, travada no dia 4 de Agosto de 1578. A sua morte no campo de batalha e o desaparecimento de toda uma elite que o seguiu no seu trágico destino, arruinou Portugal durante muitas décadas. Sim, o jovem rei D. Sebastião foi -apesar da sua linhagem e da educação que recebeu- um incapaz; que sobrepôs uma quimera pessoal ao interesse da nação e do povo que ele tinha a obrigação moral de bem governar e de defender. Quanto a mim, D. Sebastião foi um dos piores monarcas (senão o pior) de toda a História de Portugal. Um tresloucado, que não merecia ter cingido a coroa do reino fundado, a golpes de montante, por D. Afonso Henriques, que foi, esse, um autêntico soberano; que, talvez, este pobre e extemporâneo cruzado tenha querido eclipsar nos seus feitos... O retrato que ilustra este texto é o mais conhecido de D. Sebastião. Foi pintado por Cristóvão de Morais (um artista que viveu 20 anos na corte portuguesa) por volta de 1571. Este retrato do rei, representado «com uma expressão fria e desafiante, condizente com a sua personalidade» constitui, segundo Vítor Serrão, «um dos marcos mais transcendentes da nossa cultura maneirista». Esta obra pictórica pertence ao espólio do Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

«O BEBERRÃO», DE EUGÈNE LAERMANS

Este quadro a óleo é da autoria do pintor belga Eugène Laermans (1864-1940), que o terá pintado em 1898. Intitula-se «L'Ivrogne» ('O Beberrão') e é propriedade do Museu Real das Belas Artes (Bruxelas), instituição onde está exposto à admiração dos visitantes. Atingido pela meningite aos 11 anos de idade (doença que o deixou surdo e quase mudo), Eugène Laermans não viu nisso um impedimento para estudar Belas Artes e para se tornar um pintor prestigioso e admirado. Admirado, inclusivamente pelo rei Alberto I, que lhe ofereceu o título nobiliárquico de barão. Este artista, que chegou a ser uma das figuras mais proeminentes da cultura europeia do seu tempo, pintou preferencialmente -num estilo muito próprio- cenas da vida dura dos proletários. Mas, infelizmente e como muitos outros génios, este pintor morreu esquecido. Um pouco, talvez, porque -na Bélgica, como no resto do mundo- as pessoas viviam sob a ameaça de uma guerra que ameaçava estender-se ao resto do planeta...

sexta-feira, 6 de junho de 2014

MIRAGEM

Sim, só pode ser uma miragem... De coisas que existiram antes da maldita crise se ter abatido sobre nós e que, hoje, só são acessíveis às pessoas da Função Pública, que tenham um tacho de Secretário de Estado ou similar. Ou então de deputado... E depois, esses paxás, que nunca viveram tão bem na vida e que usam e abusam dos privilégios que têm, admiram-se da malta ir para a praia na hora de votar. O que faz com que todos percamos. Eu cá ainda vivo na esperança de voltar a meter o dente neste petisco; porque estou convencido de que hei de (um dia) ganhar o Euromilhões. Apesar de já alguém me ter dito que, para ganhar, é necessário jogar. O que eu raramente faço...

ASSIM VAI O MUNDO...

A vizinha Espanha prepara-se para enfrentar nova crise, depois do rei Juan Carlos ter anunciado publicamente a sua vontade de abdicar a favor do filho Felipe. Tal notícia teve o condão de acordar os inúmeros movimentos republicanos do país vizinho, que exigem um referendo sobre o futuro regime que deve vigorar no país. Essa má vontade de milhões de cidadãos espanhóis contra a monarquia tem, naturalmente, a sua génese na guerra civil (1936-1936), ganha por um general monárquico, que -depois de ter ele próprio 'reinado' com mão de ferro, ofereceu de mão beijada a coroa de Espanha a um príncipe da família dos Bourbons. Príncipe que até teve um papel vital na instauração da democracia no seu país (o que não é coisa de somenos importância), mas que caiu muito no conceito do seu povo, após os escândalos (alguns protagonizados por Sua Majestade, mas também pela sua descendência) que são do conhecimento de todos. Se juntarmos a isto o reacender dos nacionalismos catalão e basco, é inevitável imaginar o óbvio : que estamos perante uma situação das mais conflituosas. Enquanto vizinho, amigo e admirador de Espanha, faço votos, para bem dos povos peninsulares, mas não só, que essa grande nação saiba superar todos os seus problemas (também exacerbados pela crise financeira e económica) em paz ! Enquanto prosseguem os afrontamentos entre o exército da Ucrânia e os dissidentes das regiões orientais desse país, manifestamente pró-russos (o que não lhes dá o direito de fazerem o que querem), o senhor presidente Barak Obama desembarca na Polónia, para prometer ajuda ao governo de Kiev. Não ajuda diplomática, como genuinamente seria de esperar, mas ajuda militar. Prometeu também ele, ao país visitado, reforçar o contingente de aviões F-16 que apoia a sua força aérea. Para que a Polónia possa, certamente, 'resistir' a um ataque-surpresa perpetrado por Putin... Enfim, Obama prossegue (quem tal diria ?) a política dos seus predecessores do tempo da Guerra Fria. Política que consiste, no essencial, em apertar o cerco à Rússia; que, comunista ou não, continua a ser o inimigo de estimação dos E.U.A.. Este senhor choca-me com as suas palavras e actos. A mim, que, nas eleições que haveriam de levar à Casa Branca o primeiro afro-americano, 'torci' empenhadamente por ele, confiado em promessas que ele não soube ou não quis cumprir. Pois ficou por resolver (apesar dos seus dois mandatos) tudo aquilo que o mundo esperava dele : melhorar a vida dos norte-americanos, que vivem com mais dificuldades do que se pode imaginar; estimular o bom relacionamento entre o seu pais e os seus vizinhos; e, finalmente, resolver pela via pacífica (e não com o recurso à política dos porta-aviões), problemas que se podem sanar, no lugar próprio, pela discussão. Senhor Presidente, o que todos nós queremos realmente (cidadãos da Terra) é bem-estar e concórdia. Nada mais ! Recebida no palácio de Belém pelo presidente da República, a selecção nacional de futebol (de partida para as Américas) recebeu um insólito pedido do primeiro magistrado da nação : «Deem alegria aos Portugueses !». Insólito, digo eu, porque depois das políticas do (des)governo -consentidas pelo professor Cavaco- que têm atirado o nosso povo para a miséria extrema, não são duas (ou mesmo três) vitórias na fase final da Taça do Mundo que lhe vão devolver o bem-estar e a dignidade. O nosso país e o nosso povo foram sugados até à medula pela infernal máquina do Estado e não sairão da pobreza franciscana em que se encontram tão cedo. Nem com injecções diárias de bola.

HOJE COMEMORA-SE O 70º ANIVERSÁRIO DO DIA D

O mundo comemora, hoje, o 70º aniversário do desembarque aliado na Normandia. E recorda, emocionado, os quase 5 000 combatentes norte-americanos, britânicos, canadianos, franceses, polacos, belgas, noruegueses e de outras nacionalidades, que no dia 6 de Junho de 1944 perderam as suas vidas nas praias do norte de França, ceifadas pela metralha das hordas hitlerianas. Este dia grande da História da Europa, que representou o princípio do fim de muitos anos de ocupação de terra alheia e de crimes, cometidos por imbecis manipulados por um louco, está a ser comemorado no próprio lugar dos acontecimentos, na presença de chefes de Estado e de muita gente sensível ao que a libertação dos povos pode representar. Ainda hoje ! Eu, que conheço todas as históricas praias do desembarque -desde Sword Beach até Utah Beach- associo-me intimamente aos festejos, enquanto cidadão livre e sensível àquele que eu considero um dos maiores feitos de armas de todos os tempos. Que contribuiu, significativamente, para a vitória das democracias sobre o fascismo.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O FADO NA... ARGENTINA

O fado, que agora já é Património Imaterial da Humanidade -por obra e graça da Unesco, mas também pelo abnegado interesse e esforço dos seus cultores- está em estado de graça na pátria do tango e da milonga. Soube, por notícia que me chegou esta semana, que, em consequência do sucesso obtido pela primeira edição do Festival de Fado de Buenos Aires, foi estabelecido, na Argentina, um Dia Nacional do Fado; que será celebrado a 6 de Outubro, que é a data do falecimento de Amália Rodrigues. Eu, como português e apreciador de fado, congratulo-me com o reconhecimento dado pelos Argentinos a esta canção urbana portuguesa, feita de nostalgia e de sentimento. Obrigado amigos !